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edição de 22 de maio de 2017

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“no íntimo do meu<br />

coração, acho<br />

que um anúncio<br />

é premiado<br />

quando aponta<br />

novas metas<br />

<strong>de</strong> julgamento<br />

estético para<br />

o público”<br />

NBC, em Nova York.<br />

De volta ao Brasil, fundou,<br />

em 1962, um estúdio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign,<br />

o Metro 3, com Francesc Petit e<br />

Ronaldo Persichetti. Seis anos<br />

<strong>de</strong>pois, no complicado ano <strong>de</strong><br />

1968, em plena ditadura militar,<br />

nasceu a DPZ, que veio a se<br />

tornar uma gigante no mundo<br />

da propaganda.<br />

Duailibi conta que conheceu<br />

Zara quando era redator<br />

da JWT e foi apresentado a ele<br />

por sua mulher, Silvia Duailibi.<br />

“Zaragoza ficou muito impressionado<br />

comigo, quando<br />

me viu dar uma risada muito<br />

aberta. A partir daí ficamos<br />

amigos, inclusive trabalhamos<br />

na Thompson juntos. Ele era o<br />

único diretor <strong>de</strong> arte, na época<br />

layoutman, que enfrentava os<br />

contatos. Alguns chegavam a<br />

ter medo <strong>de</strong>le”, relembra.<br />

Duailibi se tornou uma espécie<br />

<strong>de</strong> redator freelancer na<br />

Metro 3, e pediu <strong>de</strong>missão <strong>de</strong><br />

um emprego muito bem remunerado<br />

na época, a gerência da<br />

Standard, para se associar a Zaragoza<br />

e Petit em 1968, na DPZ.<br />

“Naquela época, em 1968,<br />

o país vivia uma moratória<br />

virtual. Ninguém pagava ninguém.<br />

Os clientes não pagavam<br />

as agências, os veículos<br />

ameaçavam colocar no protesto<br />

as faturas. Não era o que eu<br />

queria da vida. Decidi voltar à<br />

redação, àquilo que eu gosto<br />

<strong>de</strong> fazer, que é criação. Decidi<br />

correr o risco, com o Petit e o<br />

Zaragoza. Vim ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

falei com o Guilherme Vasconcelos<br />

e o Cícero Leuereuth,<br />

e, ao voltar para São Paulo,<br />

tive uma intuição. Ao avistar<br />

do avião a Avenida Paulista, vi<br />

todos aqueles prédios e pensei<br />

comigo: em cada janelinha<br />

<strong>de</strong>ssas tem alguém que precisa<br />

do que sei fazer. Não po<strong>de</strong> dar<br />

errado. De lá pra cá, é história”,<br />

conta Duailibi.<br />

Zaragoza foi o primeiro presi<strong>de</strong>nte<br />

e um dos fundadores<br />

do Clube <strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São<br />

Paulo. O publicitário lançou<br />

vários livros, expôs pelo mundo<br />

e tinha o futebol e os esportes<br />

como temas favoritos. Em<br />

1999, dirigiu o filme Até que a<br />

vida nos separe, que tem São<br />

Paulo como pano <strong>de</strong> fundo<br />

para a vida <strong>de</strong> cinco amigos,<br />

personagens que foram vividos<br />

pelos atores Júlia Lemmertz,<br />

Norton Nascimento,<br />

Marco Ricca, Betty Goffman e<br />

Alexandre Borges.<br />

Petit, Duailibi e Zaragoza, que <strong>de</strong>ram origem à DPZ, em 1968, uma das agências mais criativas do país<br />

vulcão<br />

Neil Ferreira, seu parceiro<br />

por cerca <strong>de</strong> 20 anos, disse<br />

que trabalhar com ele era estar<br />

o tempo todo “<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

vulcão que explodia lavas <strong>de</strong><br />

criação, <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, artes<br />

plásticas e cinema”.<br />

Em seu livro Zaragoza e Amigos<br />

– I<strong>de</strong>ias Premiadas, lançado<br />

em 2014, ele reuniu as campanhas<br />

premiadas em sua longa<br />

carreira, como o filme Menino<br />

Sorrindo, para Seagram; o<br />

épico Morte do Orelhão, para<br />

Telesp; a campanha com o baixinho<br />

da Kaiser; e a que transformou<br />

o leão em símbolo do<br />

Imposto <strong>de</strong> Renda, para a Receita<br />

Fe<strong>de</strong>ral. Há ainda inúmeros<br />

trabalhos memoráveis para<br />

marcas como Artex, Hering,<br />

Charm, Hollywood, J&J, Fotoptica<br />

e Rhodia.<br />

Zaragoza vibrava com a boa<br />

propaganda e vibrou com cada<br />

campanha que criou ou ajudou<br />

a criar. Para ele, anúncios<br />

premiados são aqueles que<br />

quebram a or<strong>de</strong>m estabelecida<br />

sobre o que é um bom anúncio<br />

e cria novos padrões <strong>de</strong> julgamento<br />

para o produtos <strong>de</strong> uma<br />

categoria.<br />

Nas palavras <strong>de</strong>le: “No íntimo<br />

do meu coração, acho<br />

que um anúncio é premiado<br />

quando aponta novas metas<br />

<strong>de</strong> julgamento estético para o<br />

público, quando cria um afeto<br />

para a marca, quando predispõe<br />

o público para a compra,<br />

incutindo nele a alegria pela<br />

aquisição – quase uma vitória.<br />

E aprendi que isso só se consegue<br />

através da estética, <strong>de</strong><br />

um tratamento artístico para a<br />

mensagem, que se incorpore à<br />

inteligência do público e o enriqueça<br />

culturalmente”. Esse<br />

era o seu jeito <strong>de</strong> enxergar a<br />

propaganda, <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

por que sua contribuição foi<br />

tão importante para “subir o<br />

sarrafo”, como se diz, da propaganda<br />

brasileira. <br />

jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 135

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