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2017 - Revista PME

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ASSOCIAÇÕES DEFENDEM LIVRE ACESSO À INFORMAÇÃO TÉCNICA<br />

As associações do setor exigem à UE um enquadramento regulador “forte” para uma plataforma telemática “interoperável,<br />

normalizada, segura e de acesso aberto”<br />

No passado mês de março, foi dado um<br />

grande passo para a Liberdade da Reparação,<br />

com a criação de uma coligação das<br />

mais representativas associações europeias<br />

do setor automóvel (ADPA - fornecedores<br />

de serviços de informação técnica;<br />

CECRA – oficinas; CITA – inspeções automóveis;<br />

EGEA – equipamentos de oficinas;<br />

FIA - Federação Internacional de Automobilismo;<br />

FIGIEFA – comerciantes de peças<br />

aftermarket; Insurance Europe e Leaseurope),<br />

com o objetivo de defender o livre fluxo<br />

de dados, assim como a interoperabilidade<br />

entre os sistemas dos fabricantes de automóveis<br />

e oficinas independentes.<br />

Para estas associações, apenas estes fatores<br />

permitem a verdadeira liberdade de<br />

escolha em termos de serviços digitais e<br />

capacitam o direito dos proprietários dos<br />

veículos a escolher com quem partilhar os<br />

seus dados e para que finalidade.<br />

A coligação solicita que as instituições europeias<br />

deem vida à transformação digital,<br />

criando um robusto enquadramento regulamentar<br />

para uma plataforma telemática<br />

digital no veículo que seja segura, estandardizada<br />

e interoperável.<br />

A liberdade de escolha do consumidor é<br />

fundamental para que os princípios democráticos<br />

da UE permaneçam válidos e<br />

com a mesma força com que se mantiveram<br />

nos últimos 60 anos, desde que foi<br />

assinado o Tratado de Roma. Manter vivos<br />

os princípios deste Tratado com a criação<br />

de um enquadramento regulamentar para<br />

uma plataforma telemática interoperável<br />

no veículo é o grande objetivo desta coligação<br />

para o setor do pós-venda automóvel<br />

independente.<br />

A propriedade dos dados gerados pelo automóvel<br />

ligado é do utilizador e, por conseguinte,<br />

as marcas devem pedir sempre<br />

consentimento para utilizá-los. Esse mesmo<br />

princípio é a base da campanha lançada<br />

pela coligação das associações, com<br />

o lema explícito “Acesso justo e equitativo<br />

aos veículos no mercado único digital”. O<br />

objetivo é “criar um enquadramento regulador<br />

forte” para uma plataforma telemática<br />

“interoperável, normalizada, segura e<br />

de acesso aberto nos veículos”.<br />

Em comunicado, as associações signatárias<br />

saudaram este avanço tecnológico<br />

“que pode beneficiar os consumidores e<br />

proporcionar novas e inovadoras oportunidades<br />

de negócio, desde que seja salvaguardada<br />

a leal concorrência”.<br />

Na atualidade, recorda a coligação, “as<br />

plataformas telemáticas estão tecnicamente<br />

concebidas de uma forma exclusiva<br />

que permite apenas aos fabricantes de<br />

veículos ter acesso direto ao veículo e aos<br />

seus dados, o que cria uma desvantagem<br />

indevida e pode acabar por prejudicar os<br />

consumidores, as empresas, a economia<br />

europeia e a sociedade”. Por este motivo,<br />

a coligação defende que se exija a “neutralidade<br />

da concorrência através da conceção<br />

técnica, para preservar a independência<br />

empresarial e manter condições de<br />

concorrência equilibradas na era digital. A<br />

inovação real e a oportunidade de desenvolver<br />

novos modelos de negócio apenas<br />

serão possíveis com uma plataforma interoperável”.<br />

Neste sentido, a coligação refere que os<br />

fornecedores independentes de serviços,<br />

para poderem competir, necessitam de<br />

“um acesso equitativo às mesmas funcionalidades<br />

e informações, com a mesma<br />

margem de tempo do que os fabricantes<br />

de veículos. Só assim os automobilistas<br />

terão a possibilidade real de escolher<br />

fornecedores de serviços e de autorizar o<br />

acesso direto e sem supervisão aos seus<br />

dados do veículo nos serviços que escolham.<br />

Desta forma, garante-se que podem<br />

continuar a ser oferecidas opções de serviço<br />

independentes”.<br />

Por isso, as associações signatárias instam<br />

as instituições europeias a reconhecerem<br />

o papel competitivo da telemática e, por<br />

conseguinte, a darem poder aos consumidores<br />

para escolher a quem disponibilizam<br />

os seus dados e com que finalidades. Isto<br />

também significa permitir aos operadores<br />

independentes oferecer produtos e serviços<br />

digitais competitivos, protegendo o<br />

seu direito de acesso direto a dados/informações<br />

do veículo em tempo real e o seu<br />

direito de comunicação em linha através<br />

de plataformas telemáticas normalizadas,<br />

interoperáveis e seguras.<br />

Além disso, defendem as associações, “a<br />

conceção da plataforma telemática de livre<br />

acesso deve excluir a possibilidade de<br />

controlo e criação de perfis por parte dos<br />

fabricantes de veículos. Deverá preservar<br />

a igualdade de oportunidades para operadores<br />

e fornecedores de serviços independentes,<br />

para que possam apresentar os<br />

seus serviços aos consumidores da mesma<br />

forma do que os fabricantes”.<br />

Os signatários do manifesto pedem, também,<br />

que “até ao momento em que haja<br />

uma plataforma plenamente funcional incorporada<br />

nos veículos, deverá manter-se<br />

um acesso normalizado à comunicação<br />

dos dados do veículo, através de uma ligação<br />

de acesso a dados físicos”.<br />

“Todos estes requisitos técnicos são necessários<br />

para garantir uma livre escolha<br />

do consumidor e condições de concorrência<br />

equilibradas para todas as partes implicadas,<br />

a fim de se manter a capacidade<br />

de inovação e a competitividade de todos<br />

os fornecedores de serviços “em torno do<br />

automóvel”, afirma o manifesto.<br />

A longo prazo, concluem as associações<br />

signatárias, “isto apenas poderá ser assegurado<br />

com uma solução técnica em<br />

que a ‘inteligência’ esteja no automóvel,<br />

implementando no veículo uma plataforma<br />

telemática interoperável normalizada,<br />

tal como se pretende com a função eCall”.<br />

A era da telemática no automóvel está iminente<br />

e todo o aftermarket espera que os<br />

decisores da UE a tornem benéfica para<br />

todos, especialmente para as <strong>PME</strong>, pois<br />

estas são o pilar da economia da UE. E,<br />

sendo as mais enraizadas localmente,<br />

poderão fornecer serviços personalizados<br />

aos consumidores.<br />

<strong>PME</strong> Líder & Excelência Aftermarket Junho <strong>2017</strong><br />

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