A radioterapia
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A <strong>radioterapia</strong><br />
Brochura para doentes<br />
www.cancer.lu
Edição<br />
Fondation Cancer<br />
209, route d’Arlon<br />
L-1150 Luxembourg<br />
RCS Luxembourg G 25<br />
T 45 30 331<br />
E fondation@cancer.lu<br />
www.cancer.lu<br />
Fonte<br />
Radiothérapie : Guide pratique.<br />
« Société canadienne du cancer »<br />
Obrigado<br />
Agradecemos à Société canadienne du cancer pelo<br />
manuscrito da brochura « Radiothérapie ». Ela constitui a<br />
base da presente brochura.<br />
Agradecemos ao Dr. Michel Untereiner e ao Dr. Bérangère<br />
Frederick do Centre François Baclesse bem como ao<br />
Dr. Christian Picard e ao Dr. Patrick Paulus da Société<br />
Luxembourgeoise de Médecine Nucléaire pela releitura.<br />
Agradecemos ao Centre François Baclesse (Centre<br />
National de Radiothérapie) pelas fotografias incluídas na<br />
presente brochura. Nós agradecemos nossos voluntários<br />
Senhora Maria Manuela Cruz para a tradução e Senhor<br />
Américo Barros para a revisão desta brochura.<br />
Fotografias: Photocase: flo-flash | Shutterstock :<br />
Phovoir, Ariwasabi, @erics, pikselstock, Kaesler Media,<br />
Masson, pixelheadphoto, Riccardo Piccinini, Aaron<br />
Amat, dotshock, Centre François Baclesse<br />
Edição 2017
Prefácio<br />
Cara leitora, caro leitor,<br />
A presente brochura foi escrita para pessoas a quem foi diagnosticado um cancro e que se<br />
preparam para dar início a uma <strong>radioterapia</strong>. Sirva-se dela como um guia para a/o ajudar<br />
a:<br />
• preparar-se para o tratamento;<br />
• enfrentar a <strong>radioterapia</strong> e os seus efeitos secundários;<br />
• voltar à vida «normal» no fim do tratamento.<br />
Para algumas pessoas a informação apresentada aqui é suficiente. Para outras, ela servirá<br />
sobretudo como ponto de partida. De uma forma ou de outra, ela ser-lhe-á útil para a/o<br />
ajudar a preparar as etapas seguintes. Pode ler a brochura do princípio ao fim, ou pode<br />
consultar apenas as secções que lhe interessam.<br />
Estas informações podem eventualmente completar o diálogo com o seu médico e com a<br />
equipa clínica do Centro de Radioterapia em que será tratada/o. A comunicação com os<br />
profissionais de saúde que a/o acompanham é obviamente essencial.<br />
Não receie colocar todas as questões que lhe pareçam importantes. Quanto mais souber<br />
sobre a sua doença, o tratamento e o desenrolar do mesmo, mais confiante se sentirá.<br />
Não hesite em exprimir as suas inquietudes, os seus medos e as suas dúvidas. Na<br />
Fondation Cancer encontrará não apenas um ouvido atento, mas também a ajuda e o<br />
apoio prático de que necessita.<br />
A equipa da Fondation Cancer
Índice<br />
Colaborar com a equipa clínica 6<br />
Aprender a conhecer os membros da equipa clínica 6<br />
Comunicar com a equipa clínica 8<br />
Tratamento do cancro através de <strong>radioterapia</strong> 10<br />
Tipos de <strong>radioterapia</strong> 10<br />
• Radiação externa<br />
• Radiação interna<br />
• Radiação sistémica<br />
As grandes etapas do tratamento 16<br />
Gerir os efeitos secundários 21<br />
Alterações do apetite 22<br />
Depressão 22<br />
Cansaço 23<br />
Queda de cabelos ou de pêlos 24<br />
Náuseas e vómitos 25<br />
Problemas de cariz sexual 25<br />
Alterações cutâneas 26<br />
Alterações do sono 27<br />
Gerir os efeitos secundários de acordo com<br />
o órgão objeto de radiação 29<br />
Radioterapia do cérebro 29<br />
• Alterações da forma de pensar ou de agir<br />
• Dores de ouvidos e problemas de audição<br />
• Edema do cérebro
Radioterapia da cabeça ou do pescoço 31<br />
• Apetite e alterações da alimentação<br />
• Alterações nos dentes ou nas gengivas<br />
• Boca seca<br />
• Dores de ouvidos e problemas de audição<br />
• Úlceras da boca e da garganta<br />
• Alterações na voz<br />
Radioterapia do tórax 34<br />
• Alterações nos seios<br />
• Problemas cardíacos<br />
• Problemas pulmonares<br />
Radioterapia do abdómen 35<br />
• Problemas digestivos<br />
Radioterapia da bacia 36<br />
• Problemas de bexiga<br />
• Problemas intestinais<br />
• Disfuncionamento eréctil<br />
• Fertilidade<br />
• Sintomas de menopausa<br />
• Atrofia da vagina<br />
A vida quotidiana durante o tratamento 40<br />
Saber organizar-se 40<br />
Aprender a gerir o stress 41<br />
Atividades profissionais e situação financeira 42<br />
Depois do tratamento 43<br />
Cuidados de acompanhamento 43<br />
Efeitos secundários tardios e a longo prazo 44<br />
Retomar a vida normal 44
Colaborar com<br />
a equipa clínica<br />
Quando uma pessoa tem cancro pode por vezes sentir-se muito<br />
só. Mas a verdade é que está longe de estar só. Tem consigo<br />
uma equipa determinada a lutar contra o cancro. Essa<br />
equipa vai ajudá-lo, a si e aos que o rodeiam, a enfrentar os<br />
efeitos físicos e emocionais do tratamento e a orientar-se no<br />
sistema de cuidados de saúde. Ao colaborar com a sua equipa<br />
clínica tem a garantia de receber os melhores cuidados possíveis.<br />
Aprender a conhecer<br />
os membros da equipa<br />
clínica<br />
Vários profissionais de diversas áreas da<br />
saúde trabalham em conjunto para lhe dar<br />
apoio durante e após o tratamento.<br />
Mas o membro mais importante desta<br />
equipa é você, e por isso deve ser informado<br />
e consultado em cada etapa do<br />
tratamento.<br />
No Luxemburgo, a <strong>radioterapia</strong> para os<br />
doentes com cancro faz-se no Centre<br />
National de Radiothérapie, também<br />
conhecido como Centre François Baclesse<br />
(CFB), em Esch/Alzette.<br />
O tratamento do cancro é o resultado de<br />
um trabalho de equipa, em que intervêm<br />
várias pessoas. De facto, quando chega<br />
ao Centre François Baclesse, já foi observado<br />
por outros médicos (Clínicos gerais,<br />
Cirurgiões, Especialistas de diversos órgãos,<br />
Oncologistas). Os seus médicos discutiram<br />
e resolveram pedir a opinião de um outro<br />
especialista: o oncologista radioterapeuta.<br />
O médico oncologista radioterapeuta a<br />
quem o enviaram é um médico especialista<br />
em oncologia radioterapêutica, isto é, um<br />
oncologista que utiliza radiação para tratar<br />
a sua doença. Ele é o seu médico de referência<br />
durante o tratamento. É ele que lhe<br />
vai indicar o tratamento a seguir, que lhe<br />
vai explicar as suas modalidades, acompanhá-lo<br />
durante a <strong>radioterapia</strong> e participar<br />
na vigilância posterior com os outros<br />
médicos. O oncologista radioterapeuta<br />
terá previamente discutido o seu caso com<br />
os seus diferentes médicos. A terapia que
Colaborar com a equipa clínica 6 7<br />
lhe propõe é por isso o resultado de uma<br />
concertação e de uma colaboração entre<br />
diferentes disciplinas médicas.<br />
O médico está ao seu dispor para lhe<br />
fornecer todas as informações sobre a sua<br />
doença.<br />
O oncologista radioterapeuta está rodeado<br />
de colaboradores que terá oportunidade<br />
de encontrar ao longo do seu tratamento.<br />
A secretária médica acolhe-o todos os<br />
dias na receção, situada à entrada do<br />
Centre François Baclesse, e regista informaticamente<br />
a sua chegada. Ela pode<br />
responder às questões administrativas e<br />
transmitir-lhe todas as informações úteis<br />
que lhe digam respeito.<br />
O assistente técnico de saúde em <strong>radioterapia</strong><br />
(ATM-RX) encarrega-se de si para<br />
a preparação do tratamento (simulação),<br />
para o scanner e para a realização das sessões<br />
diárias de radiação. Ele conhece o seu<br />
caso e as modalidades práticas e técnicas<br />
do seu tratamento. Está atento aos seus<br />
problemas específicos, e pode assinalar<br />
ao seu médico quaisquer dificuldades<br />
encontradas.<br />
O físico especialista em radiações é um<br />
físico especialista em radiações utilizadas<br />
em medicina. Ele calcula a dose adequada<br />
aos tecidos segundo os planos de tratamento.<br />
A escolha das condições ótimas de<br />
radiação será determinada pelo físico e<br />
pelo oncologista radioterapeuta.<br />
O enfermeiro assegura a prestação de<br />
cuidados: pensos, perfusões, colheita de<br />
sangue, injeções, cuidados localizados. O<br />
enfermeiro administra os medicamentos<br />
citostáticos antes da radiação (quimioterapia<br />
concomitante). Ele está atento e<br />
responde às suas perguntas.<br />
O psicólogo assegura uma consulta regular<br />
no serviço e pode encontrar-se consigo<br />
se assim o desejar.
A nutricionista dá-lhe as explicações e os<br />
conselhos de nutrição práticos adequados<br />
à sua situação.<br />
Comunicar com<br />
a equipa clínica<br />
Os membros da sua equipa clínica são especialistas<br />
no tratamento do cancro. Mas o<br />
perito no que a si diz respeito, é você. Ajude<br />
os membros da sua equipa a conhecê-<br />
-lo melhor a si, para lá do tipo de cancro de<br />
que sofre. Fale-lhes das suas necessidades.<br />
Acha que recebe demasiada informação,<br />
ou não tem informação suficiente? Partilhe<br />
com eles as suas emoções, e se alguma<br />
coisa no tratamento ou nos seus efeitos<br />
secundários o inquieta ou incomoda, não<br />
hesite em dizer-lho.<br />
Pode igualmente contar-lhes pormenores<br />
sobre a sua vida pessoal, por exemplo, se<br />
vive sozinho ou se tem filhos pequenos, ou<br />
ainda se acha difíceis as deslocações entre<br />
a casa e o hospital. Diga-lhes se tenciona<br />
continuar a trabalhar ou a estudar durante<br />
o tratamento, ou ainda se tem algo especial<br />
previsto, como um casamento, uma<br />
entrega de diplomas ou uma viagem.<br />
É graças a uma boa comunicação que a<br />
equipa que o rodeia poderá ocupar-se<br />
bem de si. Não hesite em falar de forma<br />
franca, aberta e direta com as pessoas que<br />
cuidam de si.<br />
Conselhos para as<br />
<br />
consultas médicas<br />
Muitas coisas se passam na sua vida<br />
neste momento. É normal que sinta por<br />
vezes dificuldade em acompanhar as<br />
mudanças e que se coloque mil e uma<br />
questões.<br />
• Tome nota das suas perguntas antes da<br />
próxima consulta para não as esquecer.<br />
Na altura devida, tome nota das<br />
respostas ou leve consigo um amigo ou<br />
um familiar que o faça por si.<br />
• Se não compreende a resposta que lhe<br />
dão, peça explicações até que tudo<br />
seja perfeitamente claro. Repita as<br />
explicações do médico usando as suas<br />
próprias palavras para que ambos se<br />
possam certificar que está tudo bem<br />
percebido.<br />
• Informe os membros da sua equipa<br />
clínica de todas as alterações (novo<br />
sintoma, efeitos secundários) ocorridas<br />
desde a sua última consulta.<br />
Se alguma prática cultural ou espiritual é<br />
importante para si, fale à equipa clínica.<br />
Se prefere comunicar noutra língua (ou<br />
utilizar a linguagem gestual), diga-o. A sua<br />
equipa fará o que for preciso para arranjar<br />
um intérprete.
