Osho - A Harmonia Oculta

09.05.2017 Views

Há vinte e cinco séculos atrás nasceram: Gautama, o Buda, e Mahavir, o Jaina, na Índia; Lao Tsé e Chuang Tsé, na China; Zarathustra, no Irã; e Heráclito, na Grécia — eles são os picos. Tais alturas jamais foram atingidas antes, ou se o foram, não fazem parte da história, pois a história começa com Jesus. Você não sabe o que aconteceu nesses vinte e cinco séculos que se passaram. Novamente o momento se aproxima, estamos outra vez num estado fluido: o velho não significa nada, para você o passado não tem nenhuma importância, e o futuro é incerto — o intervalo está aqui. E novamente a humanidade alcançará um pico, o mesmo que alcançou na época de Heráclito. Se você estiver um pouco alerta, poderá usar este momento — poderá simplesmente sair da roda da vida. Quando as coisas são líquidas, a transformação é fácil. Quando as coisas são fixas, a transformação é difícil. Você tem sorte por ter nascido numa época em que as coisas estão novamente em estado líquido. Nada é certo, todos os velhos códigos e leis tornaram-se inúteis. Os novos padrões ainda não se estabeleceram — mas logo isso acontecerá; o homem não pode permanecer nesse estado para sempre, pois quando não há nada estabelecido, não existe segurança. As coisas novamente se assentarão; este momento não persistirá eternamente, mas apenas por alguns anos. Se você puder usá-lo, alcançará o pico que em outras épocas será muito, muito difícil alcançar. Se o perder, este momento será perdido novamente por mais vinte e cinco séculos. Lembre-se disso: a vida move-se num círculo, tudo se move em círculos. A criança nasce, depois vem a juventude, a velhice, a morte. Move-se como se movem as estações: vem o verão, depois as chuvas, em seguida o inverno, e assim tudo continua num círculo. O mesmo acontece na dimensão da consciência: a cada vinte e cinco séculos o círculo se completa — mas antes que o novo comece, há um espaço através do qual você pode escapar; a porta está aberta por alguns anos. Heráclito é uma florescência realmente rara, uma alma das mais profundamente penetrantes, dessas que se tornam como o Everest, o pico mais alto do Himalaia. Tentar compreendê-lo é difícil; por isso é chamado de Heráclito, o Obscuro. Ele não é obscuro. Compreendê-lo é difícil; para entendê-lo será necessário um tipo diferente de ser — esse é o problema. Por isso é fácil classifica-10 de obscuro e depois esquecê-lo.

Existem dois tipos de pessoas. Se você quer compreender Aristóteles não precisa mudar nada em seu ser, precisa somente de algumas informações. Uma escola pode providenciar algumas in-formações sobre lógica e filosofia; você reúne algum conhecimento intelectual e assim pode compreender Aristóteles. Não precisa se transformar para compreendê-lo, só tem de acrescentar algumas coisas ao que já sabe. O ser permanece o mesmo, você permanece o mesmo. Não é preciso estar num plano diferente de consciência; isso não é exigido. Aristóteles é claro. Se você quiser compreendê-lo, basta um pequeno esforço; qualquer pessoa de inteligência mediana pode compreendê-lo. Mas para compreender Heráclito, o terreno é acidentado e difícil, porque tudo o que você souber não o ajudará muito; uma cabeça muito bem educada não irá servir para nada. Você vai precisar de uma outra qualidade de ser — e isso é difícil; você precisará de uma transformação. Por isso chamam-no de obscuro. Ele não é obscuro! Você é que está abaixo do nível de ser no qual ele pode ser compreendido. Quando você alcança esse nível de ser, subitamente toda a escuridão que o envolvia desaparece. Ele se torna um dos seres mais luminosos; não é obscuro, não é absolutamente obscuro — é você que está cego. Lembre-se sempre disso, porque se disser que ele é obscuro, estará jogando a responsabilidade sobre ele e tentando fugir de uma transformação possível, através da qual pode encontrá-lo. Não diga que ele é obscuro. Diga: "Somos cegos"; ou: "Nossos olhos estão fechados". Aí está o sol: você pode parar diante dele com os olhos fechados e dizer que ele é escuro. Às vezes também acontece de você abrir os olhos, mas a luz é tanta que se fica temporariamente cego. É luz demais para suportar, é insuportável — subitamente tudo escurece. Os olhos estão abertos e o sol está aí, mas ele é demais para os seus olhos e você sente a escuridão. E esse é o caso — Heráclito não é obscuro. Ou você está cego ou seus olhos estão fechados, ou há ainda uma terceira possibilidade: quando você olha para Heráclito, ele é um ser tão luminoso que seus olhos simplesmente perdem a capacidade de ver; é insuportável, a luz é demais para você. Você não está acostumado a tanta luz e por isso terá de fazer alguns ajustamentos antes de compreender Heráclito. E quando ele fala parece enigmático, parece gostar de charadas, porque usa paradoxos para falar. Aqueles que sabem sempre falam através de paradoxos. Há alguma coisa nisso — não são enigmáticos, são muito simples; mas o que podem fazer? Se a própria vida é paradoxal, o que eles podem fazer? Para evitar paradoxos você pode criar teorias nítidas e claras, mas serão falsas, não serão verdadeiras em relação à vida. Aristóteles é muito

