Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

E essa é toda a miséria do homem, que pode ser reduzida a uma única lei: se você tentar o excepcional, sofrerá. Nada o satisfará; você estará sempre descontente. Mulla Nasrudin foi internado num hospital. Estava doente. E criou um inferno à sua volta porque não há pessoa que reclame mais do que Nasrudin; reclama o tempo todo. Todo o hospital se viu em apuros — as enfermeiras, os médicos. Para se verem livres, cuidaram dele o melhor possível para que se recuperasse e fosse embora. Mas quando já estava bom e chegou o dia de receber alta, ele ainda reclamava. O doutor ouviu o barulho e perguntou à enfermeira: "Do que ele está reclamando agora? Não há do que reclamar. Ele vai embora hoje!" A enfermeira disse: "Agora ele está dizendo: 'Como posso estar curado antes de terminar os remédios? Como posso estar bom antes que todos os remédios tenham acabado? Deve haver alguma coisa errada' ". Esse tipo de mente automaticamente chega ao egoísmo. Quer encontrar alguma coisa errada. E quando você está à procura, sempre encontra — encontra mais do que quer. Este é o problema do mundo: você encontra tudo o que quer encontrar. Se você estiver tentando encontrar coisas erradas. . . o ego está sempre tentando isso porque precisa de um constante desconforto, ele existe no desconforto. Quando tudo está bem, o ego desaparece. Chuang Tsé diz: "Quando os sapatos servem, o corpo é esquecido, os pés são esquecidos." E quando tudo é esquecido, como você pode se prender ao ego? O ego precisa de sapatos que machuquem o tempo todo para que você se lembre de quem é. É por isso que um egoísta não pode amar, não pode meditar, não pode orar, porque se ele orar realmente, então tudo se encaixa — e o ego desaparece. Ego significa consciência do eu. Quando alguma coisa está errada, só então há consciência do eu. Quando tudo está certo, não há consciência do eu. Olhe para o comum, observe o comum — não tente ser excepcional. Mas nós queremos ser excepcionais. As pessoas me procuram. Se eu digo a elas: "Sentem-se em silêncio, não se preocupem muito com meditação e prece, e aos poucos vocês crescerão", elas dizem: "Mas ficar simplesmente sentado?..." Elas querem algo excepcional. Se eu disser: "fiquem de cabeça para baixo", então tudo bem. É por isso que há tantos professores espalhados pelo mundo que o ensinam a ficar de ponta-cabeça — uma coisa difícil, desconfortável, mas atraente. As pessoas tentam posturas difíceis em nome da yoga. Simplesmente ridículo! Quanto mais ridículo, melhor; quanto mais difícil... se você não pode fazê-las, o

seu ego aceita o desafio. E as faz! Faz posturas absurdas, e acha que está fazendo grande coisa. A vida é simplesmente grandiosa. Não há necessidade de melhorá-la. Se a natureza quisesse que você se sentasse ou se apoiasse na cabeça, ela o teria criado desse modo. Ouça a natureza e siga-a, sem criar conflitos com ela; siga-a e logo alcançará um profundo silêncio — que vem quando alguém se torna comum. Há poucos dias — é um problema constante na Índia — um jovem me perguntou: "Devo ou não me casar?" E eu lhe disse: "Seja comum. Por que não casar?" Mas ele não estava querendo — não casar é algo excepcional. Casar é comum, ter filhos é tão comum, tornar-se um pai de família é tão comum... Ele disse: "Mas todos os grandes homens são solteiros." Eu lhe disse: "Se você quer sergrande, vá para outro lugar. Para mim, isso é ruim. Só me procure se você quiser ser comum." Seja qual for a sua natureza, sejam quais forem os seus sentimentos.... Pedi então a ele: "Olhe para dentro de si. Feche os olhos e diga-me o que você gostaria." Ele disse: "É claro que eu gostaria de me casar, mas parece tão comum: desperdiçar toda uma vida com coisas comuns." Mas toda a vida consiste de coisas comuns. E a grandeza não está nas coisas — a grandeza está na qualidade que você dá à vida, às coisas comuns. Veja Jesus ceiando com seus amigos; parece mais comum que um Buda sentado ao pé da Arvore 'Bodhi'. Mas o gesto de ser comum é tão belo; beber, comer com os amigos, é tão belo, ninguém pode ser belo mais do que quando está sentado sob uma Árvore 'Bodhi'. Jesus tem a qualidade de ser simplesmente comum. Buda continuou um rei mesmo sob a árvore. Nasceu excepcional, extraordinário; viveu como um príncipe, foi educado como um príncipe; essa era a sua estrutura — mesmo sob uma árvore ele não e um mendigo. Quando você se aproxima dele, pode sentir. Se você encontrar um Jesus pela rua poderá deixá-lo passar — mas não poderá deixar passar um Buda. Mas eu lhe digo: Jesus está mais perto do Logos. Com Buda aconteceu assim porque ele foi educado desse modo; todo o seu passado foi assim. Mas quantas pessoas podem nascer como príncipes, e quantas podem ser educadas como tal? Jesus é mais humano, mas em toda a sua humanidade ele é divino, porque essa simplicidade consiste em seguir o comum.