Colaborar com a equipa clínica 8 9<br />
• Tome nota de todas as instruções que<br />
lhe derem para não se esquecer de<br />
nada. Antes de sair, certifique-se de que<br />
percebeu bem como e quando deverá<br />
tomar os medicamentos.<br />
• Verifique o dia e a hora da sua próxima<br />
consulta.<br />
Conselhos para depois<br />
<br />
das consultas<br />
• Recapitule a consulta para melhor fixar<br />
o que lhe foi dito. Reveja as suas notas<br />
com a pessoa que o acompanhou e discuta<br />
com ela o que foi dito pela equipa.<br />
• Conserve a informação e as instruções<br />
recebidas no mesmo lugar para as<br />
poder encontrar facilmente. Guarde-as<br />
num dossier ou numa pasta, ou utilize<br />
uma tablete eletrónica ou um computador<br />
portátil para as ter sempre à<br />
mão.<br />
• Se tiver alguma dúvida, se se esquecer<br />
de fazer alguma pergunta ou se tiver<br />
novas questões, anote-as para falar<br />
delas da próxima vez.<br />
Saiba a quem se dirigir<br />
Deve sempre saber a quem se pode<br />
dirigir se tiver questões urgentes que<br />
não possam esperar pela próxima<br />
consulta. Verifique que sabe o que<br />
fazer em caso de urgência ou de<br />
efeitos secundários imprevistos.<br />
Certifique-se de que sabe a quem<br />
pode telefonar de noite ou durante<br />
o fim-de-semana, e conserve esses<br />
números consigo a todo o momento.<br />
O seu médico de referência do CFB<br />
pode ser contactado através das<br />
secretárias da receção.<br />
É preciso tempo para criar laços com uma<br />
equipa clínica. Mesmo depois de várias<br />
consultas, pode acontecer que a comunicação<br />
seja menos fácil com certas pessoas.<br />
Ora, a comunicação pode fazer toda a<br />
diferença para o sucesso do tratamento.<br />
Se tem dificuldade em falar com algum<br />
membro da sua equipa clínica, diga-lho, ou<br />
fale do problema a uma outra pessoa da<br />
equipa. Se as relações não melhorarem e<br />
se você acha que isso afeta o tratamento,<br />
peça a substituição por outro profissional.
Tratamento do cancro<br />
através de <strong>radioterapia</strong><br />
Em certos casos utiliza-se a <strong>radioterapia</strong> de fraca dosagem para<br />
fazer exames radiológicos (raio X), o que permite obter imagens<br />
do interior do corpo. No caso do tratamento do cancro, utilizam-se<br />
radiações mais fortes, de forma repetida, para destruir<br />
as células cancerígenas. Como não têm tempo de se regenerar<br />
entre as sessões diárias de tratamento, as células cancerígenas<br />
desaparecem. Em contrapartida, as células normais têm a capacidade<br />
de se regenerar e renovar entre as sessões.<br />
Apesar de as células cancerígenas e de as<br />
células normais não reagirem da mesma<br />
maneira à radiação, é muito difícil destruir<br />
as células cancerígenas sem afetar ao<br />
mesmo tempo algumas células saudáveis.<br />
O objetivo da <strong>radioterapia</strong> é o de administrar<br />
uma dose de radiação suficiente<br />
para destruir as células cancerígenas sem<br />
que isso impeça as células normais de se<br />
restabelecer.<br />
O seu oncologista radioterapeuta irá estabelecer<br />
um plano de tratamento tendo em<br />
conta vários elementos:<br />
• o seu tipo de cancro;<br />
• a localização e tamanho do tumor;<br />
• o estádio e o grau do cancro;<br />
• os possíveis efeitos secundários;<br />
• o seu estado geral de saúde.<br />
Nalguns casos a <strong>radioterapia</strong> é o único<br />
tratamento possível para o seu cancro,<br />
noutros a <strong>radioterapia</strong> pode ser associada<br />
a outros tratamentos, como a cirurgia ou<br />
a quimioterapia. Pode recorrer-se à <strong>radioterapia</strong>,<br />
designadamente, nos seguintes<br />
casos:<br />
• para reduzir o tamanho do tumor antes<br />
de uma intervenção cirúrgica;<br />
• para atenuar os sintomas;<br />
• para melhorar a qualidade de vida no<br />
caso de cancros incuráveis.<br />
Tipos de <strong>radioterapia</strong><br />
Há três tipos diferentes de <strong>radioterapia</strong>: a<br />
radiação externa, a radiação interna e a<br />
radiação sistémica. O seu tratamento pode<br />
incluir vários tipos de <strong>radioterapia</strong>. A sua<br />
equipa de <strong>radioterapia</strong> escolherá a mais<br />
adaptada ao seu caso.
A <strong>radioterapia</strong> 10 11<br />
Radiação externa<br />
A radiação externa é um tipo corrente de<br />
<strong>radioterapia</strong>. Utilizam-se fortes doses de<br />
radiação para destruir as células cancerígenas<br />
e reduzir o tamanho do tumor. Durante<br />
o tratamento, um grande aparelho dirige<br />
os raios para o tumor e para uma parte dos<br />
tecidos que o envolvem.<br />
Planeamento<br />
Para estabelecer o melhor plano de<br />
tratamento, a equipa de radiologia irá<br />
recolher a informação necessária sobre<br />
o seu tumor. Os exames de imagens (por<br />
ressonância magnética ou TAC - tomografia<br />
computorizada, ou outros) irão<br />
ajudar a localizar com precisão o tumor e a<br />
determinar o seu tamanho. Em seguida, os<br />
membros da equipa informam-se sobre o<br />
seu estado geral de saúde, submetem-no a<br />
um exame físico e analisam os resultados<br />
dos testes efetuados. O seu oncologista<br />
terá em conta todas estas informações e<br />
procederá a uma simulação para determinar<br />
a dose de radiação de que precisa e<br />
definir o calendário do seu tratamento.<br />
• um scanner de simulação (simulador)<br />
fotografa primeiro o seu tumor;<br />
• a seguir a equipa clínica decide a melhor<br />
posição a adotar para o tratamento. Esta<br />
posição será adotada durante a simulação<br />
e os tratamentos. Deve, portanto,<br />
avisar a equipa caso a posição não seja<br />
confortável para que a posição possa ser<br />
adaptada e tornar-se mais cómoda;<br />
• é possível que sejam pintadas marcas<br />
com tinta ou mesmo feitas pequenas<br />
tatuagens do tamanho de uma sarda.<br />
Estas marcas irão permitir que a equipa<br />
se assegure que os raios atinjam sempre<br />
o mesmo sítio. Se verificar que a tinta<br />
começa a desbotar após as sessões, avise<br />
a equipa clínica;<br />
• a equipa decidirá também se é necessário<br />
utilizar um dispositivo que o ajude a manter-se<br />
quieto. Pode ser uma máscara para<br />
a cabeça, um apoio especial para manter<br />
o seu braço no lugar ou um molde do seu<br />
corpo. Pode também precisar de um ecrã<br />
ou de um bloco para proteger algumas<br />
partes do seu corpo. Este equipamento<br />
de proteção é em princípio fabricado por<br />
medida.<br />
A simulação é uma sessão de planeamento<br />
a realizar no hospital antes do seu<br />
primeiro tratamento. Tem por finalidade<br />
assegurar que a radiação será sempre<br />
dirigida ao mesmo sítio do seu corpo. Esta<br />
sessão é composta por várias etapas e poderá<br />
durar de quinze minutos a uma hora,<br />
e às vezes mais:
Tratamento<br />
A radiação externa é feita no hospital, mas<br />
não necessita de internamento. A duração<br />
de cada sessão varia normalmente entre<br />
15 e 30 minutos. Apesar de o tratamento<br />
durar só alguns minutos, a equipa clínica<br />
precisa de algum tempo para o instalar na<br />
boa posição e preparar o equipamento.<br />
Habitualmente o tratamento é feito uma<br />
vez por dia, cinco dias por semana (de<br />
segunda a sexta-feira), durante várias<br />
semanas.<br />
Os tratamentos suspendem-se ao fim-<br />
-de-semana para permitir que as células<br />
saudáveis se reconstituam.<br />
Durante o tratamento tem de vestir uma<br />
camisa do hospital, e, tendo em conta a<br />
parte do corpo a tratar, retirar todas as<br />
suas joias.<br />
De acordo com as indicações fornecidas<br />
pela simulação, os radioterapeutas<br />
instalam-no e regulam o aparelho. Se necessário,<br />
instalam também o equipamento<br />
especial para o manter imóvel e proteger<br />
partes do seu corpo.<br />
Logo que tudo esteja pronto, o terapeuta<br />
abandona a sala antes de pôr o aparelho a<br />
funcionar. Enquanto estiver a ser tratado,<br />
não ficará sozinho: um terapeuta observa-o<br />
através de um ecrã e podem comunicar<br />
através de um interfone.<br />
é completamente indolor. Não poderá ver<br />
nem sentir a radiação.<br />
Medidas de prevenção<br />
Pode estar em contacto com outras pessoas,<br />
mesmo crianças, imediatamente a<br />
seguir à sessão de <strong>radioterapia</strong>. Este tipo<br />
de tratamento não o torna radioativo.<br />
Radiação interna<br />
A radiação interna (também chamada<br />
radiação por implante ou braquiterapia)<br />
consiste em difundir a radiação diretamente<br />
no tumor, ou numa cavidade (vagina)<br />
através de um dispositivo chamado<br />
implante. Os implantes, que variam de<br />
forma e tamanho, podem ser temporários<br />
ou permanentes.<br />
Planeamento<br />
Após analisar os resultados dos exames<br />
de imagem (por ressonância magnética,<br />
ecografia, ou outros), a sua equipa clínica<br />
decide a dose de radiação necessária<br />
e a melhor forma de a administrar. A<br />
radiação interna pode ser planeada vários<br />
dias antes da colocação de um implante<br />
permanente ou algumas horas antes da<br />
colocação de um implante temporário.<br />
O aparelho de <strong>radioterapia</strong> é bastante volumoso<br />
e dirigirá um feixe de raios à parte<br />
do corpo a tratar. Pode acontecer que o<br />
aparelho emita um ruído de fundo e se<br />
desloque à volta do seu corpo para emitir<br />
a radiação sob diferentes ângulos. O aparelho<br />
nunca o tocará. A radiação externa
A <strong>radioterapia</strong> 12 13<br />
Tratamento<br />
Implantes permanentes (radiação interna<br />
da próstata)<br />
O implante permanente fica no seu<br />
organismo mesmo depois de terminado o<br />
tratamento. O implante (às vezes designado<br />
semente) liberta lentamente pequenas<br />
doses de radiação durante algum tempo,<br />
até deixar de ter efeitos radioativos. A<br />
radiação limita-se a uma pequena zona à<br />
volta do implante e não afeta as pessoas à<br />
sua volta.<br />
Implantes temporários<br />
O implante temporário fica no seu organismo<br />
unicamente durante o tratamento. No<br />
caso deste tipo de implantes, a equipa de<br />
