Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

Este é um período de criação. Logo haverá um de destruição. Os hindus chamam a isso de palaya, quando tudo desaparece. Os hindus criaram para isso uma bela teoria — Heráclito teria concordado com ela. Os hindus dizem que Brahma, o criador, tem seu próprio dia, um dia de vinte e quatro horas, um ciclo de vinte e quatro horas: doze horas dia e doze horas noite. O dia de doze horas é criação nossa — milhares e milhares de anos, eras e eras. Depois vem a noite de Brahma, então tudo desaparece, dorme, repousa — cansado, é claro. Para se rejuvenescer, para voltar, tudo retorna à não-existência. A existência é o dia, a existência desaparece, a energia repousa. Após o repouso o dia novamente vem, o sol nasce; as coisas aparecem outra vez, tudo recomeça. É um círculo. Metade do círculo é de manifestação e metade é de não-manifestação. Assim como uma árvore cresce, cresce, cresce e depois morre — mas não morre completamente: ela se recolhe nas sementes, torna-se não-manifesta, move-se para o sutil. As sementes caem no solo, a árvore desaparece, mas na estação certa as sementes de novo brotarão e a árvore inteira estará presente outra vez. E isso acontece — não porque exista alguém que controle, um deus ou um homem, ou alguma coisa — não há ninguém. A própria energia é suficiente. Não precisa nenhum controle. Não precisa que haja ninguém. A energia tem sua própria disciplina intrínseca. E isso parece estar exatamente correto, pois se você observar, sentirá como acontece. Se sente fome, você come é a fome desaparece. Para onde foi a fome? Tornouse não manifesta, moveu-se para a semente, para o sutil. Não está na periferia; voltou outra vez para o centro. Depois de algumas horas você sente fome nova-mente, a fome volta. Você come e a fome desaparece. Para onde vai? Se ela desaparecesse completamente, não poderia voltar. E ela volta nova e novamente — na mesma medida. Durante o dia você está acordado. Para onde foi o sono? Moveu-se para a semente, tornou-se sutil; está lá dentro de você, observando a hora certa de voltar a se manifestar; depois, à noite de novo se manifesta. Onde foi que desapareceu o seu dia? Você já observou isso? Enquanto está dormindo, para onde foi todo o mundo do dia? O comércio, a política, a identidade, tudo desapareceu — você voltou às sementes. Mas de manhã o sol nasce e você se levanta outra vez. De onde você vem? Do não-manifesto novamente para o manifesto — é um movimento centrífugo e centrípeto. O lótus fecha, o lótus se abre... numa medida regular. E isso é um fenômeno de energia, sem nenhuma personalidade, é impessoal. Impessoal, belo. Se fosse pessoal se tornaria feio. Todas as religiões tornaram-se feias

porque fizeram desse fenômeno algo pessoal, criaram nele uma pessoa. Essa pessoa é apenas um fenômeno imaginário que você criou. É por isso que existem milhares de deuses e todo o mundo tem sua própria noção de Deus. E quando se tem uma noção de Deus, as noções alheias parecem erradas, e então surgem os conflitos, os argumentos. E a sua noção de Deus não pode estar certa, porque você não está certo. Uma p9sgoa que está certa não precisa de nenhum Deus. Veja Buda, Heráclito, eles não precisam de nenhum Deus. H.G. Wells escreveu que Buda é o homem menos divino e ao mesmo tempo o mais divino. Pode-se encontrar alguém mais divino do que Buda? — e menos divino? Ele nunca fala sobre Deus — porque não projeta. Não tem nenhum medo interior para criar uma projeção. Ele não tem medo, então Deus desaparece — o seu medo é a causa. E quando Deus desaparece, toda a existência existe para que você sinta prazer e celebre. Energia é deleite. Blake disse que energia é deleite. Quando não há nenhum Deus você é livre, totalmente livre. Quando há um Deus lá em cima manipulando, você jamais pode ser livre — só pode ser uma marionete, com todas as cordas presas em Suas mãos. Todas as pessoas religiosas tornaram-se marionetes porque para tudo existe alguma outra pessoa responsável. Uma pessoa religiosa é totalmente livre. Religiosidade é liberdade. E com Deus não pode haver nenhuma liberdade. Como pode haver liberdade se existe um criador? Porque a qualquer momento Ele pode mudar de idéia — e Ele parece ser muito louco — pode mudar de idéia a qualquer hora e dizer: "Muito bem, desapareça!" Assim como a Bíblia conta que Ele disse: "Faça-se a luz", e a luz foi feita, a qualquer momento Ele pode dizer: "Que não haja luz". E então? — a luz desaparecerá. Então vocês não passam de marionetes. Parece que Ele joga xadrez e vocês são apenas as peças do jogo; seja o que for que Ele queira fazer com você, Ele faz. Isso parece muito feio. Se não existe liberdade não pode haver nenhuma consciência pois a consciência cresce com a liberdade. E a liberdade total só é possível quando não há ninguém controlando, manipulando, nenhum chefe; só então há liberdade. Mas a liberdade lhe dá medo. Você não quer ser livre. Você quer ser escravo — é por isso que inventa Deus. E se não existir nenhum Deus... por exemplo, os comunistas tentaram uma religião sem deus. Mas o homem é tão medroso que não pode viver sem deuses; assim os comunistas criaram os

