Informação Educação | IERGS 2017
ESCOLAS TRANSFORMADORAS: ideais transformadores que formam sujeitos realmente conscientes SALA DE AULA INVERTIDA: outra educação é possível EDUCOMUNICAÇÃO: levar ou não as novas tecnologias para sala de aula? UNIASSELVI: liderança e conhecimento em expansão
ESCOLAS TRANSFORMADORAS: ideais transformadores que formam sujeitos realmente conscientes
SALA DE AULA INVERTIDA: outra educação é possível
EDUCOMUNICAÇÃO: levar ou não as novas tecnologias para sala de aula?
UNIASSELVI: liderança e conhecimento em expansão
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InformAção | <strong>Educação</strong><br />
Daniela<br />
Hirschmann<br />
3<br />
Daniela Hirschmann é Mestre em Ciências da <strong>Educação</strong> e<br />
professora convidada da Pós-Graduação UNIASSELVI, nos<br />
polos <strong>IERGS</strong>. Dentre as suas atividades de maior estímulo aos<br />
acadêmicos está a publicação em livro dos artigos desenvolvidos<br />
no decorrer dos cursos de especialização. Defensora da<br />
educação continuada, a mestre assegura que a difusão do conhecimento<br />
científico por meio das obras tem peso considerável<br />
nos avanços das ciências acadêmicas e, principalmente, da<br />
sociedade.<br />
Mestre Daniela Hirschmann durante lançamento do livro editado<br />
com alunos da Pós-Graduação UNIASSELVI em <strong>Educação</strong>.<br />
Editorial<br />
A educação é feita de desafios, mas não apenas disso. Na construção<br />
coletiva do saber, almeja-se também a criatividade, permeada pela necessidade<br />
da reinvenção em toda a sua magnitude e importância para a sala de aula.<br />
Muitos dos problemas percebidos na educação atual estão vinculados à má interpretação,<br />
uma consequência dos ruídos na comunicação entre professor e aluno<br />
e das fragilidades entre conteúdo e conhecimento. O diálogo se mostra como a<br />
única fórmula para romper tais empecilhos.<br />
A atual edição da revista <strong>IERGS</strong> <strong>Informação</strong> <strong>Educação</strong> provoca, por diferente<br />
olhares, a necessidade de formar pessoas que questionem, que sejam criativas,<br />
que possuam a capacidade de imaginar e pensar novos rumos para a sociedade. É<br />
preciso refletir o ambiente escolar e remodelar as funções do professor, do aluno<br />
e da sociedade, entendendo que será inevitável inverter as lógicas vez ou outra.<br />
No ensinar do professor e no aprender do aluno, cabe a todos os atores envolvidos<br />
no processo preocupar-se com a qualidade e com a garantia permanente da<br />
educação, que é teórica, prática, social e humana.<br />
Boa leitura.<br />
EXPEDIENTE<br />
Revista <strong>Informação</strong> <strong>Educação</strong><br />
<strong>IERGS</strong> – Instituto Educacional do<br />
Rio Grande do Sul<br />
Diretoria: Saul Hoegen e Silvana Hoegen<br />
Jornalista: Jonas Amar (MTB/RS 14.065)<br />
Arte: Michele Tyszkiewcz<br />
Marketing: Danielle Siqueira<br />
comunicacao@iergs.com.br<br />
<strong>IERGS</strong> – Quantos livros já foram editados<br />
pela professora em parceria com os<br />
estudantes?<br />
Até o presente ano já organizei seis obras,<br />
sendo a quarta edição do livro “Reflexões<br />
Contemporâneas em <strong>Educação</strong>” e a segunda<br />
edição da obra “Construindo Saberes”.<br />
<strong>IERGS</strong> – Quais as proposições abordadas<br />
nos livros?<br />
D.H. – Os livros são coletâneas de textos<br />
com diferentes temas, que os alunos<br />
realizaram em suas práxis no campo da<br />
educação. São experiências construídas<br />
durante a trajetória da pós-graduação<br />
que resultam em livros inovadores, pois<br />
