Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

Se Jesus quiser sentir raiva, ele poderá; poderá usar a raiva. Você não pode usá-la — está sendo usado por ela. Se Jesus sente que pode ser bom e útil, pode usar qualquer coisa — ele é um Mestre. Jesus pode sentir raiva sem estar com raiva. Muitas pessoas trabalharam com Gurdjieff, e ele era um homem terrível. Quando sentia raiva, enraivecia terrivelmente, parecia um assassino; mas era apenas um jogo; só um jogo, só uma situação para ajudar alguém. E imediatamente, simultaneamente, ele olhava para outra pessoa e sorria. Olhava outra vez para a pessoa a quem dirigia a sua raiva, novamente se enraivecia e fazia uma cara terrivelmente feia. Isso é possível. Quando se está consciente pode-se usar tudo. Até mesmo o veneno se torna um elixir quando você está atento; mas quando está dormindo até um elixir pode ser venenoso — porque tudo depende do seu estado de alerta. Os atos não significam nada. Os atos não têm importância. Você, a sua atenção, o seu estar consciente, atento, é o que interessa. O que você faz não importa. Aconteceu: havia um grande Mestre, um Mestre budista, Nagarjuna. Um ladrão o procurou. O ladrão havia se apaixonado pelo Mestre porque nunca vira ninguém tão bonito, com uma graça tão infinita. Perguntou a Nagarjuna: "Existe alguma possibilidade de que eu também cresça? Mas uma coisa precisa ser esclarecida: sou um ladrão. E outra coisa: Não posso abandonar isso, portanto, que não seja essa a condição. Farei tudo o que você disser, mas não posso deixar de ser um ladrão. Já tentei muitas vezes — nunca consegui, por isso abandonei todos os esforços. Aceitei o meu destino, o de ser um ladrão, e continuar sendo, por isso não diga nada sobre isso. Desde o começo quero deixar isso claro". Nagarjuna disse: "Do que você tem medo? Quem vai dizer alguma coisa sobre o fato de você ser um ladrão?" O ladrão respondeu: "Mas sempre que procuro um monge, um religioso ou um padre, eles dizem: "Antes, pare de roubar!" Nagarjuna riu e disse: "Então você deve ter procurado ladrões; senão, por que se importariam? Eu não me importo!" O ladrão estava feliz. Disse: "Então tudo bem. Parece que agora posso me tornar um discípulo. Você é o Mestre certo". Nagarjuna aceitou. Disse: "Vá e faça o que quiser. Somente uma condição deve ser seguida: esteja alerta! Vá, arrombe as casas, entre, pegue coisas, roube; faça o que quiser, isso não é da minha conta, não sou um ladrão — mas faça com toda a atenção".

O ladrão não podia entender que estava caindo numa armadilha. Disse: "Está bem. Tentarei". Três semanas depois ele voltou e disse: "Você usou um truque, pois se estou alerta não posso roubar. Se roubo, a consciência desaparece. Estou em apuros". Nagarjuna disse: "Não fale mais em ser ladrão e roubar. Não estou interessado nisso, não sou um ladrão. Agora, decida! Se quiser estar consciente terá de decidir. Se não quiser, também terá de decidir". O homem disse: "Mas agora é difícil. Experimentei um pouco e é tão bonito — abandonarei tudo, tudo o que você disser". E continuou: "Ontem à noite entrei no palácio real pela primeira vez. Abri o tesouro. Poderia ter-me tornado o homem mais rico da terra — mas você estava atrás de mim e eu tive de estar alerta. Quando estava alerta, subitamente desapareceram as motivações, os desejos. Quando estava alerta, os diamantes eram pedras, pedras comuns. Quando perdi esse estado, o tesouro estava ali outra vez. Esperei e fiz isso muitas vezes. Alerta, tornei-me um Buda, e não pude nem mesmo tocar em nada pois tudo parecia tolice, estupidez — apenas pedras, o que estou fazendo? Perdendo a mim mesmo por causa de pedras? Mas depois eu perdia a consciência; a ilusão retornava e de novo elas tornavam-se belas. Mas no final decidi que não valia a pena". Quando você conhece a consciência, nada mais vale a pena — você já conheceu a maior graça da vida. Então, subitamente, muitas coisas simplesmente desaparecem; tornam-se estúpidas, tolas. A motivação não existe, o desejo não existe, os sonhos ruíram. Não se deve agir ou falar como os que dormem. Esta é a única chave. Os despertos têm um mundo em comum; os adormecidos, cada um o seu próprio mundo privado. Os sonhos são privados, absolutamente privados! Ninguém pode entrar em seus sonhos. Você não pode compartilhar um sonho com a pessoa amada. Maridos e esposas dormem na mesma cama mas sonham separadamente. É impossível compartilhar um sonho porque este não é nada — como se pode compartilhar o nada? É como uma bolha, é absolutamente não-existencial; não se pode compartilhá-lo, você tem de sonhar sozinho.

