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Osho - A Harmonia Oculta

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de Rit: a harmonia cós-mica onde os opostos se encontram e desaparecem, onde dois se<br />

torna um, onde não há polaridades, onde todos os paradoxos são dissolvidos, todas as<br />

contradições desaparecem. O que Shankara chama de 'Brahma', Heráclito chama de<br />

'Logos'.<br />

A mente humana é lógica, e a lógica humana é baseada na polaridade. É como se<br />

você estivesse na margem de um rio e não pudesse ver a outra margem, e tudo o que<br />

você pensasse sobre margens de rios pertencesse a esta margem apenas — mas o rio flui<br />

entre duas margens, não flui com apenas uma. A outra pode estar oculta pelo nevoeiro,<br />

pode estar tão distante que não seja possível vê-la, mas ela existe. E a outra margem não<br />

é oposta a esta, porque no fundo do rio elas se encontram. São uma só terra e ambas<br />

sustentam o rio como duas mãos, ou como duas asas. O rio flui entre elas, é uma<br />

harmonia entre as duas.<br />

Mas você está parado numa das margens; não pode ver a outra e por isso acredita<br />

apenas nesta — e cria um sistema baseado no conhecimento desta margem. E quando<br />

alguém fala da outra você acha que o estão contradizendo, pensa que estão lhe trazendo<br />

algo irracional e misterioso. E a outra margem terá de ser oposta porque só a tensão dos<br />

opostos pode manter o rio. Mas a oposição não é inimiga; a oposição é uma amiga íntima<br />

— é o auge do amor.<br />

Este é o problema a ser resolvido. Se você puder solucioná-lo poderá entender<br />

Heráclito e todos aqueles que se tornaram Acordados, que conheceram a outra margem.<br />

Tudo o que eles disserem será contraditório porque eles precisam compreender ambas.<br />

Eles precisam compreender tanto o verão quanto o inverno, tanto o dia quanto a noite,<br />

tanto a vida quanto a morte, tanto o amor quanto o ódio, tanto o pico quanto o vale.<br />

Quando alguém fala sobre o pico sem se referir absolutamente ao vale, suas<br />

afirmações são muito racionais; você pode entendê-las, são fáceis, são coerentes. Quando<br />

alguém fala do vale sem nunca se referir ao pico, também é racional. Todos os filósofos<br />

são racionais; você pode entendê-los com muita facilidade. Para entendê-los você só<br />

precisa de um pouco de treino e aprendizado, só isso, de uma disciplina. Mas os místicos<br />

são todos difíceis de se compreender. Na verdade, quanto mais você tenta compreendêlos,<br />

mais eles se tornam misteriosos — porque eles falam do pico e do vale ao mesmo<br />

tempo. Gostariam de falar sobre o pico e o vale simultaneamente.<br />

Diz-se nos Upanishads: "Ele está longe e perto". Que tipo de afirmação é essa? Ou<br />

Ele está longe, ou está perto. Mas imediata-mente o sábio diz: "Ele está longe, e<br />

acrescenta: 'Ele está perto' ".

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