trazem um conjunto de reflexões para o<br />
debate sobre a educação.<br />
<strong>IERGS</strong> – A publicação é atividade bastante<br />
comum em linhas de Mestrado e<br />
Doutorado. Quais os benefícios de promover<br />
na Especialização?<br />
D.H. – O livro é um projeto materializado<br />
e publicá-lo é uma conquista. É a imensa<br />
vontade de compartilhar ideias. A vantagem<br />
de desenvolver uma pesquisa é que<br />
alunos com artigos publicados desde<br />
cedo podem ganhar pontos na seleção<br />
para programas de pós-graduação, como<br />
mestrado ou doutorado, e conquistam<br />
pontos em provas de títulos em concursos<br />
públicos. Enfim, é um investimento para o<br />
próprio currículo, já que o livro tem registro<br />
na Biblioteca Nacional.<br />
<strong>IERGS</strong> – A atividade acadêmica da publicação<br />
de artigos é proveitosa também<br />
para as atividades práticas dos profissionais?<br />
D.H. – Com certeza. A difusão do conhecimento<br />
científico por meio do livro tem<br />
peso considerável nos avanços do conhecimento<br />
acadêmico e, principalmente, da<br />
sociedade. Muitas vezes o público regular<br />
“<br />
O mercado de trabalho<br />
para a Pedagogia<br />
está bastante amplo e<br />
vai muito além das<br />
escolas de ensino de<br />
<strong>Educação</strong> Infantil,<br />
Fundamental e Médio<br />
“<br />
só tem acesso ao que é produzido nos<br />
meios acadêmicos quando um título é<br />
publicado e todos os assuntos são muito<br />
pertinentes na sociedade, nas escolas e<br />
para os docentes.<br />
<strong>IERGS</strong> – Qual a sua expectativa para os<br />
novos profissionais da <strong>Educação</strong> que estão<br />
chegando ao mercado de trabalho?<br />
D.H. – Que eles saibam usar suas competências,<br />
que são na verdade uma combinação<br />
de conhecimentos, habilidades e<br />
atitudes, demonstradas através do nosso<br />
desempenho em diversas situações pessoais<br />
e profissionais. A pesquisa científica<br />
está presente em todos os currículos das<br />
universidades, demonstrando sua importância<br />
no meio profissional. O mercado de<br />
trabalho exige cada vez mais e já não basta<br />
ter conhecimentos teóricos, mas sim a<br />
realização de práticas que buscam a produção<br />
de novas ideias e conhecimentos.<br />
<strong>IERGS</strong> – A Pedagogia na sociedade de<br />
hoje está carregada de novas responsabilidades?<br />
D.H. – O mercado de trabalho para a Pedagogia<br />
está bastante amplo e vai muito<br />
além das escolas de ensino de <strong>Educação</strong><br />
Infantil, Fundamental e Médio. Profissionais<br />
de Pedagogia podem trabalhar em<br />
consultorias, assessorias, editoras de livros<br />
didáticos, empresas produtoras de cursos<br />
EAD, escolas de idiomas e espaços ainda<br />
mais específicos, como hospitais, bibliotecas,<br />
museus, brinquedotecas, ONGs e<br />
órgãos públicos ligados à educação. Além<br />
de tudo, ainda é possível atuar com treinamentos<br />
e coordenação em empresas<br />
privadas.<br />
<strong>IERGS</strong> – A educação continuada é importante<br />
na área?<br />
D.H. – <strong>Educação</strong> Continuada é a necessidade<br />
de atualização constante de conhecimentos,<br />
como característica imposta<br />
pelo mercado de trabalho. É também<br />
inerente ao desenvolvimento da pessoa<br />
humana e relaciona-se com a ideia de<br />
construção do ser. A aquisição de conhecimentos<br />
é e sempre será necessária.<br />
3
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
4 5<br />
UNIASSELVI<br />
sonho do Ensino Superior chegou<br />
de maneira diferente de<br />
O<br />
como Jonni Carbajal Schneid havia<br />