<strong>radioterapia</strong> coloca aplicadores especiais<br />
(agulhas, tubos ou cateteres). Estes aplicadores<br />
ou implantes são retirados após<br />
cada sessão de tratamento.<br />
Os implantes temporários podem necessitar<br />
de um tratamento contínuo, dividido<br />
por diferentes dias, ou ainda de sessão<br />
única. Os tratamentos podem ser repetidos<br />
durante vários dias, uma semana ou mesmo<br />
mais. Os implantes temporários são<br />
utilizados na radiação interna de grande<br />
débito.<br />
e uma vez terminado, nenhuma fonte<br />
radioativa persistirá no seu organismo.<br />
A equipa remove também o aplicador.<br />
A zona tratada poderá ficar dolorida ou<br />
sensível durante algum tempo.<br />
Radiação sistémica<br />
Na radiação sistémica, as substâncias<br />
radioativas circulam no organismo e são<br />
absorvidas pelas células cancerígenas.<br />
A radiação sistémica pode ser administrada<br />
de três maneiras:<br />
• por via oral: engolir uma cápsula ou beber<br />
um líquido;<br />
• por injeção intravenosa: injetar a substância<br />
radioativa numa veia;<br />
• por injeção intra-arterial hepática: o medicamento<br />
radiológico é injetado durante<br />
uma angiografia seletiva hepática.<br />
O paciente não sente os raios a atravessar<br />
o seu corpo. O tratamento não é doloroso,<br />
mas pode causar algum mal-estar no<br />
momento da injeção. Embora pouco<br />
frequente, pode aparecer uma reação inflamatória<br />
com inchaço e mesmo alguma<br />
dor após uma injeção intravenosa. Neste<br />
caso pode ser receitado um tratamento<br />
anti-inflamatório.<br />
Se lhe prescreveram uma radiação interna<br />
de dosagem de grande débito, em princípio<br />
não terá de ser internado no hospital.<br />
A equipa clínica coloca o aplicador no seu<br />
corpo e insere o implante temporário. Este<br />
estabelecerá a ligação com um aparelho<br />
que emitirá fortes doses de radiação. Este<br />
tratamento dura apenas alguns minutos
Consulta<br />
Será chamado para uma consulta com o<br />
médico de medicina nuclear que lhe explicará<br />
o tratamento, os efeitos secundários<br />
e as medidas de proteção daqueles que o<br />
rodeiam, que deverão ser respeitadas em<br />
sua casa.<br />
Planeamento<br />
A equipa de radiação sistémica analisa<br />
os resultados dos exames de imagem e<br />
análises laboratoriais para decidir sobre a<br />
quantidade de radiação necessária no seu<br />
caso. A dose a usar varia de pessoa para<br />
pessoa e depende de vários elementos,<br />
designadamente da localização do tumor,<br />
do tipo de radiação, do seu tamanho e do<br />
seu peso. Em alguns casos é necessário<br />
proceder a exames complementares para<br />
melhor determinar a dose a administrar.<br />
Tratamento<br />
Às vezes a <strong>radioterapia</strong> sistémica impõe a<br />
hospitalização. Normalmente uma única<br />
administração é suficiente, mas podem<br />
ser necessárias duas. Será instalado num<br />
quarto individual durante dois a quatro<br />
dias, enquanto o tratamento é mais ativo.<br />
Após este período poderá regressar a<br />
casa. A matéria radioativa acabará por<br />
desaparecer após vários dias ou algumas<br />
semanas.<br />
No hospital<br />
No hospital ficará num quarto individual<br />
separado dos outros doentes, na Unidade<br />
23 do Centre Hospitalier de Luxembourg.<br />
O seu quarto está protegido para evitar<br />
que as substâncias radioativas se possam<br />
propagar ao exterior e afetar outras<br />
pessoas. Não pode sair do quarto durante<br />
o tratamento. As roupas e outros objetos<br />
pessoais que levar para o quarto têm de<br />
ser deixados quando partir, exceto o seu<br />
telemóvel, tablete ou computador pessoal<br />
que serão protegidos por um filme plástico.<br />
• As visitas serão proibidas para proteger as<br />
outras pessoas.<br />
• Pela mesma razão, serão limitadas as<br />
visitas dos membros da equipa clínica.<br />
As enfermeiras ocupam-se de todos os<br />
cuidados de saúde necessários e trazemlhe<br />
as refeições, mas permanecem no seu<br />
quarto o tempo estritamente necessário<br />
para executar estas tarefas. Podem comunicar<br />
consigo à porta do quarto ou através<br />
de um interfone.<br />
• Deve tomar algumas medidas em relação<br />
aos seus fluidos corporais, por exemplo:<br />
––<br />
sentar-se para urinar para evitar espalhar<br />
a urina;<br />
––<br />
limpar a urina espalhada com um lenço<br />
de papel e deitá-lo fora na sanita;<br />
Medida de prevenção<br />
As recomendações enumeradas a seguir<br />
pretendem evitar que exponha outras<br />
pessoas às radiações.
A <strong>radioterapia</strong> 14 15<br />
––<br />
lavar imediatamente as mãos depois de<br />
utilizar a sanita;<br />
––<br />
utilizar loiça e outros utensílios nãoreutilizáveis;<br />
––<br />
a roupa de cama e os resíduos permanecem<br />
no seu quarto até ao fim do<br />
tratamento.<br />
• É aconselhável beber mais do que o<br />
habitual para favorecer a eliminação da<br />
radioatividade.<br />
• Os funcionários do serviço de Medicina<br />
Nuclear irão medir todos os dias a quantidade<br />
de radiação que emite para determinar<br />
o dia em que poderá regressar a casa.<br />
Em casa<br />
A equipa de <strong>radioterapia</strong> vai explicar-lhe as<br />
precauções a ter em casa. Respeite estas<br />
diretivas até que a quantidade de radiação<br />
no seu organismo deixe de ser perigosa<br />
para as pessoas que o rodeiam. Muitas<br />
das recomendações a aplicar em casa<br />
são idênticas às que já seguia durante o<br />
internamento:<br />
• lavar a sua roupa e a roupa de cama suja<br />
com urina ou sangue o mais rapidamente<br />
possível, não se esquecendo de lavar<br />
separadamente a outra roupa e enxaguar<br />
abundantemente a roupa suja com urina<br />
ou sangue;<br />
• limpar bem os vestígios de sangue se se<br />
cortar;<br />
• evitar contactos através da saliva;<br />
• evitar contactos prolongados com crianças<br />
e mulheres grávidas;<br />
• se possível, dormir num quarto separado<br />
do seu parceiro ou afastar as camas de<br />
pelo menos 2 metros;<br />
• se possível, utilizar casas de banho separadas<br />
do resto da família.
As grandes etapas do<br />
tratamento<br />
A primeira consulta<br />
Foi encaminhado para o Centre François<br />
Baclesse pelo seu médico e para se inscrever<br />
dirigiu-se à receção no rés-do-chão do<br />
Centre Hospitalier Emile Mayrisch em Esch/<br />
Alzette, rue Emile Mayrisch. É atendido<br />
por uma secretária médica que abre um<br />
dossier para o seu caso e avisa o médico a<br />
quem foi enviado.<br />
No momento da sua inscrição, vários dados<br />
administrativos estão já pré-registados<br />
no sistema informático do CFB. Mostre o<br />
cartão da segurança social luxemburguesa.<br />
Se não é beneficiário da segurança social<br />
luxemburguesa, não se esqueça de solicitar<br />
uma autorização prévia ao seu organismo<br />
segurador e de enviar o original à secretaria<br />
do Centre François Baclesse. Sempre<br />
que possível submeta também uma carta<br />
do médico que o enviou ao Centre François<br />
Baclesse, bem como as radiografias (ou<br />
mamografias, scanners, IRM).<br />
A primeira consulta é o momento para<br />
contactar o seu médico oncologista<br />
radioterapeuta, que definirá consigo o<br />
projeto terapêutico e que lhe explicará os<br />
objetivos, modalidades práticas e possíveis<br />
efeitos secundários.<br />
A simulação<br />
O tratamento por <strong>radioterapia</strong> necessita de<br />
uma preparação detalhada que se chama<br />
simulação.<br />
Assim, alguns dias depois da primeira consulta,<br />
tem uma consulta para a simulação.<br />
É a primeira etapa do seu tratamento.<br />
A realização desta etapa impõe alguma<br />
preparação. Durante a primeira consulta<br />
o seu oncologista radioterapeuta dá-lhe<br />
todas as informações necessárias para se<br />
preparar.<br />
O objetivo da simulação é definir com precisão<br />
as zonas do seu corpo a tratar. Para<br />
este efeito serão feitas radiografias e TAC.<br />
Logo que os pontos de referência estejam<br />
identificados, serão desenhados com<br />
uma tinta especial sinais no seu corpo.<br />
Em alguns, casos serão mesmo tatuados<br />
pequenos pontos pretos. Estes pondos<br />
de referência são indispensáveis para a<br />
realização das sessões de radiação. Deve<br />
ter cuidado para não os apagar (pode<br />
tomar duches, mas sem esfregar os traços<br />
pintados). Às vezes os dados recolhidos são<br />
completados por uma ecografia.<br />
Durante a simulação, é frequentemente<br />
recomendada a injeção intravenosa de<br />
produtos iodados, pelo que deve informar<br />
o médico caso tenha alergias ou diabetes.<br />
No final da simulação, será marcada a<br />
primeira sessão de tratamento.
A <strong>radioterapia</strong> 16 17<br />
A dosagem<br />
A fase seguinte da sua preparação é<br />
dosagem. Esta fase tem lugar sem a sua<br />
presença. Partindo dos dados recolhidos<br />
durante a simulação e o scanner, realiza-se<br />
um estudo sobre a dosagem, para definir<br />
rigorosamente as modalidades técnicas<br />
da sua radiação. São necessários vários<br />
dias para estudar o seu dossier técnico e<br />
determinar o melhor plano de tratamento<br />
bem como a duração de cada sessão.<br />
Para poder fazer a melhor escolha para o<br />
seu caso, é necessário algum tempo entre<br />
a simulação e a sua primeira sessão de<br />
<strong>radioterapia</strong>.<br />
O tratamento<br />
Uma vez terminadas todas as etapas de<br />
preparação, o médico valida o plano de tratamento<br />
e começam as sessões diárias. Os<br />
membros da equipa especializada (ATM-RX)<br />
ocupam-se de si e irão tratá-lo e responder a<br />
todas as suas perguntas.<br />
As sessões de <strong>radioterapia</strong> são feitas por<br />
aparelhos denominados aceleradores de<br />
partículas. Cada sessão de <strong>radioterapia</strong><br />
tem a duração de 15 minutos. Repete-se<br />
todos os dias, geralmente durante cinco<br />
dias por semana de segunda a sexta-feira,<br />
com exceção dos dias feriados. No final da<br />
sua primeira sessão, os membros da equipa<br />
ATM-RX entregam-lhe um plano (dias e<br />
horas) de todas as sessões programadas.
