Osho - A Harmonia Oculta
tudo bem. Estou no caminho certo." O seu ego sente-se satisfeito. Se você estiver com bom humor, será essa a sua interpretação. Se estiver com mau humor, pensará: "Ele sorriu — não disse sim, está sendo delicado, mas eu não estou indo a parte alguma." De qualquer maneira você perdeu, pois se houvesse um sim para ser dito, eu teria dito. Não o teria colocado nessa situação de buscar uma interpretação. Se tivesse que dizer sim, eu teria dito. Se tivesse que dizer não, eu também teria dito. Mas simplesmente sorri. Não disse sim, nem não. Na verdade, eu não disse nada — dei um sinal. Não o interprete. Deixe que esse sorriso entre profundamente em seu coração. Deixe que fique lá. Lembre-se dele algumas vezes e ponha-o de volta no coração, deixe-o dissolver-se dentro de você, não tente encontrar seu significado — e isso ajudará a sua meditação. Um dia, de repente, num profundo estado meditativo, você começará a sorrir exatamente como eu sorri, porque esse será um momento de compreensão. Então você poderá rir, porque saberá qual o significado. A vida é sutil. O sim e o não, não podem ser usados. A vida é tão sutil que se você disser sim a falsificará, se disser não a falsificará. E a linguagem é muito pobre. Só conhece duas coisas: sim ou não. E a vida é muito rica: conhece posturas e posições infinitas entre o sim e o não — infinitas graduações. É um espectro de milhares e milhares de cores. Sim e não são muito pobres — você nada diz. "Sim e não" significa que você dividiu a vida em preto e branco, mas a vida possui milhares de cores, é um arco-íris. O preto e o branco, na verdade, não são cores. Com exceção do preto e do branco, todas as cores existem. Você precisa entender isso. O preto é a ausência de todas as cores; não é uma cor. Quando nenhuma cor está presente, o vazio é uma negritude. Em si, não é uma cor. É por isso que não se encontra o preto na natureza. Não é uma quantidade. É uma ausência. E o branco também não é uma cor. É uma mistura de todas as cores. Se você misturar todas as cores, terá o branco. Não é uma cor. O branco é um pólo, o preto é o outro pólo. A presença de todas as cores é o branco, a ausência de todas as cores é o preto. Entre essas duas polaridades existem as cores reais — verde, vermelho, amarelo e todos os matizes, milhares de matizes. Quando eu sorrio, não estou dizendo branco ou preto, sim ou não — estou lhe indicando uma cor do espectro, uma cor real. Não tente interpretar, porque se o fizer, você dirá que é preto ou é branco, e não é nenhum dos dois. É alguma coisa entre ambos e é tão sutil que as palavras não podem expressar. Se as palavras pudessem expressar, eu teria dito uma palavra a você. Não lhe criaria problemas desnecessários. Você vem, diz alguma coisa e eu não respondo. As vezes acontece de você me ver e eu não perguntar nada, simplesmente me esqueço de você. Pergunto aos outros e simplesmente deixo você de lado. Você interpreta. Por que? Não interprete. Permita
apenas que esse gesto cale fundo em você. Algum dia, num estado muito, muito meditativo, o significado florescerá. Estou semeando em você, e não lhe fornecendo palavras e teorias. Quando eu for embora, por favor, lembre-se de mim como um poeta, não como um filósofo. A poesia precisa ser entendida de um modo diferente — você precisa amar a poesia e não interpretá-la. Precisa repeti-la muitas vezes para que ela se misture ao seu sangue, aos seus ossos, ao seu próprio tutano. Você tem de cantar a poesia muitas vezes para poder sentir todas as nuances, os seus matizes sutis. Precisa sentar-se simplesmente e deixar que a poesia entre dentro de você para que se torne uma força viva. Você a digere e depois se esquece, ela entra cada vez mais fundo, mais fundo, e o transforma. Deixe-me ser lembrado como um poeta. É claro que não estou escrevendo poesia com palavras. Estou escrevendo a poesia num veículo mais sutil — em você. E é isso que toda a existência está fazendo. Heráclito diz: O Senhor, cujo oráculo está em Delfos, não fala nem cala — mas dá sinais. Um sinal não é para ser interpretado. É para que se viva através dele. A sua mente será tentada a interpretar. Não seja tentado pela mente. Diga a ela: "Esse campo não é seu, isso não é para você. Brinque com outras coisas. Deixe que isso penetre em meu ser." E é isso o que estou fazendo quando falo com vocês. Não estou falando para a mente de vocês — estou falando a vocês enquanto seres, seres luminosos, enquanto deuses encarnados, enquanto possibilidades, enquanto potencialidades infinitas. Falo aos seus futuros, não aos seus passados. O passado de vocês é lixo, joguem-no fora! Não o carreguem! Falo aos seus futuros — ao inesperado, ao desconhecido. Pouco a pouco, vocês se tornarão capazes de ouvir esta música, a música do desconhecido, a música na qual todos os opostos desaparecem e surge uma harmonia oculta. Sim, a natureza ama se esconder, porque a natureza é um mistério. Não é uma questão, não é um enigma a ser solucionado É um mistério a ser vivido, desfrutado, celebrado.
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apenas que esse gesto cale fundo em você. Algum dia, num estado muito, muito<br />
meditativo, o significado florescerá. Estou semeando em você, e não lhe fornecendo<br />
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Quando eu for embora, por favor, lembre-se de mim como um poeta, não como<br />
um filósofo.<br />
A poesia precisa ser entendida de um modo diferente — você precisa amar a<br />
poesia e não interpretá-la. Precisa repeti-la muitas vezes para que ela se misture ao seu<br />
sangue, aos seus ossos, ao seu próprio tutano. Você tem de cantar a poesia muitas vezes<br />
para poder sentir todas as nuances, os seus matizes sutis. Precisa sentar-se simplesmente<br />
e deixar que a poesia entre dentro de você para que se torne uma força viva. Você a<br />
digere e depois se esquece, ela entra cada vez mais fundo, mais fundo, e o transforma.<br />
Deixe-me ser lembrado como um poeta. É claro que não estou escrevendo poesia<br />
com palavras. Estou escrevendo a poesia num veículo mais sutil — em você. E é isso que<br />
toda a existência está fazendo.<br />
Heráclito diz:<br />
O Senhor, cujo oráculo está em Delfos,<br />
não fala nem cala — mas dá sinais.<br />
Um sinal não é para ser interpretado. É para que se viva através dele. A sua mente<br />
será tentada a interpretar. Não seja tentado pela mente. Diga a ela: "Esse campo não é<br />
seu, isso não é para você. Brinque com outras coisas. Deixe que isso penetre em meu ser."<br />
E é isso o que estou fazendo quando falo com vocês.<br />
Não estou falando para a mente de vocês — estou falando a vocês enquanto seres,<br />
seres luminosos, enquanto deuses encarnados, enquanto possibilidades, enquanto<br />
potencialidades infinitas. Falo aos seus futuros, não aos seus passados. O passado de<br />
vocês é lixo, joguem-no fora! Não o carreguem! Falo aos seus futuros — ao inesperado, ao<br />
desconhecido. Pouco a pouco, vocês se tornarão capazes de ouvir esta música, a música<br />
do desconhecido, a música na qual todos os opostos desaparecem e surge uma harmonia<br />
oculta.<br />
Sim, a natureza ama se esconder, porque a natureza é um mistério. Não é uma<br />
questão, não é um enigma a ser solucionado É um mistério a ser vivido, desfrutado,<br />
celebrado.