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“no íntimo do meu<br />
coração, acho<br />
que um anúncio<br />
é premiado<br />
quando aponta<br />
novas metas<br />
<strong>de</strong> julgamento<br />
estético para<br />
o público”<br />
NBC, em Nova York.<br />
De volta ao Brasil, fundou,<br />
em 1962, um estúdio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign,<br />
o Metro 3, com Francesc Petit e<br />
Ronaldo Persichetti. Seis anos<br />
<strong>de</strong>pois, no complicado ano <strong>de</strong><br />
1968, em plena ditadura militar,<br />
nasceu a DPZ, que veio a se<br />
tornar uma gigante no mundo<br />
da propaganda.<br />
Duailibi conta que conheceu<br />
Zara quando era redator<br />
da JWT e foi apresentado a ele<br />
por sua mulher, Silvia Duailibi.<br />
“Zaragoza ficou muito impressionado<br />
comigo, quando<br />
me viu dar uma risada muito<br />
aberta. A partir daí ficamos<br />
amigos, inclusive trabalhamos<br />
na Thompson juntos. Ele era o<br />
único diretor <strong>de</strong> arte, na época<br />
layoutman, que enfrentava os<br />
contatos. Alguns chegavam a<br />
ter medo <strong>de</strong>le”, relembra.<br />
Duailibi se tornou uma espécie<br />
<strong>de</strong> redator freelancer na<br />
Metro 3, e pediu <strong>de</strong>missão <strong>de</strong><br />
um emprego muito bem remunerado<br />
na época, a gerência da<br />
Standard, para se associar a Zaragoza<br />
e Petit em 1968, na DPZ.<br />
“Naquela época, em 1968,<br />
o país vivia uma moratória<br />
virtual. Ninguém pagava ninguém.<br />
Os clientes não pagavam<br />
as agências, os veículos<br />
ameaçavam colocar no protesto<br />
as faturas. Não era o que eu<br />
queria da vida. Decidi voltar à<br />
redação, àquilo que eu gosto<br />
<strong>de</strong> fazer, que é criação. Decidi<br />
correr o risco, com o Petit e o<br />
Zaragoza. Vim ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
falei com o Guilherme Vasconcelos<br />
e o Cícero Leuereuth,<br />
e, ao voltar para São Paulo,<br />
tive uma intuição. Ao avistar<br />
do avião a Avenida Paulista, vi<br />
todos aqueles prédios e pensei<br />
comigo: em cada janelinha<br />
<strong>de</strong>ssas tem alguém que precisa<br />
do que sei fazer. Não po<strong>de</strong> dar<br />
errado. De lá pra cá, é história”,<br />
conta Duailibi.<br />
Zaragoza foi o primeiro presi<strong>de</strong>nte<br />
e um dos fundadores<br />
do Clube <strong>de</strong> Criação <strong>de</strong> São<br />
Paulo. O publicitário lançou<br />
vários livros, expôs pelo mundo<br />
e tinha o futebol e os esportes<br />
como temas favoritos. Em<br />
1999, dirigiu o filme Até que a<br />
vida nos separe, que tem São<br />
Paulo como pano <strong>de</strong> fundo<br />
para a vida <strong>de</strong> cinco amigos,<br />
personagens que foram vividos<br />
pelos atores Júlia Lemmertz,<br />
Norton Nascimento,<br />
Marco Ricca, Betty Goffman e<br />
Alexandre Borges.<br />
Petit, Duailibi e Zaragoza, que <strong>de</strong>ram origem à DPZ, em 1968, uma das agências mais criativas do país<br />
vulcão<br />
Neil Ferreira, seu parceiro<br />
por cerca <strong>de</strong> 20 anos, disse<br />
que trabalhar com ele era estar<br />
o tempo todo “<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />
vulcão que explodia lavas <strong>de</strong><br />
criação, <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, artes<br />
plásticas e cinema”.<br />
Em seu livro Zaragoza e Amigos<br />
– I<strong>de</strong>ias Premiadas, lançado<br />
em 2014, ele reuniu as campanhas<br />
premiadas em sua longa<br />
carreira, como o filme Menino<br />
Sorrindo, para Seagram; o<br />
épico Morte do Orelhão, para<br />
Telesp; a campanha com o baixinho<br />
da Kaiser; e a que transformou<br />
o leão em símbolo do<br />
Imposto <strong>de</strong> Renda, para a Receita<br />
Fe<strong>de</strong>ral. Há ainda inúmeros<br />
trabalhos memoráveis para<br />
marcas como Artex, Hering,<br />
Charm, Hollywood, J&J, Fotoptica<br />
e Rhodia.<br />
Zaragoza vibrava com a boa<br />
propaganda e vibrou com cada<br />
campanha que criou ou ajudou<br />
a criar. Para ele, anúncios<br />
premiados são aqueles que<br />
quebram a or<strong>de</strong>m estabelecida<br />
sobre o que é um bom anúncio<br />
e cria novos padrões <strong>de</strong> julgamento<br />
para o produtos <strong>de</strong> uma<br />
categoria.<br />
Nas palavras <strong>de</strong>le: “No íntimo<br />
do meu coração, acho<br />
que um anúncio é premiado<br />
quando aponta novas metas<br />
<strong>de</strong> julgamento estético para o<br />
público, quando cria um afeto<br />
para a marca, quando predispõe<br />
o público para a compra,<br />
incutindo nele a alegria pela<br />
aquisição – quase uma vitória.<br />
E aprendi que isso só se consegue<br />
através da estética, <strong>de</strong><br />
um tratamento artístico para a<br />
mensagem, que se incorpore à<br />
inteligência do público e o enriqueça<br />
culturalmente”. Esse<br />
era o seu jeito <strong>de</strong> enxergar a<br />
propaganda, <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />
por que sua contribuição foi<br />
tão importante para “subir o<br />
sarrafo”, como se diz, da propaganda<br />
brasileira. <br />
jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 135