A <strong>radioterapia</strong> 18 19<br />
Consoante os casos, a duração do seu<br />
tratamento varia de uma a sete semanas<br />
e meia. A duração do tratamento não<br />
depende da gravidade do caso, mas de<br />
parâmetros técnicos e médicos. A organização<br />
do serviço obriga-o a ser pontual e<br />
assíduo. Não pode faltar a uma sessão sem<br />
uma justificação, devendo sempre avisar<br />
previamente o seu médico.<br />
Como decorre uma sessão<br />
de <strong>radioterapia</strong>?<br />
Não é necessário que esteja em jejum,<br />
mas o seu médico indicar-lhe-á algumas<br />
medidas de prevenção específicas a tomar.<br />
Estará deitado numa mesa de <strong>radioterapia</strong><br />
na posição definida na simulação. A parte<br />
do seu corpo a tratar tem de estar descoberta,<br />
como para uma radiografia.<br />
Para assegurar a qualidade da radiação,<br />
serão efetuados controlos regulares durante<br />
o tratamento.<br />
Deve permanecer quieto<br />
durante a sessão de<br />
<strong>radioterapia</strong>.<br />
Não sentirá nada. Estará sozinho na sala<br />
de tratamento, mas a equipa ATM-RX<br />
vigia-o do exterior através de uma rede de<br />
câmaras de filmar. Pode também comunicar<br />
com eles por interfone. A sala fica iluminada<br />
durante a sessão.<br />
A <strong>radioterapia</strong> não o torna radioativo,<br />
pelo que não constitui um perigo para as<br />
pessoas que o rodeiam.<br />
Técnica de <strong>radioterapia</strong><br />
externa:<br />
A <strong>radioterapia</strong> conformacional é uma<br />
técnica que permite otimizar a distribuição<br />
da dose no tumor e melhor proteger os<br />
tecidos saudáveis. A <strong>radioterapia</strong> conformacional<br />
utiliza um colimador de folhas<br />
múltiplas e um controlador de qualidade. A<br />
<strong>radioterapia</strong> conformacional é uma técnica<br />
standard do CFB.<br />
A <strong>radioterapia</strong> de intensidade modulada.<br />
Em relação à <strong>radioterapia</strong> externa<br />
conformacional, a <strong>radioterapia</strong> de intensidade<br />
modulada acrescenta uma variável:<br />
a intensidade do feixe, que é diferente do<br />
feixe em si mesmo. O colimador de folhas<br />
múltiplas é utilizado de maneira dinâmica.<br />
As folhas deslocam-se durante a radiação.<br />
Esta técnica permite que a dose no tumor<br />
seja mais homogénea e reduzir a dose nos<br />
tecidos saudáveis. Esta técnica é utilizada<br />
no tratamento de determinados tumores e<br />
é a técnica mais sofisticada de <strong>radioterapia</strong><br />
externa.<br />
A quimioterapia<br />
concomitante<br />
Em alguns casos, são associados às sessões<br />
de <strong>radioterapia</strong> medicamentos para<br />
aumentar a reação às radiações (sensibilizadores)<br />
ou para proteger os tecidos<br />
(protetores). Nestes casos, uma enfermeira<br />
explica-lhe as modalidades práticas deste<br />
tratamento.<br />
O médico será sempre o seu interlocutor<br />
privilegiado para responder a todas as suas<br />
dúvidas.
A vigilância médica<br />
durante o tratamento<br />
Uma vez por semana (os dias de consulta<br />
são fixados nos ecrãs de informação na<br />
sala de espera) terá uma consulta de<br />
vigilância com o seu médico oncologista<br />
(ou o seu substituto se ele não estiver<br />
disponível).<br />
Se precisar de contactar o seu oncologista<br />
radioterapeuta entre duas consultas, fale<br />
com a equipa ATM-RX ou com as enfermeiras,<br />
que se encarregarão de fazer o<br />
necessário.<br />
A última sessão de<br />
<strong>radioterapia</strong><br />
No final terá uma consulta com o seu<br />
oncologista radioterapeuta para o balanço<br />
do seu tratamento. Ele irá explicar-lhe as<br />
modalidades de acompanhamento pós-<br />
-terapêutico, em conjunto com todos os<br />
médicos que se ocuparam de si ao longo<br />
do seu tratamento.
Gerir os efeitos secundários 20 21<br />
Gerir os efeitos<br />
secundários<br />
A <strong>radioterapia</strong> tem por finalidade destruir as células cancerígenas<br />
existentes no seu organismo. Ora, é difícil fazê-lo sem ao mesmo<br />
tempo destruir algumas células saudáveis. São os danos causados às<br />
células saudáveis que provocam os efeitos secundários.<br />
Os efeitos secundários podem variar<br />
segundo:<br />
• o tipo de radiação;<br />
• a parte do seu corpo que é tratada;<br />
• a quantidade de radiação;<br />
• o seu estado geral de saúde;<br />
• os outros medicamentos que toma.<br />
Os efeitos secundários podem manifestar-se<br />
a qualquer momento durante o<br />
tratamento. Frequentemente, eles intensificam-se<br />
à medida que o tratamento<br />
progride. Podem também persistir depois<br />
do tratamento terminado. A maior parte<br />
acaba por ser reabsorvida, mais ou menos<br />
rapidamente, mas alguns podem, contudo,<br />
ser permanentes.<br />
A sua equipa clínica irá explicar-lhe o que<br />
acontecerá durante e depois do tratamento.<br />
Assinale os efeitos secundários que<br />
sentir para que a equipa possa ajudá-lo a<br />
atenuá-los. Pode também ser útil falar com<br />
pessoas que já tenham sido submetidas a<br />
uma <strong>radioterapia</strong>. Elas poderão dizer-lhe<br />
como os encararam e sugerir-lhe soluções<br />
que funcionaram.
Tome nota dos efeitos<br />
secundários<br />
Se registar por escrito os efeitos<br />
secundários, será mais fácil transmiti-los<br />
à equipa clínica. Nas consultas<br />
semanais com o oncologista radioterapeuta,<br />
nunca hesite em dizer-lhe:<br />
- o que sente;<br />
- quando se manifestaram os efeitos;<br />
- como vive a situação;<br />
- o que gostaria que fizessem para o<br />
ajudarem.<br />
Alterações do apetite<br />
Às vezes é difícil alimentar-se como deve<br />
ser durante uma <strong>radioterapia</strong>. Além do<br />
mais, alguns alimentos podem mesmo<br />
agravar a situação. O cansaço pode<br />
privá-lo da energia necessária para comer.<br />
Se se sente triste, também não terá provavelmente<br />
muito apetite. O facto de comer<br />
pouco e várias vezes ao dia ajuda a evitar<br />
as náuseas.<br />
As alterações do apetite surgem normalmente<br />
depois de algumas semanas de<br />
tratamento e podem durar várias semanas<br />
após o termo do tratamento.<br />
Conselhos<br />
• Adote hábitos alimentares saudáveis. O<br />
organismo necessita de muitos elementos<br />
nutritivos.<br />
• Faça de cada refeição um momento<br />
de prazer. Uma iluminação reduzida<br />
ou música podem ajudar a criar um<br />
ambiente favorável.<br />
• Coma em companhia da família ou<br />
amigos, para que as refeições sejam<br />
momentos de cumplicidade e distração.<br />
• Faça várias pequenas refeições em vez<br />
de três grandes refeições.<br />
• Tome nota dos alimentos que lhe desagradam<br />
e diga-o à equipa clínica.<br />
• Se precisar, no Centre François Baclesse<br />
tem a possibilidade de marcar uma<br />
consulta semanal com um nutricionista.<br />
Depressão<br />
Quando se tem um cancro, é normal em<br />
alguns momentos ter vontade de chorar,<br />
estar triste ou mesmo ter momentos de<br />
desespero. Se estes sentimentos de tristeza<br />
nunca o abandonam, podem ser sintomas<br />
de uma depressão clínica. Fale então com<br />
a equipa clínica. Podem ser-lhe receitados<br />
medicamentos para o ajudar a atravessar<br />
este período, ou podem encaminhá-lo para<br />
um terapeuta com quem pode falar.
Gerir os efeitos secundários 22 23<br />
Conselhos<br />
• Fale com alguém que tenha tido o<br />
mesmo tipo de cancro. O facto de verbalizar<br />
o que sente pode ajudá-lo a sair<br />
da depressão e a controlar os medos.<br />
• Tente não recalcar as suas emoções.<br />
Partilhe os seus medos e inquietações<br />
com a equipa clínica. Diga aos que o<br />
rodeiam o que sente, pois também eles<br />
o poderão ajudar.<br />
• Coma bem e seja tão ativo quanto<br />
possível.<br />
• Mantenha horas de dormir regulares.<br />
• Evite o álcool, que pode agravar os<br />
estados depressivos.<br />
• Procure reconforto espiritual durante<br />
este momento difícil da sua vida.<br />
• No Centre François Baclesse pode recorrer<br />
a uma consulta com um psicólogo.<br />
A que deve estar atento<br />
Sinais possíveis de depressão:<br />
- falta ou excesso de sono;<br />
- apetite exagerado ou falta dele;<br />
- tendência para chorar muito;<br />
- sentimentos de desespero;<br />
- ideias autodestrutivas.<br />
Se tem um ou mais destes sinais<br />
de depressão, fale com a equipa<br />
clínica.<br />
Cansaço<br />
Quando uma parte do corpo é submetida<br />
a radiação, o organismo procura nas suas<br />
reservas energia para se restabelecer, o<br />
que provoca uma sensação de cansaço<br />
maior do que habitualmente. Isto é tanto<br />
mais válido quanto maior for a parte do<br />
organismo a tratar. A <strong>radioterapia</strong> pode<br />
também provocar cansaço por outro tipo<br />
de razões, como as deslocações diárias ao<br />
hospital, os problemas alimentares ou as<br />
perturbações do sono.<br />
Pode acontecer que não sinta qualquer<br />
cansaço antes da segunda semana de<br />
<strong>radioterapia</strong> ou mesmo mais tarde. O<br />
cansaço pode acentuar-se durante o<br />
tratamento. Não desencoraje se o cansaço<br />
persistir algum tempo após o tratamento.<br />
Significa que o seu organismo está ainda<br />
a recuperar. Mantenha-se à escuta do seu<br />
corpo e não cometa excessos. Acabará por<br />
reencontrar a sua energia.
