Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

Surge o primeiro problema: se você quer conhecer a si mesmo tem de abandonar suas falsas imagens, tem que se ver como você é — e isso não é muito bonito, esse é o problema. Não é muito bonito, e é por isso que você criou belas imagens — para se esconder. Se você se vir na sua nudez total, não verá uma cena muito bonita: verá raiva, verá ciúme, verá ódio, verá milhões de coisas erradas ao seu redor. E você se considera uma grande amante — e tem ciúme, possessividade, ódio, raiva, e todos os tipos de negatividade. Você se considera uma pessoa muito bonita — mas quando entra dentro de si mesmo, encontra a feiúra... e imediatamente dá as costas. É por isso que há milhares de anos os Budas têm ensinado: "Conhece-te a ti mesmo." Mas ninguém os ouve. Conhecer-se parece ser uma coisa tão difícil — por que? Porque você tem de enfrentar fenômenos feios. Eles existem e é preciso passar por eles. Você tem um belo ser interior, mas esse belo ser não está na periferia, está no centro. Para alcançar o centro, você tem de passar pela periferia. E você não pode fugir, não há como escapar, é preciso passar por ela. Você tem de atravessar toda a feiúra, toda a negatividade, ódio, ciúme, violência, agressão, e se estiver pronto e maduro o suficiente para passar pela periferia, só então alcançará o centro. Aí a cena muda. No centro, você é Deus; na periferia, é o mundo — e o mundo é feito. Na periferia você nada mais é que uma sociedade em miniatura, e a sociedade é feia. Na periferia você é um Napoleão, um Hitler, um Gengis Khan, um Timur Leng, todos os políticos e todos os loucos do mundo. Na periferia você é uma miniatura de tudo isso; é toda a história da agressividade, da violência, da opressão, da escravidão. Na periferia, lembre-se, você é a história que pertence a este mundo. Tudo está envolvido; tem de ser assim porque a mente não lhe pertence, é um produto social. A mente carrega todos os germes do passado, todos os males do passado, toda a feiúra do passado, porque a mente pertence ao coletivo. Existem determinados momentos em que você pode ver ou observar o seu próprio Genghis Khan, o seu próprio Hitler. Existem momentos em que você pode ver que gostaria de assassinar, de matar e destruir o mundo inteiro. Você precisa ser corajoso para passar pela periferia, para ser uma testemunha. E se você conseguir penetrar nessa periferia, nessa sociedade, na história, então você será, no centro, o próprio Deus. Há então uma beleza infinita — mas essa beleza infinita é intocável pela sociedade, não é a periferia. Então você é inocente como um recémnascido, fresco como uma gota de orvalho pela manhã, incontaminado. Mas para chegar a isso, você tem de passar por toda a feiúra. Toda a história do homem tem de ser atravessada. Você não pode simplesmente evitá-la.

É isso o que você tem feito. E é por isso que o autoconhecimento tornou-se difícil — você quer evitá-lo. A única maneira de evitá-lo é fechar os olhos, não ver. Criar como contrapartida um sonho privado. Olhar para você mesmo como você gostaria de ser — todos os ideais, utopias, belas imagens. Fazer um pequeno nicho perto da periferia — bonito, enfeitado — e não olhar para a periferia, ficar de costas para ela. E então Heráclito diz: "Conhece-te a ti mesmo", porque essa é a única sabedoria. Você tem medo de sair do seu lugar enfeitado, porque bem perto dele está o vulcão — entrará em erupção a qualquer momento. Assim, as pessoas falam sobre o autoconhecimento, discutem a respeito, escrevem sobre ele, criam sistemas, mas nunca o experimentam. Mesmo os que estão sempre falando em conhecer o ser, falam apenas nisso, argumentam a respeito, discutem, mas nunca o experimentam na realidade efetiva. E o auto-conhecimento é uma experiência existencial, não uma teoria. Teorias não funcionarão. Teorias também serão apenas parte da sua decoração. Elas não quebrarão o gelo. Elas não romperão a periferia. Não o levarão para o centro. Você ouve as pessoas: se elas dizem que você é Deus, você se sente muito feliz; se dizem que você é uma alma eterna, você se sente muito feliz. Mas você pinta e enfeita essas teorias também. Elas também são um truque, são fugas — não o ajudarão. Ande pela Índia. Todos sabem que mundo todo é parte de Deus, todos são 'brahmans'. E veja como suas vidas são feias. Olhe para a vida dessas pessoas que falam sobre Deus; você não encontrará nem uma única partícula, nem mesmo uma partícula atômica daquilo que elas estão dizendo. Elas não falam para convencê-lo, mas sim para convencerem a si mesmas. Entretanto, continuam na periferia e também sentem medo de se mover. O medo existe. Tem de ser abandonado. Lembre-se: antes de alcançar a suprema graça você terá de passar por um longo sofrimento. Antes de alcançar o infinito, o eterno, você terá de passar pelo temporal, por toda a história do homem. É inerente, está em todas as células do seu corpo, em todas as células da sua mente e cérebro — e você não pode evitar isso. Todo o passado está aí com você, está em você, tem de ser atravessado. É um pesadelo, é um pesadelo muito, muito longo, milhões de anos, mas é necessário passar por ele --- essa é a dificuldade. O sofrimento tem de ser vivido; esse é o significado de Jesus na cruz. Através do sofrimento ele alcança a ressurreição; através do sofrimento você alcançará o autoconhecimento. Portanto, não tente evitá-lo — não é possível evitá-lo. Quanto mais o fizer, mais oportunidades estará perdendo. Enfrente? Não há nada a ser feito, exceto enfrentá-lo. E quanto mais intensamente você o enfrentar, mais depressa ele desaparecerá.

