Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

vai vendo cada vez mais claramente, mas cada vez menos. Sua visão torna-se clara e penetrante, mas o seu objeto torna-se cada vez menor. Ele chega ao átomo, ao menor; e com o tempo chega também ao instante, ao menor. Se você tomar um pequeno setor de um círculo, ele parecerá uma linha, mas o círculo é vasto — exatamente como a terra. Estamos sentados aqui; se desenharmos uma linha e você pensar que é uma linha reta, estará errado — pois numa terra circular, como se pode desenhar uma linha reta? Se seguir desenhando essa linha, se continuar, ela se tornará um círculo, cobrirá toda a terra. Assim, as linhas retas são apenas partes, fragmentos do grande e vasto círculo. A ciência não pode ver o todo, por isso parece ser linear. A religião vê o todo — a ciência perde a floresta, ela olha para as árvores; a religião não vê a árvore, mas sim a floresta. E quando você olha para o todo, tudo é circular. Todo movimento é circular, e o tempo também é um movimento circular. É um jogo, move-se sem ir a lugal nenhum. Se você puder ver que o tempo não vai a lugar nenhum, mas move-se em círculo, então toda a tensão da mente para chegar a um lugar desaparecerá. Alcançar algum lugar no futuro torna-se então inútil, insignificante — e você começa a sentir o prazer do momento. A vida não é um esforço para se chegar, é uma celebração. O fanatismo é o mal sagrado. Mas até isso você não deveria transformar em teoria, pois no momento em que o faz e diz: "Isso está certo", começa a converter as pessoas. No momento em que diz: "Está certo", o seu ego já tomou posse. Agora não se trata de estar certo — você está certo. Como pode estar errado? — o mal sagrado entrou. Comigo também, lembre-se disso: não saia proclamando tudo o que eu digo. Não faça uma crença das coisas que digo, não se feche com elas. E de tudo o que eu digo, lembre-se que o oposto é também verdadeiro — porque se você disser que o oposto está errado, se tornará intolerante. A intolerância começará. Se eu digo que Deus é inverno, Deus é também verão. Haverá momentos em que direi que Deus é inverno porque será útil. Em outros momentos direi que Deus é verão porque será útil. Para uns eu digo que Deus é inverno, para outros digo que Deus é verão — não faça disso uma teoria. Eu também sou um poeta. Você não precisa acreditar naquilo que eu digo, precisa apenas ser o que digo. Permita que isso se torne uma transformação e não uma teoria em você. Não faça disso uma seita, faça disso uma vida, viva-a!

Se viver, ajudará também aos outros vivê-la. Só por viver você ajuda, não por falar, não por converter, não por sair por aí tornando as pessoas iluminadas, não! Isso é uma fraude sutil. Seja iluminado e tenha dentro de você uma luz para que as pessoas venham e bebam dela, não há necessidade de sair do caminho. E se alguém estiver seguindo o seu próprio caminho, não tente tirá-lo dele. Quem sabe? — pode ser o caminho certo para essa pessoa. Pode ser errado para você, mas quem é você para decidir? Não decida e não julgue, pois o fanatismo é o mal sagrado. Sempre que uma pessoa se torna religiosa, o mal é possível. Sempre que alguém se torna religioso, torna-se vulnerável a esse mal, ao fanatismo. É muito difícil encontrar uma pessoa religiosa que não seja fanática. Certa vez, vi Mulla Nasrudin bebendo num bar e alguém lhe perguntando: "Nasrudin, o que está fazendo? Ontem mesmo você me disse que havia abandonado a bebida e se tornado um abstêmio absoluto; o que está fazendo?" Nasrudin disse: "Sim, sou um abstêmio absoluto — mas não um fanático." Seja você o que for, seja flexível, crie uma moldura fixa à sua volta, movimente-se e flua. Às vezes é preciso sair para fora da disciplina também. A vida é maior do que a sua disciplina e às vezes é preciso ir completamente contra as próprias regras — porque Deus é tanto inverno quanto verão. Não seja vítima do fanatismo. Seja religioso, mas não seja hindu, muçulmano, cristão. Deixe que a terra toda seja a sua igreja, que a existência inteira seja o seu templo. E quando Deus como um todo está disponível, por que se satisfazer com um fragmento? Por que se dizer cristão, por que se dizer hindu? Quando se pode ser um ser humano, para que escolher os rótulos? Abandone todos os rótulos e todas as crenças. Confie, a confiança é totalmente diferente da crença. Confie na vida — seja onde for que ela o leve, mova-se com ela; e ajude os outros a se moverem do jeito deles. Faça as suas coisas e que os outros façam as deles. Permaneça aberto. Se você puder permanecer aberto, auxiliando, cuidando, sem nada forçar aos outros, verá que as pessoas começaram a beber de você, que elas estão sendo auxiliadas por você. Mas sirva-as diretamente, pois o servir, a compaixão, o amor, o cuidado, são todos indiretos. Não salte sobre elas, não as force na direção do paraíso, pois essa violência tem sido a miséria de todo o passado. Por causa dessa violência, os cristãos, os

