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escolher e tudo é como é, nada pode ser feito — e Deus é tanto uma coisa quanto outra.<br />
O ego desaparece juntamente com quem escolhe e com a escolha. Então você aceita,<br />
simplesmente aceita! É tão belo comer quanto sentir fome.<br />
Isso é difícil para a mente. A mente cambaleia, desnorteia-se, perde o apoio, sentese<br />
tonta — como se você estivesse à beira de um abismo. Por que isso acontece? Porque a<br />
mente quer uma escolha definida: "Ou isso ou aquilo." E Heráclito diz: "Nem isso, nem<br />
aquilo — ou ambos." Pergunte a Mahavir, pergunte a Buda, e eles dirão: "Desejo?<br />
Abandone o desejo! Torne-se sem desejos — escolha! Fique contente, profundamente<br />
contente; abandone o descontentamento!" Heráclito penetra ainda mais fundo. Diz:<br />
"Quem existe para abandonar? Quem abandonará? Deus é as duas coisas!" E quando você<br />
pode sentir isso, que Deus é as duas coisas, que tudo é abençoado, tudo se torna sagrado.<br />
Há então uma alegria também quando há fome. No desejo há também um nãodesejo.<br />
Na raiva há também compaixão. E se você não conheceu a raiva que é compassiva,<br />
a raiva que é compaixão, ainda não conheceu realmente a vida. Se ainda não conheceu a<br />
escuridão que também é luz, a frigidez que também é cálida — se ainda não conheceu<br />
isso, deixou passar o grande clímax.<br />
O êxtase, o supremo, o supremo orgasmo com o universo acontece onde os<br />
opostos se encontram — onde os opostos se encontram. Deus é ambos; homem e mulher,<br />
guerra e paz.<br />
E o homem tem estado em dificuldade porque esteve sempre escolhendo. A<br />
sociedade tem permanecido sempre desequilibrada, todas as sociedades e civilizações<br />
têm permanecido desequilibradas, porque tudo depende da escolha. Nós criamos uma<br />
sociedade no mundo que é orientada para o masculino, orientada para a guerra. A mulher<br />
foi eliminada, não tem contribuições a fazer — ela é escura, é paz, é silêncio, é<br />
passividade, é compaixão, não é guerra; a mulher é saciedade e não desejo. O homem é<br />
desejo — a excitação, a aventura, a guerra; está sempre indo a algum lugar, sempre<br />
chegando em algum lugar, encontrando alguma coisa, buscando, procurando.<br />
O homem é o vagabundo, a mulher é o lar. Mas quando ambos se encontram,<br />
quando o vagabundo chega em casa, quando o desejo e a saciedade se encontram,<br />
quando atividade e passividade se encontram, aí surge a maior harmonia — a harmonia<br />
oculta.<br />
Nós criamos a sociedade orientada para o masculino e por isso existe guerra — e a<br />
paz não é verdadeira. Nossa paz é apenas um intervalo entre duas guerras; não é<br />
verdadeira, é só uma preparação para outra guerra. Volte atrás e olhe para a história: a