Se Jesus quiser sentir raiva, ele poderá; poderá usar a raiva. Você não pode usá-la<br />

— está sendo usado por ela. Se Jesus sente que pode ser bom e útil, pode usar qualquer<br />

coisa — ele é um Mestre. Jesus pode sentir raiva sem estar com raiva. Muitas pessoas<br />

trabalharam com Gurdjieff, e ele era um homem terrível. Quando sentia raiva, enraivecia<br />

terrivelmente, parecia um assassino; mas era apenas um jogo; só um jogo, só uma<br />

situação para ajudar alguém. E imediatamente, simultaneamente, ele olhava para outra<br />

pessoa e sorria. Olhava outra vez para a pessoa a quem dirigia a sua raiva, novamente se<br />

enraivecia e fazia uma cara terrivelmente feia.<br />

Isso é possível. Quando se está consciente pode-se usar tudo. Até mesmo o<br />

veneno se torna um elixir quando você está atento; mas quando está dormindo até um<br />

elixir pode ser venenoso — porque tudo depende do seu estado de alerta.<br />

Os atos não significam nada. Os atos não têm importância. Você, a sua atenção, o<br />

seu estar consciente, atento, é o que interessa. O que você faz não importa.<br />

Aconteceu: havia um grande Mestre, um Mestre budista, Nagarjuna. Um ladrão o<br />

procurou. O ladrão havia se apaixonado pelo Mestre porque nunca vira ninguém tão<br />

bonito, com uma graça tão infinita. Perguntou a Nagarjuna: "Existe alguma possibilidade<br />

de que eu também cresça? Mas uma coisa precisa ser esclarecida: sou um ladrão. E outra<br />

coisa: Não posso abandonar isso, portanto, que não seja essa a condição. Farei tudo o que<br />

você disser, mas não posso deixar de ser um ladrão. Já tentei muitas vezes — nunca<br />

consegui, por isso abandonei todos os esforços. Aceitei o meu destino, o de ser um ladrão,<br />

e continuar sendo, por isso não diga nada sobre isso. Desde o começo quero deixar isso<br />

claro".<br />

Nagarjuna disse: "Do que você tem medo? Quem vai dizer alguma coisa sobre o<br />

fato de você ser um ladrão?"<br />

O ladrão respondeu: "Mas sempre que procuro um monge, um religioso ou um<br />

padre, eles dizem: "Antes, pare de roubar!"<br />

Nagarjuna riu e disse: "Então você deve ter procurado ladrões; senão, por que se<br />

importariam? Eu não me importo!"<br />

O ladrão estava feliz. Disse: "Então tudo bem. Parece que agora posso me tornar<br />

um discípulo. Você é o Mestre certo".<br />

Nagarjuna aceitou. Disse: "Vá e faça o que quiser. Somente uma condição deve ser<br />

seguida: esteja alerta! Vá, arrombe as casas, entre, pegue coisas, roube; faça o que quiser,<br />

isso não é da minha conta, não sou um ladrão — mas faça com toda a atenção".

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