Se viver, ajudará também aos outros vivê-la. Só por viver você ajuda, não por falar,<br />

não por converter, não por sair por aí tornando as pessoas iluminadas, não! Isso é uma<br />

fraude sutil. Seja iluminado e tenha dentro de você uma luz para que as pessoas venham e<br />

bebam dela, não há necessidade de sair do caminho. E se alguém estiver seguindo o seu<br />

próprio caminho, não tente tirá-lo dele. Quem sabe? — pode ser o caminho certo para<br />

essa pessoa. Pode ser errado para você, mas quem é você para decidir?<br />

Não decida e não julgue, pois o fanatismo é o mal sagrado. Sempre que uma<br />

pessoa se torna religiosa, o mal é possível. Sempre que alguém se torna religioso, torna-se<br />

vulnerável a esse mal, ao fanatismo. É muito difícil encontrar uma pessoa religiosa que<br />

não seja fanática.<br />

Certa vez, vi Mulla Nasrudin bebendo num bar e alguém lhe perguntando:<br />

"Nasrudin, o que está fazendo? Ontem mesmo você me disse que havia abandonado a<br />

bebida e se tornado um abstêmio absoluto; o que está fazendo?"<br />

Nasrudin disse: "Sim, sou um abstêmio absoluto — mas não um fanático."<br />

Seja você o que for, seja flexível, crie uma moldura fixa à sua volta, movimente-se<br />

e flua. Às vezes é preciso sair para fora da disciplina também. A vida é maior do que a sua<br />

disciplina e às vezes é preciso ir completamente contra as próprias regras — porque Deus<br />

é tanto inverno quanto verão.<br />

Não seja vítima do fanatismo. Seja religioso, mas não seja hindu, muçulmano,<br />

cristão. Deixe que a terra toda seja a sua igreja, que a existência inteira seja o seu templo.<br />

E quando Deus como um todo está disponível, por que se satisfazer com um fragmento?<br />

Por que se dizer cristão, por que se dizer hindu? Quando se pode ser um ser humano, para<br />

que escolher os rótulos?<br />

Abandone todos os rótulos e todas as crenças. Confie, a confiança é totalmente<br />

diferente da crença. Confie na vida — seja onde for que ela o leve, mova-se com ela; e<br />

ajude os outros a se moverem do jeito deles. Faça as suas coisas e que os outros façam as<br />

deles. Permaneça aberto.<br />

Se você puder permanecer aberto, auxiliando, cuidando, sem nada forçar aos<br />

outros, verá que as pessoas começaram a beber de você, que elas estão sendo auxiliadas<br />

por você. Mas sirva-as diretamente, pois o servir, a compaixão, o amor, o cuidado, são<br />

todos indiretos. Não salte sobre elas, não as force na direção do paraíso, pois essa<br />

violência tem sido a miséria de todo o passado. Por causa dessa violência, os cristãos, os

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