Velozes / R7 canada

O ano de 1979 foi aquele que, em dois atos,
sedimentou a fama e a idolatria de Villeneuve entre os
ferraristas e os amantes da velocidade em geral.
O primeiro foi no Grande Prêmio da França, onde
estrearam as Renault RS20, a segunda geração dos
carros turbo iniciada em 1977. Nesse dia, após a
paralisação da corrida e seu recomeço, Gilles travou
uma batalha épica com René Arnoux, da Renault. No
intervalo, a Renault deu pressão total aos turbos, e
Arnoux se aproveitou disso para vir de trás e
questionar o segundo lugar de Villeneuve. A três voltas
do fim, René passou Gilles e os dois trocaram de
posição a cada curva, batendo rodas e se empurrando
pelo circuito de Dijon até Villeneuve passar em
definitivo o francês na penúltima curva da última volta
O segundo ato foi em Zandvoort, na Holanda, quando
o pneu traseiro esquerdo explodiu logo depois dos
boxes. Gilles controla o carro e segue em frente em
duas rodas apenas, já que a dianteira oposta está
suspensa no ar. Completa a volta numa nuvem de
faíscas, o competidor que nunca desiste da luta, e
briga para os mecãnicos montarem um novo pneu,
mas a suspensão está danificada.
Apesar do título, a segunda metade de 1979 viu surgir
duas novas forças na Fórmula 1, a equipe Williams,
com seu carro-asa FW07, que vencerá cinco das sete
últimas corridas do ano e continuará vencendo em
1980, e a nova Renault RE20 bi-turbo. Enquanto isso,
as Ferraris sofrem com duplos abandonos a cada
corrida de 1980, e o carro está ficando para trás.
Tudo isso desmotiva ainda mais o campeão Jody
Scheckter, que anuncia sua aposentadoria das pistas
no GP de Monza. Voltar a ser o primeiro piloto da
Ferrari a esta altura não significa nada para Vileneuve,
pois o carro não tem a menor chance contra os super
aderentes carros-asa e os super potentes turbos.
Para 1981, a Scuderia Ferrari apresenta uma revolução
na forma de carro: o modelo 126CK, com motor turbo
e chassis monocoque tipo carro-asa – a 312-T ainda
usava o ultrapassado chassis de treliça de tubos, 18
anos depois de Colin Chapman ter inventado os
monocoques e revolucionado a F-1 com seu Lotus 25...
Potente o bichão é, mas impossível de fazer curvas!
Villeneuve e seu novo companheiro, Didier Pironi,
sofrem para classificar o carro no grid, e depois sofrem
para levá-lo ao fim das corridas.
Ambos os carros abandonam as três primeiras carreras
do ano, mas aos poucos o time vai aprendendo todas
as manhas de um carro-asa com chassis monocoque e
motor turbo. Um quinto de Pironi em San Marino e um
quarto lugar de Villeneuve na Bélgica preparam o
caminho para duas vitórias de Gilles nas duas pistas
menos velozes do ano, Mônaco e Espanha.
Em Mônaco, Gilles larga em segundo no grid, mas é
superado também por Alan Jones. Vencerá depois de
Piquet bater no meio da disputa e de Jones parar com
a bomba de gasolina partida.
Sétimo no grid em Jarama, Gilles pulou para terceiro
no final da primeira volta, passou Reutemann na
segunda e saiu à caça de Jones, até que o australiano
escorregou para fora da pista e se atrasou. Difícil de
segurar nas curvas, apenas o motor potente permitiu
que Gilles chegasse na frente na última corrida de F-1
em Jarama, com os cinco primeiros cruzando com uma
diferença de menos de 1,5 segundo!