planejado. Foi aos 41 anos que o desejo<br />
da Licenciatura em História começou<br />
a ganhar forma com as aulas<br />
no polo <strong>IERGS</strong>, em Porto Alegre.<br />
“Minha esposa me incentivou a estudar<br />
quando me casei aos 28 anos.<br />
Penso que a parte mais importante<br />
foi me conscientizar que deveria me<br />
qualificar, porque estava perdendo<br />
espaço e talvez não conseguisse<br />
Jonni Carbajal,<br />
Professor formado pela UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong><br />
e novo garoto-propaganda<br />
Liderança e conhecimento<br />
em expansão<br />
emprego onde pudesse sustentar<br />
minha família. Eu estava há quase 25<br />
anos sem estudar e ter um professor<br />
para dar suporte foi importantíssimo.<br />
Cresci muito depois de voltar e<br />
penso que hoje não tenho um limite<br />
onde parar”, envaidece o atual garoto-propaganda<br />
UNIASSELVI para o<br />
Rio Grande do Sul.<br />
A escolha da sua imagem para a campanha<br />
<strong>2017</strong> da UNIASSELVI não foi à<br />
toa. Jonni é a representação fiel do<br />
novo estudante universitário, experiente<br />
e profissional, capaz de perceber<br />
na educação a oportunidade de<br />
mudar os rumos da própria história.<br />
“A UNIASSELVI apostou na escolha<br />
de histórias de crescimento, superação<br />
e sucesso de egressos, de Norte<br />
a Sul do Brasil. As histórias refletem<br />
diretamente o dia a dia e a luta dos<br />
nossos estudantes. No Sul, o Jonni é<br />
o exemplo efetivo de que a educação<br />
transforma a vida das pessoas.<br />
Foi exatamente isso que buscamos<br />
contar: que cada um constrói a sua<br />
história”, reforça Luiz Gonzaga Foureaux<br />
Neto, diretor de Marketing e<br />
Comercial do Grupo UNIASSELVI.<br />
O acesso à faculdade após os 30<br />
anos consolida-se como tendência.<br />
Está ligado a fatores econômicos<br />
e à inovação na forma de ensinar e<br />
aprender, é o que aponta a última<br />
pesquisa Educa Insights de avaliação<br />
do Censo da <strong>Educação</strong> Superior.<br />
Em apenas quatro anos, o número de<br />
matrículas no Ensino Superior saltou<br />
para mais de 83 mil na capital Porto<br />
Alegre, um aumento de 5,2%. Desse<br />
total, mais de 20 mil universitários se<br />
matricularam no Ensino a Distância<br />
(EAD), representando um crescimento<br />
de 14,6% de público, enquanto a<br />
modalidade exclusivamente presencial<br />
apresentou um avanço de 2,9%<br />
no mesmo período¹.<br />
¹2010-2014<br />
“<br />
NOVO PERFIL<br />
DO ALUNO<br />
A pedagoga Tânia Silva Costa se<br />
adaptou muito bem à modalidade<br />
EAD UNIASSELVI. Ela cursou os quatro<br />
anos da Licenciatura, intercalou<br />
o aprendizado com as atividades<br />
profissionais e formou-se aos 50<br />
anos de idade.<br />
“Através da UNIASSELVI realizei o<br />
sonho da graduação em Pedagogia,<br />
de ensinar e orientar. Acho que abrir<br />
caminhos é minha vocação. A experiência<br />
foi enriquecedora, com ótimos<br />
tutores e colegas queridas. No<br />
EAD consegui o tempo necessário e<br />
aprimorei meus conhecimentos de<br />
forma atual e pertinente. Recomendo<br />
sempre aos amigos que, como<br />
eu, tiveram que adiar seus estudos”,<br />
reforça a atual professora.<br />
O professor-tutor complementa<br />
o material disponibilizado pela<br />
faculdade, agrega com a sua<br />
experiência profissional e nos<br />
estimula a continuar estudando, a<br />
ultrapassar nossos desafios e a ir<br />
além de nossos limites pessoais<br />
- Patrícia da Costa<br />
Estudante de Licenciatura em Geografia<br />
no polo UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong>.<br />
