Osho - A Harmonia Oculta
jamais vê que as duas coisas são uma só. Uma contribui para trazer a outra. Se você nunca tem fome, como pode se sentir satisfeito? Existe alguma possibilidade de saciar-se se você nunca sente fome? Se você nunca tem fome, não pense que está num estado de saciedade — a saciedade não acontece sem a fome. Se não houver manhã, não pense que haverá uma eterna noite — não haverá nenhuma noite. E se não houver morte, não pense que haverá vida eterna — não haverá vida alguma . porque a morte cria a situação, estabelece um fenômeno de energia. Toda vida traz a morte, toda morte traz de novo a vida. Para a mente, elas parecem ser duas porque a mente não pode ver através dos opostos. Quando você não vê pela mente, do ponto de vista lógico, quando olha simplesmente para dentro do fenómeno em si, olha para a sua totalidade, os dois desaparecem e um só permanece. É o que acontece com Deus como criador e o universo como criação. Não só as pessoas comuns são enganadas pela mente — os grandes teólogos também são enganados por ela. Eles também dizem: "Deus criou o mundo." Essa afirmação é imatura, é infantil. Ninguém criou a existência — ela é. Está simplesmente aí! Porque se você introduz a criação surgem então milhares de problemas. E é por isso que os teólogos levantam mais problemas e nenhuma solução. Eles criam uma teoria, uma hipótese para solucionar vários problemas — e nada é solucionado. Pelo contrário, surgem em torno da hipótese novas questões. Eles tentaram solucionar o problema da existência introduzindo Deus, Deus a teria criado, então criaram milhares de problemas. E não foram capazes de solucioná-los. Uma vez que você começa por uma linha errada, estará sempre perdendo, pois uma coisa leva à outra. E há uma relação: se uma coisa estiver errada, levará a uma outra proposição errada. A menos que você comece desde o início em direção à verdade, jamais chegará — pois o início é o fim. A teologia introduz Deus para solucionar alguns problemas; porque existem problemas: "Quem criou o mundo?" Surge a curiosidade: "Um fenômeno tão belo! — quem o criou?" A mente sente uma coceira — isso deve ter uma resposta. "Quem criou?" Mas a primeira coisa a perguntar é se a pergunta está certa. Nunca levante uma questão sem antes perguntar: "Esta questão é relevante?" E qual é o critério para saber se uma questão é relevante? O critério é que se a questão for de tal forma que, seja qual for a resposta dada, ela possa ser feita novamente — então ela é irrelevante, não é correta. Você pergunta: "Quem criou o mundo?" Alguém diz: "Deus!" Pode-se fazer a mesma pergunta novamente: "Quem criou Deus?" A pergunta não muda, nem um pouco.
A mesma questão continua sendo relevante. Então alguém diz: "Deus A criou o mundo", e você pergunta: "Quem criou o Deus A?" A pessoa responde: "O Deus B", e então você pergunta: "Quem criou o Deus B?" E a resposta é: "Foi o Deus C quem criou o Deus B" — mas a pergunta continua a mesma de modo que todas as respostas são falsas. Se a questão não está mudando nem um pouquinho, então você não está absolutamente progredindo em direção à verdade. E se todas as respostas a uma dada pergunta são falsas, então, por favor, medite novamente sobre a pergunta. A questão deve estar basicamente errada; senão, como poderiam estar erradas as respostas? Pelo menos uma resposta tem de estar certa — mas nenhuma resposta provou ser verdadeira. Os hindus, os muçulmanos, os cristãos, todos têm apresentado respostas, mas a pergunta permanece. Milhares de anos trabalhando sobre a questão 'Quem criou o mundo?' e não houve nenhuma resposta que satisfizesse. Isso significa que na própria base, desde o princípio, você tomou a linha errada de pesquisa, uma atitude errada — desde o princípio. Então, a primeira coisa quanto a uma pergunta é questionar a própria pergunta, se ela é relevante. Esta questão é irrelevante: "Quem criou a existência?" — por muitas razões. Porque, então, é possível perguntar: "Por que Ele a criou? Qual foi a necessidade? Por