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A VIDA É UM VERBO<br />
A linguagem é criada para o uso diário, é criada para a vida<br />
mundana. No que diz respeito a isso, ela é boa. É perfeitamente<br />
adequada para o mercado, mas, quando você começa a mergulhar em<br />
águas mais profundas, ela se torna cada vez mais inadequada — não<br />
apenas inadequada: ela começa a ficar absolutamente incorreta.<br />
Por exemplo, pense nestas duas palavras: experiência e<br />
experienciar. Quando você usa a palavra experiência, ela lhe transmite<br />
uma sensação de conclusão, como se algo tivesse chegado a um ponto<br />
final. Na vida não existem pontos finais. A vida não sabe<br />
absolutamente nada sobre pontos finais — ela é um processo<br />
contínuo, um rio eterno. O objetivo nunca chega. Está sempre<br />
chegando, mas nunca chega. Portanto, a palavra experiência não é<br />
correta. Ela transmite uma noção falsa de conclusão, de perfeição. Faz<br />
com que você sinta que chegou. Experienciar é muito mais verdadeiro.<br />
No que diz respeito à vida de verdade, todos os substantivos são<br />
errados, só os verbos são verdadeiros. Quando você diz "Isto é uma<br />
árvore", está fazendo uma afirmação errada do ponto de vista<br />
existencial. Não do ponto de vista lingüístico ou gramatical, mas do<br />
ponto de vista existencial você está fazendo uma afirmação errada,<br />
porque a árvore não é uma coisa estática. Ela está crescendo. Ela<br />
nunca está em um estado de "ausência de ser", está sempre se<br />
tornando algo. De fato, chamá-la de árvore não está correto. Ela esta<br />
arborescendo. O rio está enriezando.<br />
Se você olhar a vida a fundo, os substantivos desaparecem e só<br />
ficam os verbos. Mas isso criará um problema no mundo lá fora.<br />
<br />
Você não pode dizer às pessoas: "Eu fui a um enriezando" ou