Conselhos<br />
• Tente dormir pelo menos oito horas por<br />
dia.<br />
• Se puder faça exercício: andar, alongamentos,<br />
natação ou qualquer outra<br />
atividade que lhe agrade. O exercício<br />
pode ajudá-lo a dormir melhor.<br />
• Reduza a sua atividade e faça primeiro<br />
as coisas mais importantes enquanto<br />
tem energia.<br />
• Se precisar, não hesite em pedir ajuda.<br />
• Preveja períodos de repouso. Uma<br />
pequena sesta, um pouco de leitura ou<br />
mesmo ouvir música pode aumentar a<br />
sua energia.<br />
• Beba bastante: a desidratação pode<br />
provocar uma sensação de cansaço.<br />
Queda de cabelos ou<br />
de pêlos<br />
A <strong>radioterapia</strong> pode causar a queda ou<br />
enfraquecimento dos cabelos ou dos pêlos<br />
nas partes tratadas. Se por exemplo estiver<br />
a ser tratada por causa de cancro na<br />
mama e a radiação incidir no seu sovaco,<br />
os pêlos podem cair. Ou então, se a radiação<br />
incidir na bacia pode provocar a queda<br />
dos pêlos púbicos.<br />
aspeto pode contudo alterar-se. A cor ou a<br />
textura poderão ser diferentes. Eles podem<br />
ser mais claros e crescer em tufos. Em contrapartida,<br />
no caso de doses de radiação<br />
mais intensas, os cabelos e os pêlos podem<br />
não voltar a crescer.<br />
Conselhos<br />
• Lave os cabelos com um champô<br />
suave e esfregue ligeiramente o couro<br />
cabeludo.<br />
• Evite secar o cabelo com secador e utilizar<br />
elásticos; também não utilize outros<br />
produtos (gel, laca, etc.).<br />
• Não fortaleça nem pinte o cabelo, não<br />
faça permanentes durante a <strong>radioterapia</strong><br />
na cabeça ou no pescoço. Estas<br />
técnicas utilizam produtos químicos<br />
que podem fazer mal à pele. Informese<br />
junto da equipa clínica para saber<br />
quando pode voltar a utilizar estes<br />
produtos.<br />
• Quando sair, proteja a cabeça com um<br />
chapéu ou um lenço, especialmente se<br />
estiver frio ou se o sol estiver forte.<br />
Normalmente os cabelos e os pêlos podem<br />
começar a cair por volta da segunda ou<br />
terceira semana após o início do tratamento.<br />
Se a dose de radiação for fraca, os<br />
cabelos e pêlos voltam a crescer alguns<br />
meses depois do fim do tratamento. O
Gerir os efeitos secundários 24 25<br />
Náuseas e vómitos<br />
A radiação provoca indisposições (náuseas)<br />
ou vómitos se o tratamento incidir<br />
sobre certas partes do corpo como o<br />
estômago ou a cabeça. Isto acontece<br />
normalmente logo após o tratamento.<br />
A equipa clínica pode recomendar-lhe<br />
medicamentos que reduzem as náuseas ou<br />
os vómitos. Recomenda-se que tome estes<br />
medicamentos a título preventivo, antes<br />
mesmo de estes efeitos secundários se<br />
manifestarem.<br />
As náuseas e os vómitos podem ocorrer<br />
logo na primeira ou segunda sessão de tratamento<br />
e cessam quando o tratamento<br />
acaba.<br />
Conselhos<br />
• Faça cinco a seis pequenas refeições em<br />
vez de três grandes.<br />
• Coma alimentos secos ao longo do dia.<br />
• Beba pequenos goles de água, de<br />
sumos ou de outros líquidos, por exemplo,<br />
bebidas de gengibre não gasosas<br />
ou outras bebidas energéticas.<br />
• Experimente técnicas de relaxação,<br />
como respirar profundamente ou<br />
terapias complementares de imagem<br />
mentais.<br />
Problemas de cariz<br />
sexual<br />
O facto de estar a ser submetido a uma<br />
<strong>radioterapia</strong> pode modificar a sua atitude<br />
na intimidade e a sua maneira de ver a<br />
sexualidade. A falta de segurança provocada<br />
pelo cancro e os efeitos secundários<br />
que consomem a sua energia podem levar<br />
a uma perda de interesse em relação à<br />
sexualidade. É compreensível.
Conselhos<br />
• Explique ao seu parceiro o que sente.<br />
Partilhando os sentimentos a dois, a<br />
situação é mais fácil.<br />
• Se a questão da sexualidade o preocupa,<br />
fale com a equipa clínica.<br />
• Lembre-se que há várias maneiras para<br />
expressar a sua sexualidade e de se<br />
sentir próximo do seu parceiro. Podem<br />
acariciar-se, abraçar-se...<br />
Alterações cutâneas<br />
Nos casos de <strong>radioterapia</strong> externa, a<br />
radiação atravessa a pele para alcançar<br />
as células cancerígenas. Pode portanto<br />
acontecer que a epiderme da região tratada<br />
fique avermelhada, seca, arda ou fique<br />
danificada. A pele pode mesmo escurecer,<br />
como se estivesse bronzeada unicamente<br />
naquele local.<br />
As reações cutâneas à <strong>radioterapia</strong> são<br />
normalmente ligeiras e não impõem<br />
nenhuma intervenção especial. Contudo,<br />
se tiver uma reação intensa, avise a equipa<br />
de <strong>radioterapia</strong>. Pode ser necessário<br />
interromper o tratamento para que a pele<br />
recupere, e continuar o tratamento mais<br />
tarde.<br />
Conselhos<br />
• Tome banho seguindo as recomendações<br />
da equipa clínica.<br />
• Evite a utilização de pós, desodorizantes,<br />
cremes para o corpo, unguentos<br />
ou loções na parte tratada, exceto se a<br />
equipa clínica os tiver recomendado.<br />
• Mantenha a sua pele limpa, seca e<br />
hidratada durante o tratamento.<br />
• Na zona tratada, utilize uma máquina<br />
de barbear elétrica em vez de uma<br />
simples lâmina para evitar os cortes.<br />
• Proteja as zonas tratadas contra a<br />
fricção, pressão ou irritação usando<br />
roupas largas. O algodão ou a seda são<br />
mais agradáveis para a pele submetida<br />
a radiação do que os tecidos rugosos<br />
como a lã ou o brim.<br />
• Se for submetida a tratamentos de<br />
<strong>radioterapia</strong> na zona dos seios, não<br />
use soutien. Se for absolutamente<br />
necessário usar um, pergunte à equipa<br />
de <strong>radioterapia</strong>. Poderão aconselhar-lhe<br />
um soutien suave, sem aros.<br />
• Evite espremer ou coçar as borbulhas.<br />
• Peça a opinião à equipa clínica antes<br />
A maior parte das alterações aparecem<br />
após as duas primeiras semanas de <strong>radioterapia</strong><br />
e desaparecem algumas semanas<br />
depois de terminado o tratamento. Algumas<br />
alterações, como por exemplo uma<br />
pigmentação mais escura, podem contudo<br />
ser permanentes.
Gerir os efeitos secundários 26 27<br />
de ir a uma sauna, piscina ou jacúzi. Os<br />
produtos químicos utilizados podem<br />
irritar a sua pele.<br />
• Tenha cuidado com o sol. A pele da<br />
zona tratada pode estar mais sensível<br />
ao sol do que habitualmente e queimar<br />
mais facilmente. Proteja-a pondo um<br />
chapéu ou roupa que cubra mais o seu<br />
corpo, e veja com a equipa clínica se é<br />
necessário utilizar um protetor solar.<br />
• Proteja a zona tratada do calor e do frio<br />
e evite usar botijas, almofadas quentes<br />
ou sacos refrigerantes.<br />
• Se a coloração da sua pele o incomoda,<br />
pergunte à equipa clínica se pode usar<br />
uma sombra ou base. Se for possível,<br />
verifique também quando pode começar<br />
a usá-las e que produto escolher.<br />
Alterações no sono<br />
As perturbações do sono (insónias) são<br />
raras nas pessoas em tratamento por<br />
<strong>radioterapia</strong>. Mas pode acontecer que:<br />
• não consiga dormir;<br />
• acorde durante a noite e não consiga<br />
voltar a adormecer;<br />
• acorde mais cedo do que é costume.<br />
A dor, a ansiedade e a depressão, assim<br />
como alguns medicamentos, podem perturbar<br />
o sono. A perda de sono pode tornar<br />
os outros efeitos secundários mais difíceis<br />
de suportar. Sem um sono reparador, o<br />
seu humor e o seu nível de energia podem<br />
ressentir-se e afetar a sua capacidade de<br />
refletir e de se concentrar.
Conselhos<br />
• Faça com que o seu quarto seja um<br />
local tranquilo, escuro e fresco.<br />
• Se não adormecer após 20 minutos,<br />
saia da cama e faça outra coisa até ter<br />
sono.<br />
• Crie um ritual para se deitar. Um banho<br />
quente, uma refeição ligeira ou alguns<br />
minutos de leitura.<br />
• Tente deitar-se e levantar-se sempre<br />
à mesma hora, incluindo aos fins<br />
desemana e feriados.<br />
• Reserve a sua cama somente para dormir.<br />
Leia, escreva, veja televisão ou fale<br />
ou telefone noutros sítios.<br />
• Evite consumir produtos com cafeína de<br />
tarde ou à noite.<br />
• Se mesmo assim não conseguir dormir,<br />
saia e dê um pequeno passeio à volta<br />
da sua casa ou faça um pouco de ioga:<br />
o exercício ligeiro pode ajudá-lo a<br />
descontrair.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 28 29<br />
Gerir os efeitos secundários<br />
de acordo com o órgão objeto<br />
de radiação<br />
Radioterapia do<br />
cérebro<br />
Os efeitos secundários da <strong>radioterapia</strong> no<br />
cérebro podem ser preocupantes, mas é<br />
necessário saber que eles nem sempre se<br />
verificam. A equipa clínica estará atenta<br />
a estes sintomas e em muitos casos é<br />
possível tomar medicamentos ou seguir<br />
tratamentos que os atenuam.<br />
Alterações da forma de pensar<br />
e agir<br />
Após uma <strong>radioterapia</strong> do cérebro, pode<br />
ser que note algumas alterações na maneira<br />
de pensar ou de se comportar. Estas<br />
alterações podem incluir:<br />
• a capacidade de concentração, de aprender<br />
coisas novas ou de perceção do que<br />
o rodeia;<br />
• alterações das suas emoções ou da sua<br />
personalidade;<br />
• perda de memória a curto ou longo prazo;<br />
• perturbações da fala;<br />
• problemas de equilíbrio ou de coordenação.<br />
A equipa clínica pode encaminhá-lo para<br />
um psicólogo que o ajudará a adaptar-se a<br />
estas modificações, se necessário receitando-lhe<br />
alguns medicamentos.<br />
Conselhos<br />
• Explique à família e aos amigos que<br />
pode haver alterações do seu comportamento.<br />
É mesmo possível que aqueles<br />
que o rodeiam se apercebam mais<br />
depressa destas alterações.<br />
• Faça listas que possam ser usadas como<br />
lembretes.<br />
• Reduza o stress recorrendo a técnicas<br />
de relaxação como a respiração profunda.<br />
• Tente não fazer tudo ao mesmo tempo.<br />
Não complique a sua vida. Faça uma<br />
coisa de cada vez.<br />
• Reduza a carga de trabalho.<br />
• Tente dormir suficientemente.<br />
• Evite conduzir ou manobrar certas<br />
máquinas.
