Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

Gurdjieff chama de lembrança de si, o que Buda chama de estar corretamente atento, o que Krishnamurti chama de consciência, o que Kabir chamou de surati: estar presente! Isso é tudo o que é preciso, mais nada; você não precisa mudar nada. E mesmo que tente ajudar, não pode. Você tem tentado mudar muitas coisas dentro de si. Conseguiu? Quantas vezes decidiu não sentir raiva novamente? O que houve com a sua decisão? Quando chega a hora voce cai de novo na mesma armadilha: sente raiva e quando a raiva se vai, você se arrepende. Tornou-se um círculo vicioso: descarrega a raiva e se arrepende, depois está pronto para descarregar outra vez. Lembre-se: mesmo quando está se arrependendo, você não está presente; esse arrependimento também faz parte do pecado. É por isso que nada acontece. Você continua tentando, tentando, toma muitas decisões, faz muitas promessas, mas nada acontece — você permanece igual, é exatamente o mesmo que quando nasceu, nem uma leve mudança aconteceu em você. Não que você não tenha tentado, não que não tenha feito o suficiente. Você tentou, tentou, tentou, e fracassou, porque não é uma questão de esforço. Mais esforço não vai adiantar. É uma questão de estar alerta, e não de se esforçar. Se você está alerta, muitas coisas simplesmente desaparecem; você não precisa abandona-las. Quando se está alerta certas coisas são impossíveis. Esta é minha definição de pecado: estando alerta, certas coisas não são possíveis — elas são pecados; estando alerta, somente certas coisas são possíveis — as virtudes. Não existe nenhuma outra definição, nenhum outro critério. Você não pode se apaixonar se estiver alerta; apaixonarse é um pecado. Você pode amar, mas isso não será uma queda, será uma ascensão. Por que se usa o termo 'cair de amor'? É uma queda; você está caindo, não se elevando. Em estado de alerta, cair é impossível — nem mesmo por amor. Não é possível, é simplesmente impossível! Estando alerta, é impossível — você se eleva no amor. E elevar-se no amor é um fenômeno totalmente diferente de cair de amor. Cair de amor é um estado de sonho. Por isso é possível ver as pessoas apaixonadas pelos seus olhos: é como se elas estivessem mais adormecidas do que as outras, estivessem intoxicadas, sonhando. Podese ver que os seus olhos revelam uma sonolência. As pessoas que se elevam no amor são totalmente diferentes. Pode-se ver que elas não estão mais num sonho, estão vendo a realidade e crescendo através dela.

Caindo de amor você permanece criança; elevando-se no amor você amadurece. E aos poucos o amor vai se tornando não um relacionamento, mas um estado de ser. E, assim, você não ama mais isso ou aquilo, não — você simplesmente ama. Seja quem for que se aproxime, você compartilha. Dá o seu amor a tudo o que está acontecendo. Toca uma pedra como se estivesse tocando o corpo da pessoa amada. Olha as árvores como se estivesse olhando para a pessoa amada. Torna-se um estado de ser, Não que você esteja amando — agora, você é amor. Isto é elevar-se e não cair. O amor é belo quando através dele você se eleva, e o amor torna-se sujo e feio quando através dele você cai. E mais cedo ou mais tarde você acaba descobrindo que é um veneno, torna-se uma escravidão. Você foi apanhado nele, a sua liberdade foi massacrada, as suas asas foram cortadas, agora você não é mais livre. Cair no amor é tornar-se possessivo; você possui e permite que o outro o possua. Você se torna uma coisa e tenta transformar o outro por quem você se apaixonou numa coisa. Veja um marido e uma esposa: ambos tornaram-se objetos, não são mais pessoas. Ambos estão tentando possuir um ao outro — somente as coisas podem ser possuídas, as pessoas jamais! Como se pode possuir uma pessoa? Como se pode dominar uma pessoa? Como se pode converter uma pessoa em posse? Impossível! Mas o marido está tentando possuir a esposa; a esposa está tentando a mesma coisa. Há então uma colisão, ambos se tornam basicamente inimigos, destróem-se mutuamente. Aconteceu que certa vez Mulla Nasrudin foi ao escritório de um cemitério e reclamou ao gerente: "Sei que minha esposa está enterrada aqui em seu cemitério mas não consigo encontrar o seu túmulo". O gerente consultou os registros e perguntou: "Qual é o nome dela?" Mulla respondeu: "Senhora Mulla Nasrudin". Ele olhou novamente e disse: "Não há nenhuma Senhora Mulla Nasrudin, mas sim um Mulla Nasrudin". E continuou: "Sentimos muito, parece que há alguma coisa errada no registro". Nasrudin disse: "Não há nada errado. Onde é o túmulo de Mulla Nasrudin? — porque tudo está no meu nome". Até mesmo o túmulo da esposa!

Gurdjieff chama de lembrança de si, o que Buda chama de estar corretamente atento, o<br />

que Krishnamurti chama de consciência, o que Kabir chamou de surati: estar presente!<br />

Isso é tudo o que é preciso, mais nada; você não precisa mudar nada. E mesmo que tente<br />

ajudar, não pode.<br />

Você tem tentado mudar muitas coisas dentro de si. Conseguiu? Quantas vezes<br />

decidiu não sentir raiva novamente? O que houve com a sua decisão? Quando chega a<br />

hora voce cai de novo na mesma armadilha: sente raiva e quando a raiva se vai, você se<br />

arrepende. Tornou-se um círculo vicioso: descarrega a raiva e se arrepende, depois está<br />

pronto para descarregar outra vez.<br />

Lembre-se: mesmo quando está se arrependendo, você não está presente; esse<br />

arrependimento também faz parte do pecado. É por isso que nada acontece. Você<br />

continua tentando, tentando, toma muitas decisões, faz muitas promessas, mas nada<br />

acontece — você permanece igual, é exatamente o mesmo que quando nasceu, nem uma<br />

leve mudança aconteceu em você. Não que você não tenha tentado, não que não tenha<br />

feito o suficiente. Você tentou, tentou, tentou, e fracassou, porque não é uma questão de<br />

esforço. Mais esforço não vai adiantar. É uma questão de estar alerta, e não de se<br />

esforçar.<br />

Se você está alerta, muitas coisas simplesmente desaparecem; você não precisa<br />

abandona-las. Quando se está alerta certas coisas são impossíveis. Esta é minha definição<br />

de pecado: estando alerta, certas coisas não são possíveis — elas são pecados; estando<br />

alerta, somente certas coisas são possíveis — as virtudes. Não existe nenhuma outra<br />

definição, nenhum outro critério. Você não pode se apaixonar se estiver alerta; apaixonarse<br />

é um pecado. Você pode amar, mas isso não será uma queda, será uma ascensão.<br />

Por que se usa o termo 'cair de amor'? É uma queda; você está caindo, não se<br />

elevando. Em estado de alerta, cair é impossível — nem mesmo por amor. Não é possível,<br />

é simplesmente impossível! Estando alerta, é impossível — você se eleva no amor. E<br />

elevar-se no amor é um fenômeno totalmente diferente de cair de amor. Cair de amor é<br />

um estado de sonho.<br />

Por isso é possível ver as pessoas apaixonadas pelos seus olhos: é como se elas<br />

estivessem mais adormecidas do que as outras, estivessem intoxicadas, sonhando. Podese<br />

ver que os seus olhos revelam uma sonolência. As pessoas que se elevam no amor são<br />

totalmente diferentes. Pode-se ver que elas não estão mais num sonho, estão vendo a<br />

realidade e crescendo através dela.

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