Há vinte e cinco séculos atrás nasceram: Gautama, o Buda, e Mahavir, o Jaina, na<br />

Índia; Lao Tsé e Chuang Tsé, na China; Zarathustra, no Irã; e Heráclito, na Grécia — eles<br />

são os picos. Tais alturas jamais foram atingidas antes, ou se o foram, não fazem parte da<br />

história, pois a história começa com Jesus.<br />

Você não sabe o que aconteceu nesses vinte e cinco séculos que se passaram.<br />

Novamente o momento se aproxima, estamos outra vez num estado fluido: o velho não<br />

significa nada, para você o passado não tem nenhuma importância, e o futuro é incerto —<br />

o intervalo está aqui. E novamente a humanidade alcançará um pico, o mesmo que<br />

alcançou na época de Heráclito.<br />

Se você estiver um pouco alerta, poderá usar este momento — poderá<br />

simplesmente sair da roda da vida. Quando as coisas são líquidas, a transformação é fácil.<br />

Quando as coisas são fixas, a transformação é difícil.<br />

Você tem sorte por ter nascido numa época em que as coisas estão novamente em<br />

estado líquido. Nada é certo, todos os velhos códigos e leis tornaram-se inúteis. Os novos<br />

padrões ainda não se estabeleceram — mas logo isso acontecerá; o homem não pode<br />

permanecer nesse estado para sempre, pois quando não há nada estabelecido, não existe<br />

segurança. As coisas novamente se assentarão; este momento não persistirá<br />

eternamente, mas apenas por alguns anos.<br />

Se você puder usá-lo, alcançará o pico que em outras épocas será muito, muito<br />

difícil alcançar. Se o perder, este momento será perdido novamente por mais vinte e cinco<br />

séculos.<br />

Lembre-se disso: a vida move-se num círculo, tudo se move em círculos. A criança<br />

nasce, depois vem a juventude, a velhice, a morte. Move-se como se movem as estações:<br />

vem o verão, depois as chuvas, em seguida o inverno, e assim tudo continua num círculo.<br />

O mesmo acontece na dimensão da consciência: a cada vinte e cinco séculos o<br />

círculo se completa — mas antes que o novo comece, há um espaço através do qual você<br />

pode escapar; a porta está aberta por alguns anos.<br />

Heráclito é uma florescência realmente rara, uma alma das mais profundamente<br />

penetrantes, dessas que se tornam como o Everest, o pico mais alto do Himalaia. Tentar<br />

compreendê-lo é difícil; por isso é chamado de Heráclito, o Obscuro. Ele não é obscuro.<br />

Compreendê-lo é difícil; para entendê-lo será necessário um tipo diferente de ser — esse é<br />

o problema. Por isso é fácil classifica-10 de obscuro e depois esquecê-lo.

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