Dores de ouvidos e<br />
problemas de audição<br />
Se a radiação incide numa orelha, pode ter<br />
dores de ouvidos ou problemas de audição.<br />
Estes problemas não são permanentes<br />
e desaparecem normalmente algumas<br />
semanas após o tratamento.<br />
Conselhos<br />
• Proteja as orelhas do sol e do frio.<br />
• Se tem problemas de audição, diga à<br />
equipa clínica. Se for o caso, receitamlhe<br />
gotas para o aliviar.<br />
Edema do cérebro<br />
A <strong>radioterapia</strong> do cérebro pode causar<br />
um edema. O edema aprece subitamente<br />
provocando dores de cabeça, alterações<br />
da visão, náuseas e vómitos. Pode também<br />
sentir uma fraqueza muscular ou ainda ser<br />
incapaz de se concentrar ou de se lembrar<br />
de certas coisas. Outros efeitos secundários<br />
possíveis são as convulsões (movimentos<br />
súbitos e incontroláveis do corpo).Deve<br />
avisar a equipa de <strong>radioterapia</strong> de que<br />
sente estes efeitos secundários. A equipa<br />
decidirá se se deve interromper temporariamente<br />
o tratamento, modificar os medicamentos<br />
ou receitar-lhe analgésicos. Para<br />
reduzir o inchaço no cérebro são muitas<br />
vezes utilizados medicamentos chamados<br />
corticoides.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 30 31<br />
Reduza gradualmente os<br />
corticoides<br />
Quando se toma corticoides não se<br />
pode parar o tratamento de um dia<br />
para o outro. Quando já não precisar<br />
de tomar corticoides, a equipa<br />
clínica diz-lhe como reduzir gradualmente<br />
a dose.<br />
Radioterapia da<br />
cabeça e do pescoço<br />
A <strong>radioterapia</strong> da cabeça e do pescoço<br />
pode provocar efeitos secundários nos<br />
ouvidos, boca e garganta.<br />
Apetite e alterações na<br />
alimentação<br />
Alguns efeitos secundários da <strong>radioterapia</strong><br />
da cabeça e do pescoço podem ter consequências<br />
na alimentação:<br />
• o paladar pode ser alterado, concretamente<br />
em relação ao salgado e amargo.<br />
Os alimentos como a carne podem ter um<br />
gosto amargo e metálico;<br />
• pode ter dificuldade em engolir;<br />
• pode ter menos apetite e eventualmente<br />
emagrecer.<br />
Estas alterações do paladar e do apetite<br />
manifestam-se habitualmente no início do<br />
tratamento e desaparecem quando este<br />
termina.<br />
Conselhos<br />
• Se os alimentos têm um gosto metálico,<br />
utilize um faqueiro em plástico e pratos<br />
de ir ao forno em vidro.<br />
• Deite açúcar para adoçar os alimentos<br />
ou para neutralizar o gosto salgado,<br />
amargo ou ácido. Faça o necessário<br />
para lhe ser mais fácil comer:<br />
––<br />
esmague os alimentos em puré ou<br />
corte-os em pedaços pequenos;<br />
––<br />
deite molho ou um caldo para humedecer<br />
os alimentos e os tornar mais<br />
moles;<br />
––<br />
coma os alimentos quentes mas sem<br />
se queimar;<br />
––<br />
opte por alimentos moles (cereais<br />
cozinhados, batata em puré, ovos<br />
cozidos, etc.);<br />
––<br />
ensope os alimentos secos e estaladiços<br />
(como os biscoitos) no leite,<br />
café ou chá para os amolecer.<br />
• Quando tiver menos apetite, beba entre<br />
as refeições bebidas fortemente calóricas<br />
e com proteínas (tais como batidos<br />
de leite ou suplementos nutricionais<br />
vendidos nos supermercados).<br />
• Peça à equipa clínica que lhe recomende<br />
um nutricionista para o ajudar a<br />
alimentar-se equilibradamente durante<br />
o seu tratamento.
Alterações nos dentes e<br />
nas gengivas<br />
A dentição pode também sofrer efeitos da<br />
<strong>radioterapia</strong>.<br />
A boca seca ou alterações no esmalte dos<br />
dentes causadas pela radiação podem provocar<br />
cáries. No protocolo de tratamento<br />
está prevista uma consulta no dentista<br />
assim como a utilização de gotas com fluor<br />
para proteger os dentes.<br />
Conselhos<br />
• Consulte o seu dentista antes de<br />
começar os tratamentos para saber<br />
como adaptar os cuidados dentários à<br />
<strong>radioterapia</strong>.<br />
• Examine o interior da boca para detetar<br />
qualquer alteração.<br />
• Escove os dentes, as gengivas e a língua<br />
com uma escova dos dentes suave após<br />
cada refeição e à noite.<br />
• Não utilize o fio dental se as suas gengivas<br />
sangrarem.<br />
• Para não aumentar o risco de cárie<br />
dentária, durante o tratamento evite<br />
alimentos doces entre as refeições.<br />
• Se utiliza aparelhos dentários,<br />
mantenha-os limpos deixando-os em<br />
água ou escovando-os diariamente.<br />
Assegure-se de que estão ajustados e<br />
evite usá-los durante muito tempo ao<br />
longo do dia.<br />
• Evite utilizar líquidos à base de álcool<br />
para bochechar, pois podem secar-lhe<br />
a boca.<br />
Boca seca<br />
A sua boca pode começar a ficar seca algumas<br />
semanas após o início do tratamento.<br />
Este efeito pode prolongar-se ainda para<br />
além do fim do tratamento.<br />
Conselhos<br />
• Beba pequenos goles de água ou deixe<br />
derreter cubos de gelo na boca.<br />
• Evite o álcool e o tabaco.<br />
• Peça à equipa clínica que lhe receite<br />
medicamentos que ajudem a produzir<br />
saliva.<br />
Dores de ouvidos e<br />
problemas de audição<br />
No caso de radiação da orelha pode ter<br />
dores de ouvidos ou problemas de audição.<br />
Estes problemas não são permanentes<br />
e desaparecem normalmente algumas<br />
semanas após o tratamento.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 32 33<br />
Conselhos<br />
• Proteja as orelhas do sol e do frio.<br />
• Se tem problemas de audição, diga à<br />
equipa clínica. Podem receitar-lhe gotas<br />
para o aliviar.<br />
Úlceras da boca e da<br />
garganta<br />
A <strong>radioterapia</strong> pode causar ulcerações<br />
dolorosas no interior da boca ou ainda<br />
na língua, gengivas ou nos lábios, que<br />
dificultam a ingestão de alimentos. As<br />
úlceras aparecem em princípio duas a três<br />
semanas depois do início do tratamento e<br />
desaparecem no fim deste.<br />
Podem também aparecer infeções na boca<br />
ou na garganta.<br />
Conselhos<br />
• Para reduzir a possibilidade de úlceras<br />
ou de infeções, limpe e lave frequentemente<br />
a boca com o líquido que lhe<br />
será receitado para o efeito. A equipa<br />
clínica pode dar-lhe uma receita de<br />
líquido para a boca que poderá preparar<br />
em casa.<br />
• No caso de úlceras na boca ou na garganta,<br />
tente beber néctares de frutas<br />
(designadamente à base de pêra, pêssego<br />
ou alperce). Evite sumos ácidos,<br />
álcool e alimentos ácidos, salgados ou<br />
picantes.<br />
• Aconselhe-se com a equipa clínica. O<br />
seu médico pode receitar-lhe medicamentos<br />
para aliviar a dor ou soluções<br />
especiais para tratar as úlceras e as<br />
infeções.<br />
Alterações na voz<br />
Poderá notar que a sua voz muda ou<br />
que fica rouca durante o tratamento. Em<br />
geral, a voz volta ao normal no final do<br />
tratamento.<br />
Conselhos<br />
• Não se force a falar se isso lhe causa<br />
dor.<br />
• Evite o álcool e o tabaco se a voz se<br />
alterar.<br />
Se for necessário poderá consultar um<br />
terapeuta da fala que lhe aconselhará determinados<br />
exercícios para melhorar a voz.
Radioterapia do tórax<br />
A radiação desta zona do corpo pode causar<br />
efeitos secundários nos seios, coração<br />
ou pulmões.<br />
Alterações nos seios<br />
Os seus seios podem sofrer algumas alterações<br />
durante a <strong>radioterapia</strong>. Se tiver sido<br />
submetida a uma cirurgia mamária conservatória,<br />
estas alterações podem persistir<br />
três a seis meses após o fim do tratamento.<br />
Pode assim dar-se conta de:<br />
• dores ou inchaços;<br />
• modificação do tamanho dos seios;<br />
• alterações da textura da pele e da sensibilidade.<br />
Se verificar que estas alterações se mantêm<br />
após a <strong>radioterapia</strong>, fale com a equipa<br />
clínica.<br />
Problemas cardíacos<br />
A equipa de <strong>radioterapia</strong> planeia o tratamento<br />
para que radiação a incidir no<br />
coração seja a mais fraca possível. Não é<br />
frequente que a <strong>radioterapia</strong> esteja associada<br />
a problemas cardíacos, mas pode<br />
acontecer que algumas pessoas sofram de<br />
problemas cardíacos após o tratamento.<br />
Convém informar a equipa clínica se sentir<br />
falta de ar, tiver as pernas ou os braços<br />
inchados ou sentir dores no peito. A sua<br />
função cardíaca será controlada e a equipa<br />
poderá receitar-lhe medicamentos ou<br />
um tratamento.<br />
Problemas pulmonares<br />
Poderá notar que tosse com mais frequência,<br />
que tem mais secreções na garganta<br />
e no peito ou ainda que tem a respiração<br />
mais curta. Se for este o caso, fale com a<br />
equipa clínica que poderá recomendar-lhe<br />
medicamentos para tratar a tosse, ensinar<br />
-lhe técnicas respiratórias ou dar-lhe oxigénio<br />
para atenuar a sensação de falta de ar.<br />
Conselhos<br />
• Planeie as suas atividades prevendo<br />
períodos de repouso para recuperar o<br />
fôlego.<br />
• Utilize um vaporizador ou um humidificador<br />
para manter uma taxa de<br />
humidade adequada no seu quarto.<br />
• Beba bastantes líquidos.<br />
• Quando quiser dormir ou fazer uma sesta,<br />
ponha a cabeça e o peito mais altos<br />
utilizando almofadas para o efeito.<br />
• Evite sair com tempo quente e húmido<br />
ou quando estiver muito frio. As temperaturas<br />
extremas podem afetar a<br />
respiração.<br />
• Vista camisas ou camisolas largas,<br />
evitando tudo o que aperte o pescoço,<br />
como gravatas ou colarinhos muito<br />
apertados.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 34 35<br />
Radioterapia do<br />
abdómen<br />
Problemas digestivos<br />
A radiação desta zona do corpo pode<br />
causar indigestões, abdómen dilatado ou<br />
gazes. Estes sintomas podem ser atenuados<br />
por medicamentos e desaparecem<br />
uma vez terminado o tratamento.<br />
Outro efeito secundário pode ser a diarreia<br />
e as cãibras que normalmente lhe estão<br />
associadas. Normalmente a diarreia começa<br />
algumas semanas após o início do tratamento.<br />
A equipa clínica pode receitar-lhe<br />
medicamentos ou sugerir-lhe produtos de<br />
venda livre para atenuar este problema.<br />
Conselhos<br />
• Faça refeições ligeiras e lanches<br />
durante o dia.<br />
• Beba muitos líquidos claros, por<br />
exemplo água, caldos, sumos e bebidas<br />
energéticas para o ajudar a manter a<br />
hidratação apesar da diarreia.<br />
• Evite o leite e produtos lácteos, produtos<br />
contendo cafeína (café, chá, colas)<br />
assim como produtos que provoquem<br />
gazes, tais como brócolos, couves e<br />
alface.<br />
• Evite as gomas e bombons sem açúcar<br />
à base de sorbitol (esta substância tem<br />
propriedades laxativas).<br />
• Para prevenir a infeção retal, utilize<br />
toalhetes para bebé não perfumados<br />
em vez de papel higiénico.