que Ele não pôde viver sem criá-la? Que desejo se apoderou Dele? E se Deus criou este universo, por que tanta miséria, tantos sofrimentos e sofrimentos que não podem ser avaliados? Uma criança nasce aleijada, cega, doente — porque? Se Deus é o criador não pode Ele corrigir o padrão do mundo? Ou o seu Deus é um pouco neurótico? Gosta do sofrimento? É um sádico? Gosta de torturar? Milhares de pessoas morrendo numa guerra? Sendo mortas, atiradas ao fogo e às câmaras de gás? Ele é o criador e simplesmente não se preocupa! Não pode nem fazer parar um Hitler matando milhões de judeus — desnecessariamente, sem razão nenhuma. Que tipo de criador é esse? Se Deus criou o mundo, então Ele deve ser um Demônio, pois o mundo não parece ser muito bom. Não parece ter surgido do bem, parece incoerente com o que é bom. Deus significa 'bondade', e este mundo não mostra qualquer sinal de bondade — exploração, violência, guerra, matanças, misérias, angústia, tensão, loucura. Para que foi tecida esta criação? E se Deus é responsável, então Ele é o maior criminoso..." Esses problemas surgem e os teólogos não podem resolvê-los. Então têm de criar mais teorias falsas. Eles dizem que há também um Demônio, e que isso é um trabalho do Demônio. Mas caem em suas próprias armadilhas. Primeiro, eles criam Deus, dizem que Deus criou o mundo, depois inventam o Demônio porque não podem explicar o mundo pela bondade. O mundo parece tão mal que eles precisam inventar um Demônio. Surge então a questão: "Quem criou o Demônio?" E assim por diante. E eles se dedicam a um
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jamais vê que as duas coisas são uma só. Uma contribui para trazer a outra. Se você nunca<br />
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estabelece um fenômeno de energia. Toda vida traz a morte, toda morte traz de novo a<br />
vida.<br />
Para a mente, elas parecem ser duas porque a mente não pode ver através dos<br />
opostos. Quando você não vê pela mente, do ponto de vista lógico, quando olha<br />
simplesmente para dentro do fenómeno em si, olha para a sua totalidade, os dois<br />
desaparecem e um só permanece.<br />
É o que acontece com Deus como criador e o universo como criação. Não só as<br />
pessoas comuns são enganadas pela mente — os grandes teólogos também são<br />
enganados por ela. Eles também dizem: "Deus criou o mundo." Essa afirmação é imatura,<br />
é infantil. Ninguém criou a existência — ela é. Está simplesmente aí! Porque se você<br />
introduz a criação surgem então milhares de problemas. E é por isso que os teólogos<br />
levantam mais problemas e nenhuma solução. Eles criam uma teoria, uma hipótese para<br />
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hipótese novas questões. Eles tentaram solucionar o problema da existência introduzindo<br />
Deus, Deus a teria criado, então criaram milhares de problemas. E não foram capazes de<br />
solucioná-los.<br />
Uma vez que você começa por uma linha errada, estará sempre perdendo, pois<br />
uma coisa leva à outra. E há uma relação: se uma coisa estiver errada, levará a uma outra<br />
proposição errada. A menos que você comece desde o início em direção à verdade, jamais<br />
chegará — pois o início é o fim.<br />
A teologia introduz Deus para solucionar alguns problemas; porque existem<br />
problemas: "Quem criou o mundo?" Surge a curiosidade: "Um fenômeno tão belo! —<br />
quem o criou?" A mente sente uma coceira — isso deve ter uma resposta. "Quem criou?"<br />
Mas a primeira coisa a perguntar é se a pergunta está certa. Nunca levante uma questão<br />
sem antes perguntar: "Esta questão é relevante?" E qual é o critério para saber se uma<br />
questão é relevante? O critério é que se a questão for de tal forma que, seja qual for a<br />
resposta dada, ela possa ser feita novamente — então ela é irrelevante, não é correta.<br />
Você pergunta: "Quem criou o mundo?" Alguém diz: "Deus!" Pode-se fazer a<br />
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