Surge o primeiro problema: se você quer conhecer a si mesmo tem de abandonar<br />

suas falsas imagens, tem que se ver como você é — e isso não é muito bonito, esse é o<br />

problema. Não é muito bonito, e é por isso que você criou belas imagens — para se<br />

esconder. Se você se vir na sua nudez total, não verá uma cena muito bonita: verá raiva,<br />

verá ciúme, verá ódio, verá milhões de coisas erradas ao seu redor. E você se considera<br />

uma grande amante — e tem ciúme, possessividade, ódio, raiva, e todos os tipos de<br />

negatividade. Você se considera uma pessoa muito bonita — mas quando entra dentro de<br />

si mesmo, encontra a feiúra... e imediatamente dá as costas.<br />

É por isso que há milhares de anos os Budas têm ensinado: "Conhece-te a ti<br />

mesmo." Mas ninguém os ouve. Conhecer-se parece ser uma coisa tão difícil — por que?<br />

Porque você tem de enfrentar fenômenos feios. Eles existem e é preciso passar por eles.<br />

Você tem um belo ser interior, mas esse belo ser não está na periferia, está no centro.<br />

Para alcançar o centro, você tem de passar pela periferia. E você não pode fugir, não há<br />

como escapar, é preciso passar por ela. Você tem de atravessar toda a feiúra, toda a<br />

negatividade, ódio, ciúme, violência, agressão, e se estiver pronto e maduro o suficiente<br />

para passar pela periferia, só então alcançará o centro. Aí a cena muda.<br />

No centro, você é Deus; na periferia, é o mundo — e o mundo é feito. Na periferia<br />

você nada mais é que uma sociedade em miniatura, e a sociedade é feia. Na periferia você<br />

é um Napoleão, um Hitler, um Gengis Khan, um Timur Leng, todos os políticos e todos os<br />

loucos do mundo. Na periferia você é uma miniatura de tudo isso; é toda a história da<br />

agressividade, da violência, da opressão, da escravidão. Na periferia, lembre-se, você é a<br />

história que pertence a este mundo. Tudo está envolvido; tem de ser assim porque a<br />

mente não lhe pertence, é um produto social. A mente carrega todos os germes do<br />

passado, todos os males do passado, toda a feiúra do passado, porque a mente pertence<br />

ao coletivo. Existem determinados momentos em que você pode ver ou observar o seu<br />

próprio Genghis Khan, o seu próprio Hitler. Existem momentos em que você pode ver que<br />

gostaria de assassinar, de matar e destruir o mundo inteiro.<br />

Você precisa ser corajoso para passar pela periferia, para ser uma testemunha. E se<br />

você conseguir penetrar nessa periferia, nessa sociedade, na história, então você será, no<br />

centro, o próprio Deus. Há então uma beleza infinita — mas essa beleza infinita é<br />

intocável pela sociedade, não é a periferia. Então você é inocente como um recémnascido,<br />

fresco como uma gota de orvalho pela manhã, incontaminado. Mas para chegar a<br />

isso, você tem de passar por toda a feiúra. Toda a história do homem tem de ser<br />

atravessada. Você não pode simplesmente evitá-la.

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