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Esse homem será uma liberdade aqui neste seu mundo de escravidão. Você<br />
gostaria de não ser explorado? Sim, você responderá, você gostaria de não ser explorado.<br />
Gostaria de não ser um prisioneiro? Sim, você gostaria de não ser um prisioneiro. Mas<br />
gostaria também da outra coisa? — de não prender ninguém? Não dominar, não oprimir e<br />
explorar? Não matar o espírito, não transformar o outro num objeto? Isso é difícil. E<br />
lembre-se: se você quiser dominar, você será dominado. Se você quiser explorar, você<br />
será explorado. Se você quiser que alguém seja seu escravo, você será escravizado. Os<br />
dois lados pertencem à mesma moeda. Esta é a dificuldade do autoconhecimento. Senão,<br />
o autoconhecimento seria a coisa mais simples, a mais fácil. Não haveria nenhuma<br />
necessidade de se fazer qualquer esforço.<br />
Os esforços são necessários para essas duas coisas, elas são as barreiras. Observe e<br />
veja essas duas barreiras, e comece abandonando a sua. Primeiro, pare de dominar, de<br />
possuir e explorar, e de repente será capaz de escapar da armadilha da sociedade.<br />
O ego é o problema, é por isso que você não se pode conhecer. O ego lhe dá<br />
indubitáveis imagens falsas de si mesmo. E se você carrega essas imagens consigo durante<br />
muito tempo, começa a sentir medo.<br />
Teme que se a sua imagem desmoronar, a sua identidade será quebrada. Você cria<br />
uma falsa face e depois sente medo: se essa máscara cair, .quem será você? Você<br />
enlouquecerá. Você investiu demais nela. E todos pensam em si mesmos em termos tão<br />
elevados, em termos tão falsos; ninguém concorda com eles, ninguém os aprova, mas o<br />
ego deles acha que todos estão errados.<br />
Eu conhecia um homem muito velho. Vivia numa cidade, na mesma casa, há quase<br />
meio século; nunca saíra da cidade, na verdade nem mesmo conhecia a cidade. Ficava<br />
sempre em casa, era um tipo de homem muito introvertido e isolado; não tinha amigos,<br />
não se casara, era um solteirão; não tinha filhos, e seus pais já haviam morrido — era só.<br />
As pessoas o consideravam um pouco excêntrico, um pouco louco. Ninguém jamais o<br />
visitava e ele nunca saía para ver ninguém. Então, de repente, surpreendeu toda a cidade<br />
e a vizinhança: estava mudando para a casa do lado. Os vizinhos perguntaram: "Por que?"<br />
Durante meio século ele tinha vivido na mesma, casa — por que, tão de repente?<br />
O homem disse: "Rapazes, parece ser o cigano que existe em mim."<br />
É a imagem dele. Se você concorda ou não, não interessa; mas ele acha que é um<br />
cigano. E é assim que vocês todos estão carregando suas próprias imagens.