Este é um período de criação. Logo haverá um de destruição. Os hindus chamam a<br />

isso de palaya, quando tudo desaparece. Os hindus criaram para isso uma bela teoria —<br />

Heráclito teria concordado com ela. Os hindus dizem que Brahma, o criador, tem seu<br />

próprio dia, um dia de vinte e quatro horas, um ciclo de vinte e quatro horas: doze horas<br />

dia e doze horas noite. O dia de doze horas é criação nossa — milhares e milhares de<br />

anos, eras e eras. Depois vem a noite de Brahma, então tudo desaparece, dorme, repousa<br />

— cansado, é claro. Para se rejuvenescer, para voltar, tudo retorna à não-existência. A<br />

existência é o dia, a existência desaparece, a energia repousa. Após o repouso o dia<br />

novamente vem, o sol nasce; as coisas aparecem outra vez, tudo recomeça. É um círculo.<br />

Metade do círculo é de manifestação e metade é de não-manifestação.<br />

Assim como uma árvore cresce, cresce, cresce e depois morre — mas não morre<br />

completamente: ela se recolhe nas sementes, torna-se não-manifesta, move-se para o<br />

sutil. As sementes caem no solo, a árvore desaparece, mas na estação certa as sementes<br />

de novo brotarão e a árvore inteira estará presente outra vez.<br />

E isso acontece — não porque exista alguém que controle, um deus ou um<br />

homem, ou alguma coisa — não há ninguém. A própria energia é suficiente. Não precisa<br />

nenhum controle. Não precisa que haja ninguém. A energia tem sua própria disciplina<br />

intrínseca.<br />

E isso parece estar exatamente correto, pois se você observar, sentirá como<br />

acontece. Se sente fome, você come é a fome desaparece. Para onde foi a fome? Tornouse<br />

não manifesta, moveu-se para a semente, para o sutil. Não está na periferia; voltou<br />

outra vez para o centro. Depois de algumas horas você sente fome nova-mente, a fome<br />

volta. Você come e a fome desaparece. Para onde vai? Se ela desaparecesse<br />

completamente, não poderia voltar. E ela volta nova e novamente — na mesma medida.<br />

Durante o dia você está acordado. Para onde foi o sono? Moveu-se para a<br />

semente, tornou-se sutil; está lá dentro de você, observando a hora certa de voltar a se<br />

manifestar; depois, à noite de novo se manifesta. Onde foi que desapareceu o seu dia?<br />

Você já observou isso? Enquanto está dormindo, para onde foi todo o mundo do dia? O<br />

comércio, a política, a identidade, tudo desapareceu — você voltou às sementes. Mas de<br />

manhã o sol nasce e você se levanta outra vez. De onde você vem? Do não-manifesto<br />

novamente para o manifesto — é um movimento centrífugo e centrípeto.<br />

O lótus fecha, o lótus se abre... numa medida regular.<br />

E isso é um fenômeno de energia, sem nenhuma personalidade, é impessoal.<br />

Impessoal, belo. Se fosse pessoal se tornaria feio. Todas as religiões tornaram-se feias

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