seu ego aceita o desafio. E as faz! Faz posturas absurdas, e acha que está fazendo grande<br />

coisa.<br />

A vida é simplesmente grandiosa. Não há necessidade de melhorá-la. Se a natureza<br />

quisesse que você se sentasse ou se apoiasse na cabeça, ela o teria criado desse modo.<br />

Ouça a natureza e siga-a, sem criar conflitos com ela; siga-a e logo alcançará um profundo<br />

silêncio — que vem quando alguém se torna comum.<br />

Há poucos dias — é um problema constante na Índia — um jovem me perguntou:<br />

"Devo ou não me casar?"<br />

E eu lhe disse: "Seja comum. Por que não casar?"<br />

Mas ele não estava querendo — não casar é algo excepcional. Casar é comum, ter<br />

filhos é tão comum, tornar-se um pai de família é tão comum...<br />

Ele disse: "Mas todos os grandes homens são solteiros."<br />

Eu lhe disse: "Se você quer sergrande, vá para outro lugar. Para mim, isso é ruim.<br />

Só me procure se você quiser ser comum." Seja qual for a sua natureza, sejam quais forem<br />

os seus sentimentos.... Pedi então a ele: "Olhe para dentro de si. Feche os olhos e diga-me<br />

o que você gostaria."<br />

Ele disse: "É claro que eu gostaria de me casar, mas parece tão comum:<br />

desperdiçar toda uma vida com coisas comuns."<br />

Mas toda a vida consiste de coisas comuns. E a grandeza não está nas coisas — a<br />

grandeza está na qualidade que você dá à vida, às coisas comuns.<br />

Veja Jesus ceiando com seus amigos; parece mais comum que um Buda sentado ao<br />

pé da Arvore 'Bodhi'. Mas o gesto de ser comum é tão belo; beber, comer com os amigos,<br />

é tão belo, ninguém pode ser belo mais do que quando está sentado sob uma Árvore<br />

'Bodhi'. Jesus tem a qualidade de ser simplesmente comum. Buda continuou um rei<br />

mesmo sob a árvore. Nasceu excepcional, extraordinário; viveu como um príncipe, foi<br />

educado como um príncipe; essa era a sua estrutura — mesmo sob uma árvore ele não e<br />

um mendigo. Quando você se aproxima dele, pode sentir. Se você encontrar um Jesus<br />

pela rua poderá deixá-lo passar — mas não poderá deixar passar um Buda. Mas eu lhe<br />

digo: Jesus está mais perto do Logos. Com Buda aconteceu assim porque ele foi educado<br />

desse modo; todo o seu passado foi assim. Mas quantas pessoas podem nascer como<br />

príncipes, e quantas podem ser educadas como tal? Jesus é mais humano, mas em toda a<br />

sua humanidade ele é divino, porque essa simplicidade consiste em seguir o comum.

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