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É isso o que significa um mistério. Diz muitas coisas sem dizer nada. Se você entrar<br />
na natureza para ver onde ela leva, não fique do lado de fora fazendo perguntas, porque<br />
nada pode ser feito — você precisa entrar nela. Se entrar, nunca voltará, porque no<br />
próprio movimento de entrada para dentro da existência... você estará perdendo o "seu<br />
ego, estará desaparecendo. Você alcançará o objetivo, mas nunca voltará para contar a<br />
estória. O pintor jamais voltou. Ninguém jamais volta. Ninguém pode voltar, porque<br />
quanto mais existencial você se torna, mais se perde.<br />
A existência abre milhares de portas para você, mas você fica de fora e quer saber<br />
coisas a respeito dela pelo lado de fora. Não há lado de fora na natureza. Quero repetir<br />
estas palavras: não há lado de fora na natureza — tudo está dentro. Pois como pode<br />
existir algo fora da natureza? O todo é o interior. E a mente está tentando o impossível —<br />
está tentando ficar do lado de fora, para observar, ver o que significa.<br />
Não, você tem de participar. Tem de entrar dentro dela, se unificar, e dispersar-se<br />
como uma nuvem — a paradeiros desconhecidos.<br />
Agora ouça estas palavras de Heráclito:<br />
Não seria melhor se as coisas acontecessem aos<br />
homens exatamente como eles querem.<br />
Por quê? Por que não seria melhor? Porque seja o que for que você quiser, estará<br />
errado — porque você está errado! Como pode querer, como pode desejar alguma coisa<br />
certa? Para desejar uma coisa certa, em primeiro lugar você precisa estar certo. Na<br />
ignorância, tudo o que for desejado o levará a um inferno cada vez mais profundo —<br />
porque o desejo faz parte de você, sai de você. Como pode vir qualquer outra coisa? Tudo<br />
o que vier será você. É por isso que os seus desejos criam cada vez mais problemas.<br />
Quanto mais você deseja, mais problemas cria. Quanto mais satisfaz os seus desejos, mais<br />
topa dificuldades. Mas não existem voltas, você tem de ir sempre em frente. Daí a<br />
insistência de todos os que conhecem em que, para encontrar a existência, a primeira<br />
coisa é não ter desejos.<br />
Não há nada errado em desejar; o desejo em si é belo... quando é um Buda que<br />
deseja. Mas se é você quem deseja, como pode desejar alguma coisa que o conduza à<br />
graça? Não — porque o desejo vem de você, faz parte de você, é uma continuidade. E se<br />
você está errado, o desejo só pode estar errado. Ele estará sempre repetindo você; é claro<br />
que em situações diferentes, em mundos diferentes, em planetas diferentes, mas o seu<br />
desejo repetirá você mesmo. O seu desejo não pode transformá-lo.