2017 - Revista PME
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ASSOCIAÇÕES DEFENDEM LIVRE ACESSO À INFORMAÇÃO TÉCNICA<br />
As associações do setor exigem à UE um enquadramento regulador “forte” para uma plataforma telemática “interoperável,<br />
normalizada, segura e de acesso aberto”<br />
No passado mês de março, foi dado um<br />
grande passo para a Liberdade da Reparação,<br />
com a criação de uma coligação das<br />
mais representativas associações europeias<br />
do setor automóvel (ADPA - fornecedores<br />
de serviços de informação técnica;<br />
CECRA – oficinas; CITA – inspeções automóveis;<br />
EGEA – equipamentos de oficinas;<br />
FIA - Federação Internacional de Automobilismo;<br />
FIGIEFA – comerciantes de peças<br />
aftermarket; Insurance Europe e Leaseurope),<br />
com o objetivo de defender o livre fluxo<br />
de dados, assim como a interoperabilidade<br />
entre os sistemas dos fabricantes de automóveis<br />
e oficinas independentes.<br />
Para estas associações, apenas estes fatores<br />
permitem a verdadeira liberdade de<br />
escolha em termos de serviços digitais e<br />
capacitam o direito dos proprietários dos<br />
veículos a escolher com quem partilhar os<br />
seus dados e para que finalidade.<br />
A coligação solicita que as instituições europeias<br />
deem vida à transformação digital,<br />
criando um robusto enquadramento regulamentar<br />
para uma plataforma telemática<br />
digital no veículo que seja segura, estandardizada<br />
e interoperável.<br />
A liberdade de escolha do consumidor é<br />
fundamental para que os princípios democráticos<br />
da UE permaneçam válidos e<br />
com a mesma força com que se mantiveram<br />
nos últimos 60 anos, desde que foi<br />
assinado o Tratado de Roma. Manter vivos<br />
os princípios deste Tratado com a criação<br />
de um enquadramento regulamentar para<br />
uma plataforma telemática interoperável<br />
no veículo é o grande objetivo desta coligação<br />
para o setor do pós-venda automóvel<br />
independente.<br />
A propriedade dos dados gerados pelo automóvel<br />
ligado é do utilizador e, por conseguinte,<br />
as marcas devem pedir sempre<br />
consentimento para utilizá-los. Esse mesmo<br />
princípio é a base da campanha lançada<br />
pela coligação das associações, com<br />
o lema explícito “Acesso justo e equitativo<br />
aos veículos no mercado único digital”. O<br />
objetivo é “criar um enquadramento regulador<br />
forte” para uma plataforma telemática<br />
“interoperável, normalizada, segura e<br />
de acesso aberto nos veículos”.<br />
Em comunicado, as associações signatárias<br />
saudaram este avanço tecnológico<br />
“que pode beneficiar os consumidores e<br />
proporcionar novas e inovadoras oportunidades<br />
de negócio, desde que seja salvaguardada<br />
a leal concorrência”.<br />
Na atualidade, recorda a coligação, “as<br />
plataformas telemáticas estão tecnicamente<br />
concebidas de uma forma exclusiva<br />
que permite apenas aos fabricantes de<br />
veículos ter acesso direto ao veículo e aos<br />
seus dados, o que cria uma desvantagem<br />
indevida e pode acabar por prejudicar os<br />
consumidores, as empresas, a economia<br />
europeia e a sociedade”. Por este motivo,<br />
a coligação defende que se exija a “neutralidade<br />
da concorrência através da conceção<br />
técnica, para preservar a independência<br />
empresarial e manter condições de<br />
concorrência equilibradas na era digital. A<br />
inovação real e a oportunidade de desenvolver<br />
novos modelos de negócio apenas<br />
serão possíveis com uma plataforma interoperável”.<br />
Neste sentido, a coligação refere que os<br />
fornecedores independentes de serviços,<br />
para poderem competir, necessitam de<br />
“um acesso equitativo às mesmas funcionalidades<br />
e informações, com a mesma<br />
margem de tempo do que os fabricantes<br />
de veículos. Só assim os automobilistas<br />
terão a possibilidade real de escolher<br />
fornecedores de serviços e de autorizar o<br />
acesso direto e sem supervisão aos seus<br />
dados do veículo nos serviços que escolham.<br />
Desta forma, garante-se que podem<br />
continuar a ser oferecidas opções de serviço<br />
independentes”.<br />
Por isso, as associações signatárias instam<br />
as instituições europeias a reconhecerem<br />
o papel competitivo da telemática e, por<br />
conseguinte, a darem poder aos consumidores<br />
para escolher a quem disponibilizam<br />
os seus dados e com que finalidades. Isto<br />
também significa permitir aos operadores<br />
independentes oferecer produtos e serviços<br />
digitais competitivos, protegendo o<br />
seu direito de acesso direto a dados/informações<br />
do veículo em tempo real e o seu<br />
direito de comunicação em linha através<br />
de plataformas telemáticas normalizadas,<br />
interoperáveis e seguras.<br />
Além disso, defendem as associações, “a<br />
conceção da plataforma telemática de livre<br />
acesso deve excluir a possibilidade de<br />
controlo e criação de perfis por parte dos<br />
fabricantes de veículos. Deverá preservar<br />
a igualdade de oportunidades para operadores<br />
e fornecedores de serviços independentes,<br />
para que possam apresentar os<br />
seus serviços aos consumidores da mesma<br />
forma do que os fabricantes”.<br />
Os signatários do manifesto pedem, também,<br />
que “até ao momento em que haja<br />
uma plataforma plenamente funcional incorporada<br />
nos veículos, deverá manter-se<br />
um acesso normalizado à comunicação<br />
dos dados do veículo, através de uma ligação<br />
de acesso a dados físicos”.<br />
“Todos estes requisitos técnicos são necessários<br />
para garantir uma livre escolha<br />
do consumidor e condições de concorrência<br />
equilibradas para todas as partes implicadas,<br />
a fim de se manter a capacidade<br />
de inovação e a competitividade de todos<br />
os fornecedores de serviços “em torno do<br />
automóvel”, afirma o manifesto.<br />
A longo prazo, concluem as associações<br />
signatárias, “isto apenas poderá ser assegurado<br />
com uma solução técnica em<br />
que a ‘inteligência’ esteja no automóvel,<br />
implementando no veículo uma plataforma<br />
telemática interoperável normalizada,<br />
tal como se pretende com a função eCall”.<br />
A era da telemática no automóvel está iminente<br />
e todo o aftermarket espera que os<br />
decisores da UE a tornem benéfica para<br />
todos, especialmente para as <strong>PME</strong>, pois<br />
estas são o pilar da economia da UE. E,<br />
sendo as mais enraizadas localmente,<br />
poderão fornecer serviços personalizados<br />
aos consumidores.<br />
<strong>PME</strong> Líder & Excelência Aftermarket Junho <strong>2017</strong><br />
43