Alimentos e bebidas de<br />
digestão fácil<br />
- sopas, por exemplo caldos claros;<br />
- bebidas não gasosas, sumos de<br />
fruta, bebidas energéticas, água;<br />
- batatas em puré ou assadas (sem<br />
casca);<br />
- frango (grelhado ou assado, sem<br />
pele);<br />
- biscoitos;<br />
- cereais cozinhados;<br />
- massas;<br />
- arroz ou pão branco;<br />
- assados.<br />
Radioterapia da bacia<br />
A radiação da bacia pode provocar problemas<br />
na bexiga, no intestino ou problemas<br />
de fertilidade. Alguns destes efeitos secundários<br />
afetam unicamente as mulheres ou<br />
unicamente os homens.<br />
Problemas de bexiga<br />
A radiação pode irritar a bexiga e causar<br />
inchaços, o que pode provocar:<br />
• espasmos da bexiga;<br />
• sensação de queimadura ou de dor no<br />
momento de urinar;<br />
• vontade de urinar frequente;<br />
• infeções urinárias;<br />
• perda de controlo da bexiga.<br />
Os sintomas aparecem normalmente três a<br />
cinco semanas após o início do tratamento<br />
e, frequentemente, desaparecem quando<br />
este termina.<br />
Alguns sintomas poderão contudo persistir<br />
após o tratamento.<br />
Frequentemente a radiação provoca os<br />
mesmos sintomas de uma infeção da<br />
bexiga. Peça à equipa clínica que verifique<br />
a causa dos sintomas. Quer se trate de<br />
uma infeção ou de outro problema, o seu<br />
médico pode receitar-lhe medicamentos.<br />
Conselhos<br />
• Beba muita água, para que a sua urina<br />
seja clara ou amarela pálida. Talvez<br />
seja mais fácil beber pequenos goles de<br />
água várias vezes por dia do que beber<br />
uma grande quantidade de uma só vez.<br />
• Evite o café, chá preto, colas, álcool,<br />
especiarias ou tabaco.<br />
• Esvazie frequentemente a bexiga.<br />
Problemas intestinais<br />
Algumas pessoas têm problemas intestinais<br />
durante a <strong>radioterapia</strong> da bacia, por<br />
exemplo:<br />
• diarreia;<br />
• dor e comichão quando evacua;<br />
• perda parcial do controlo das fezes;<br />
• ar no estômago e cãibras;<br />
• presença de sangue nas fezes;<br />
• necessidade de evacuar frequente;<br />
• sangue no reto;<br />
• novo crescimento de hemorroidas já<br />
existentes antes do tratamento.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 36 37<br />
O trânsito intestinal regulariza-se normalmente<br />
no final do tratamento.<br />
Conselhos<br />
• Beba muitos líquidos (água, infusões,<br />
sumos, caldos e sopas).<br />
• Evite bebidas com cafeína ou gasosas.<br />
• Lave as zonas irritadas com água<br />
morna duas a três vezes por dia para<br />
ajudar a atenuar a irritação<br />
• Para prevenir a infeção retal, utilize<br />
toalhetes para bebé não perfumados<br />
em vez de papel higiénico<br />
• Seja qual for o tipo de problema intestinal,<br />
avise a sua equipa clínica para que<br />
lhe possam receitar os medicamentos<br />
necessários.<br />
Disfuncionamento eréctil<br />
A radiação da bacia pode ser uma das<br />
causas de disfuncionamento eréctil (impossibilidade<br />
para o homem de conseguir<br />
e de manter uma ereção). Isto deve-se<br />
ao fato de a radiação baixar os níveis de<br />
testosterona o que pode afetar as artérias<br />
que asseguram a irrigação do pénis, indispensáveis<br />
para uma ereção firme.<br />
Há vários tratamentos para a disfunção<br />
eréctil. Pergunte à equipa clínica quais as<br />
opções que tem.<br />
tipos de reação face à infertilidade. Muitas<br />
pessoas pensam que o tratamento do<br />
cancro passa à frente de tudo. Outras, que<br />
à partida haviam aceitado a ideia de não<br />
poder procriar, arrependem-se uma vez<br />
terminado o tratamento.<br />
Não há uma boa e uma má maneira<br />
de reagir à infertilidade. Esta situação<br />
faz emergir emoções dolorosas no seu<br />
parceiro. É importante que falem os dois e<br />
partilhem o que sentem a este respeito.<br />
Conselhos às mulheres<br />
<br />
em matéria de<br />
fertilidade<br />
A <strong>radioterapia</strong> pode provocar a menopausa<br />
precoce. Para as mulheres a<br />
menopausa significa a diminuição da<br />
taxa de hormonas e o fim da menstruação.<br />
Uma menopausa precoce pode<br />
ser temporária ou permanente. Se é<br />
permanente, quer dizer que a mulher já<br />
não poderá ter filhos (infertilidade).<br />
Fertilidade<br />
A radiação da bacia pode ter repercussão<br />
na sua capacidade para ter filhos depois<br />
do fim do tratamento. É muitas vezes<br />
um assunto delicado e difícil de abordar<br />
devido à sua forte emotividade. Há vários
• Antes de iniciar o tratamento veja com<br />
a equipa clínica as várias opções, por<br />
exemplo a recolha de óvulos e a sua<br />
congelação para utilização ulterior. Um<br />
especialista em fertilidade, recomendado<br />
pela equipa clínica, pode explicar-lhe<br />
as diferentes possibilidades.<br />
• A equipa clínica pode também recomendar-lhe,<br />
a si e ao seu parceiro, um<br />
terapeuta competente em matéria de<br />
fertilidade, que poderá ajudá-los a aceitar<br />
esta nova situação na vossa vida.<br />
• Utilize um meio contracetivo durante<br />
a <strong>radioterapia</strong>. Mesmo que queira ter<br />
filhos, deve evitar ficar grávida durante<br />
o tratamento, pois as radiações podem<br />
prejudicar o feto.<br />
• A equipa clínica pode aconselhar-lhe<br />
os melhores métodos contracetivos a<br />
utilizar durante a <strong>radioterapia</strong>.<br />
Conselhos aos homens a<br />
<br />
propósito da fertilidade<br />
A <strong>radioterapia</strong> pode causar infertilidade.<br />
Os testículos, que produzem o esperma,<br />
são muito sensíveis aos efeitos da<br />
<strong>radioterapia</strong>. A radiação pode reduzir a<br />
quantidade ou a qualidade do esperma,<br />
causando uma infertilidade temporária<br />
ou permanente.<br />
• Fale com a equipa clínica sobre a<br />
possibilidade de colher esperma e de<br />
o congelar antes de começar o tratamento,<br />
para que o possa utilizar mais<br />
tarde se decidir ter filhos.<br />
• Utilize um preservativo durante vários<br />
meses após o tratamento.<br />
• Continuará a produzir esperma durante<br />
algum tempo, mas este esperma pode<br />
ter sido alterado pela <strong>radioterapia</strong> e<br />
causar anomalias congénitas.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação 38 39<br />
Sintomas de menopausa<br />
A <strong>radioterapia</strong> pode provocar menopausa<br />
precoce, cujos sintomas são por vezes mais<br />
acentuados do que os da a menopausa<br />
natural. Estes sintomas podem incluir:<br />
• afrontamentos e suores;<br />
• desidratação da vagina;<br />
• micções mais frequentes;<br />
• perda de líbido;<br />
• cansaço e perturbações do sono;<br />
• pele seca;<br />
• dores;<br />
• variações de humor, problemas de<br />
concentração, perda de confiança e alterações<br />
da memória.<br />
Conselhos<br />
• Vista várias camadas de roupas leves,<br />
para poder despir em caso de calor<br />
súbito e voltar a vestir mais tarde.<br />
• Utilize lubrificantes à base de água<br />
para facilitar as relações sexuais.<br />
• Pergunte à equipa clínica se pode tomar<br />
hormonas ou medicamentos para<br />
atenuar os sintomas da menopausa.<br />
• Discuta com a equipa clínica os riscos e<br />
a vantagens de tomar medicamentos<br />
para evitar mais tarde a osteoporose<br />
(perda da densidade óssea). A menopausa<br />
precoce pode fragilizar os ossos.<br />
Atrofia da vagina<br />
A radiação da região pélvica pode provocar<br />
um encolhimento e um encurtamento<br />
da vagina, o que pode tornar as relações<br />
sexuais mais dolorosas e causar incómodo<br />
quando fizer exames pélvicos.<br />
Para a ajudar a manter a abertura da<br />
vagina, convém alongar as paredes várias<br />
vezes por semana. Este alongamento pode<br />
ser feito tendo regularmente relações<br />
sexuais ou utilizando um dilatador vaginal<br />
(trata-se de um dispositivo de plástico ou<br />
de borracha, de forma tubular, que permite<br />
alongar a vagina). Mesmo que não tenha<br />
relações sexuais, é importante utilizar um<br />
dilatador para preservar a saúde da vagina<br />
durante o processo de restabelecimento.<br />
Assim, os exames vaginais serão menos<br />
dolorosos nas consultas de acompanhamento.
A vida quotidiana<br />
durante o tratamento<br />
Durante a <strong>radioterapia</strong>, o grande desejo é continuar a viver<br />
como se nada se passasse. E isto pode acontecer, mesmo que<br />
o mais provável seja que algumas coisas do seu quotidiano e<br />
daqueles que o rodeiam sejam alteradas durante e até depois<br />
do tratamento, pelo menos durante algum tempo.<br />
A sua família e você devem concentrar-se<br />
nas tarefas a realizar diariamente, por<br />
exemplo, chegar a horas ao tratamento,<br />
fazer os testes necessários e atenuar os<br />
efeitos secundários se for o caso.<br />
Os hábitos podem ter de mudar. Em determinadas<br />
alturas tem mesmo de descansar<br />
e deixar os outros trabalhar - não se esqueça<br />
que a sua tarefa é a de estar em forma.<br />
O exercício e uma alimentação saudável<br />
podem contribuir para se sentir melhor<br />
e suportar o tratamento. Discuta com a<br />
equipa clínica o que convém fazer durante<br />
este período.<br />
Pode também ajudar manter algum controlo<br />
sobre o que o rodeia. A desorganização<br />
pode acentuar o stress e a ansiedade.<br />
Se puder, planeie o seu trabalho e ponha<br />
em ordem as suas finanças antes de começar<br />
o tratamento. Não hesite em pedir<br />
ajuda quando precisar.<br />
Saber organizar-se<br />
O sistema de cuidados de saúde nem<br />
sempre é simples e a gestão dos tratamentos<br />
também não. Terá de contactar<br />
uma imensidão de profissionais cada um<br />
com uma função diferente e com papéis<br />
diferentes a executar. Vai receber todo o<br />
tipo de documentos e vão recomendar-lhe<br />
várias pessoas, recursos, endereços e sítios<br />
Internet.<br />
Paralelamente, terá de coordenar as suas<br />
consultas, testes e outras iniciativas de<br />
acompanhamento, ao mesmo tempo<br />
que tem de executar as suas atividades<br />
normais.<br />
Conselhos<br />
• Arquive todos os papéis importantes no<br />
mesmo sítio: num dossier, numa pasta<br />
ou num envelope. Guarde no mesmo<br />
sítio todos os documentos relativos ao<br />
tratamento, os efeitos secundários e<br />
os medicamentos que está a tomar.
A vida quotidiana durante o tratamento 40 41<br />
Se preferir, guarde a informação de<br />
forma eletrónica no seu smartphone ou<br />
no computador. Qualquer sistema de<br />
arquivo serve, desde que consiga encontrar<br />
os documentos facilmente.<br />
• Peça cópias dos dossiers clínicos e dos<br />
resultados e leve-as para as consultas.<br />
• Tome nota dos nomes e coordenadas<br />
de todas as pessoas que participam no<br />
seu tratamento, incluindo os números<br />
de telefone a utilizar para os contactar<br />
à noite, no fim-de-semana ou em caso<br />
de urgência.<br />
• Peça ao seu farmacêutico para lhe<br />
imprimir a lista de todos os medicamentos<br />
e guarde-a com o dossier clínico<br />
e os resultados dos exames.<br />
• Faça fotocópias dos documentos relacionados<br />
com o seu seguro de saúde.<br />
Pode parecer muito trabalho, mas será<br />
muito útil o facto de ter toda a informação<br />
à mão sempre que tiver dúvidas ou quando<br />
tiver um encontro com a equipa clínica.<br />
Aprender a gerir o<br />
stress<br />
A doença e o tratamento podem causar<br />
muito stress. Vai atravessar toda uma<br />
gama de emoções e sentir-se-á cansado,<br />
o que dificultará o controlo das suas emoções.<br />
É importante que se ocupe quer da<br />
sua saúde mental quer da sua saúde física.<br />
Se tiver stress, é essencial que obtenha a<br />
ajuda de que precisa.<br />
Conselhos<br />
• Reflita sobre o que o torna ansioso. O<br />
facto de dar nomes ao que o preocupa<br />
ajuda a analisar calmamente a situação.<br />
• Escreva um diário e descreva as suas<br />
reflexões e emoções. Escreva também<br />
os seus pensamentos positivos para os<br />
reler quando estiver deprimido.<br />
• Fale com um terapeuta. Várias pessoas<br />
acham útil relatar as suas emoções a<br />
uma pessoa especialmente formada<br />
para escutar.<br />
• Junte-se a um grupo de entreajuda. O<br />
facto de falar com pessoas que já sofreram<br />
de cancro e que compreendem o<br />
que está a passar ajuda-o a sentir-se<br />
menos só.<br />
• Faça coisas que lhe agradam.<br />
• Tente fazer exercício, andar, andar de<br />
bicicleta, praticar ioga ou qualquer<br />
outra atividade que o ajude a sentir-se<br />
melhor.<br />
• Procure formas de se descontrair. A<br />
meditação, a respiração profunda ou a<br />
visualização são métodos para ajudar<br />
a relaxar se se sente tenso ou em baixo,<br />
mesmo durante o tratamento.<br />
• Oiça música ou áudio-livros que o<br />
ajudem a descontrair-se, sobretudo<br />
durante as sessões de tratamento.
Se sentir sintomas graves de stress ou ansiedade,<br />
ou se está constantemente triste,<br />
não ignore estas emoções que podem<br />
ser um sinal de depressão. Diga à equipa<br />
clínica como se sente, para que o possam<br />
ajudar antes que seja completamente<br />
ultrapassado pelos acontecimentos.<br />
Atividades<br />
profissionais e<br />
situação financeira<br />
Muitas pessoas ficam preocupadas e<br />
querem saber se podem continuar a trabalhar<br />
ou estudar durante a <strong>radioterapia</strong>.<br />
Algumas podem, mas cada caso é especial<br />
e é difícil saber no início do tratamento<br />
se poderá ou não continuar a atividade<br />
profissional.<br />
A sua capacidade dependerá de diferentes<br />
fatores:<br />
• do tipo de tratamento prescrito;<br />
• dos seus efeitos secundários;<br />
• do tipo de trabalho;<br />
• da sua situação financeira.
Depois do tratamento 42 43<br />
Depois do tratamento<br />
Uma vez terminado o tratamento, vai querer retomar o<br />
curso normal dos acontecimentos. Tenha em conta que será<br />
necessário algum tempo para que o seu corpo se restabeleça<br />
completamente.<br />
Cuidados de<br />
acompanhamento<br />
Uma vez terminado o tratamento, tem<br />
de submeter-se a exames periódicos,<br />
chamados cuidados de acompanhamento.<br />
Estes exames permitem-lhe, a si e à equipa<br />
clínica, ver como o seu estado evolui e<br />
como recupera do tratamento.<br />
Nos primeiros anos, as consultas de acompanhamento<br />
com o seu oncologista ocorrerão<br />
com alguns meses de intervalo. Terá<br />
uma consulta anual com o seu oncologista<br />
radioterapeuta.<br />
Quer saber como se passa uma consulta de<br />
acompanhamento?<br />
O médico examina-o e manda-o fazer<br />
alguns testes (análises ao sangue, radiografias,<br />
cintilografias, etc.). Aproveite este<br />
momento para lhe falar do que o preocupa<br />
e dos sintomas que o incomodam. Informe<br />
o seu médico:<br />
• do seu estado físico e, se for o caso, dos<br />
seus problemas emocionais;<br />
• dos seus medos e inquietações;<br />
• de novos medicamentos que começou<br />
a tomar desde a última consulta (medicamentos<br />
receitados, mas também os<br />
produtos de venda livre como analgésicos,<br />
suplementos nutritivos, vitaminas e<br />
minerais);<br />
• dos tratamentos com ervas medicinais ou<br />
outros tratamentos complementares que<br />
pensa experimentar;<br />
• das alterações dos seus hábitos, já<br />
introduzidas ou que pretende introduzir,<br />
como por exemplo deixar de fumar, fazer<br />
exercício ou mudar de alimentação;<br />
• do nome de médicos especialistas que<br />
começou a consultar;<br />
• o seu cancro e a <strong>radioterapia</strong> podem tê-lo<br />
levado a tornar-se mais atento em relação<br />
ao seu corpo e em relação ao que sente.<br />
Preste atenção a todas as mudanças<br />
físicas e não hesite em colocar questões ao<br />
seu médico se algo o preocupa.
Efeitos secundários<br />
tardios e a longo prazo<br />
Muitas pessoas afirmam que gostariam<br />
de conhecer melhor os efeitos secundários<br />
que se manifestam no final do tratamento.<br />
Os efeitos secundários que demoram<br />
semanas, meses ou mesmo anos a<br />
desaparecer (ou que são permanentes)<br />
chamam-se efeitos secundários de longo<br />
prazo. Outros efeitos secundários, chamados<br />
efeitos secundários tardios, podem<br />
manifestar-se muito tempo depois do final<br />
do tratamento.<br />
Os efeitos secundários tardios variam em<br />
função da zona do corpo submetida a<br />
radiação. Os mais comuns são:<br />
• problemas de fertilidade (no caso de<br />
<strong>radioterapia</strong> da bacia);<br />
• problemas cardíacos (no caso de <strong>radioterapia</strong><br />
do tórax);<br />
• problemas pulmonares (no caso de <strong>radioterapia</strong><br />
do tórax);<br />
• alterações de pigmentação;<br />
• alterações no plano mental ou emocional<br />
(no caso de <strong>radioterapia</strong> da cabeça ou do<br />
pescoço);<br />
• osteoporose (perda de massa óssea);<br />
• cancros secundários.<br />
O risco de ter efeitos secundários permanentes,<br />
tardios ou a longo prazo depende<br />
do tipo e estádio do cancro, bem como<br />
do tratamento. Cada caso é único, e o<br />
seu organismo reagirá ao tratamento e<br />
recuperará à sua maneira.<br />
Os efeitos tardios ou a longo prazo dos<br />
tratamentos são por vezes agravados<br />
por problemas de saúde já existentes no<br />
momento do diagnóstico de cancro, como<br />
a diabetes, a artrite ou problemas de<br />
coração.<br />
A equipa clínica irá explicar-lhe quais os<br />
efeitos tardios ou de longo termo que<br />
se podem verificar no seu caso. Eles irão<br />
também colaborar com outros profissionais<br />
de saúde que tentarão atenuar os inconvenientes<br />
causados pelos seus problemas<br />
de saúde.<br />
Poderá também precisar de apoio afetivo.<br />
Como outro qualquer aspeto do cancro,<br />
os efeitos tardios e de longo prazo do<br />
tratamento podem desencadear fortes<br />
emoções. Consegue ultrapassá-las se<br />
lhes dedicar o tempo e tiver a paciência<br />
necessária. Um apoio externo só poderá<br />
ajudá-lo.<br />
Retomar a vida normal<br />
Ouve-se com frequência as pessoas que<br />
sofreram de um cancro dizer que a experiência<br />
as transformou de forma irreversível.<br />
Irá verificar que já não terá os mesmos<br />
interesses e a forma de ver a vida mudou.<br />
Por outro lado, as pessoas que o rodeiam<br />
esperam, às vezes, que tudo seja como<br />
dantes de um dia para o outro. Não se<br />
apercebem por vezes das repercussões que<br />
um cancro e a <strong>radioterapia</strong> tiveram em si<br />
e não se dão conta que precisa de tempo
Depois do tratamento 44 45<br />
para recuperar. Se estiver à vontade, diga-o<br />
à sua família, amigos e colegas de trabalho<br />
para que compreendam melhor aquilo por<br />
que está a passar. Dê-se tempo para retomar<br />
a sua vida normal, pouco importando<br />
o que considera normal.<br />
Contactos<br />
Centre National de Radiothérapie<br />
Centre François Baclesse<br />
Rue Emile Mayrisch<br />
BP 436 - L-4005 Esch/Alzette<br />
T 26 55 661<br />
www.baclesse.lu<br />
Fondation Cancer<br />
209, route d’Arlon<br />
L-1150 Luxembourg<br />
T 45 30 331<br />
www.cancer.lu
A Fondation Cancer,<br />
para si, consigo, graças a si.<br />
Fundada em 1994 no Luxemburgo, a Fondation Cancer trabalha incansavelmente na luta contra o<br />
cancro há mais de vinte anos. Para além da informação sobre a prevenção, a despistagem e como<br />
viver com um cancro, uma das suas missões é ajudar os doentes e os seus próximos. Financiar<br />
projetos de investigação sobre o cancro é o terceiro pilar das missões da Fondation Cancer, que organiza<br />
todos os anos o grande evento de solidariedade ‘Relais pour la Vie’. Todas estas atividades<br />
são possíveis graças à generosidade dos nossos mecenas.<br />
Para acompanhar as nossas atividades, descarregue uma das nossas brochuras e continue em<br />
contacto connosco:<br />
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T 45 30 331<br />
E fondation@cancer.lu<br />
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