DIPLOMA<br />
AOS 30<br />
Conforme os resultados Educa Insights,<br />
os estudantes de EAD em Porto<br />
Alegre possuem, em primeiro lugar,<br />
entre 31 e 40 anos de idade (36% do<br />
total), seguidos dos alunos com idade<br />
entre 21 e 30 anos (29%) e, em<br />
terceira posição, os acadêmicos com<br />
faixa etária entre 41 e 50 anos (21%).<br />
A pesquisa ainda mostra que a maioria<br />
está no mercado de trabalho<br />
(81%), se enquadra às classes B (32%)<br />
e C (58%) e sua satisfação nos estudos<br />
está ligada à infraestrutura do<br />
polo (nota geral 56), ao professor-<br />
-tutor (nota 48) e ao material didático<br />
entregue gratuitamente (nota 53),<br />
entre outros fatores.<br />
Para os alunos veteranos de Porto<br />
Alegre, a qualidade do Ensino a Distância<br />
aparece como o primeiro fator<br />
na decisão de escolha. Os outros<br />
motivos mais relevantes são os valores<br />
das mensalidades, a modalidade<br />
com aula uma vez por semana e a<br />
presença do professor-tutor em sala.<br />
“<br />
DEDICAÇÃO E<br />
RESPONSABILIDADE<br />
A formanda Patrícia da Costa reforça<br />
essa convicção. Estudante de Licenciatura<br />
em Geografia no polo UNIAS-<br />
SELVI/<strong>IERGS</strong>, a futura professora é<br />
entusiasta da exclusiva modalidade<br />
EAD com tutor em sala. “Ele conhece<br />
a dificuldade do aluno e ajuda<br />
na compreensão de questões mais<br />
complexas. O professor-tutor complementa<br />
o material disponibilizado<br />
pela faculdade, agrega com a sua experiência<br />
profissional e nos estimula<br />
a continuar estudando, a ultrapassar<br />
nossos desafios e a ir além de nossos<br />
limites pessoais”, conta a estudante.<br />
Os estímulos e os privilégios de estudar<br />
EAD movimentam-se na falta de<br />
tempo, nos custos, didática e outras<br />
condições relevantes para a conquista<br />
de uma graduação ou pós-graduação.<br />
Com o Ensino a Distância crescendo<br />
exponencialmente no mundo,<br />
também aumenta a necessidade de<br />
mais dedicação, disciplina e responsabilidade.<br />
Certamente, para mais de<br />
um milhão de pessoas no Brasil², as<br />
vantagens de estudar EAD são muito<br />
maiores do que os desafios que aparecem.<br />
²1.108.021 de matrículas em 2015/2016, segundo o<br />
Censo EAD.BR, da ABED - Associação Brasileira de<br />
<strong>Educação</strong> a Distância.
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
6 7<br />
Um recurso de Arteterapia facilitador<br />
na hora do ensinar e aprender<br />
Constantemente a escola busca<br />
novas formas de aproximação<br />
com seu aprendiz. Didática motivadora,<br />
conteúdo significativo e<br />
conhecimentos múltiplos são condições<br />
para uma educação conciliadora,<br />
coletiva e em conexão com a<br />
realidade do aluno. Nessa busca, novas<br />
formas de expressão são muito<br />
bem-vindas e a música é uma ótima<br />
alternativa.<br />
“Trabalhei música em escolas onde<br />
as crianças eram carentes, inclusive<br />
de atenção. Acredito que o mais importante<br />
no aprendizado com Arte é<br />
gerar diversão, mas também amor,<br />
preenchendo um grande vazio que<br />
existe em algumas delas”, relembra<br />
a professora de música Cintia Rodrigues.<br />
Quando entrou em sala de aula, a<br />
musicista Cintia entendeu que o projeto<br />
Mais <strong>Educação</strong> almejava outras<br />
formas de aprendizagem no período<br />
inverso. “Mesmo simples, as aulas<br />
contribuíram para a coordenação<br />
motora e o desenvolvimento social<br />
e do raciocínio das crianças. A música<br />
ampliou a relação do trabalho em<br />
conjunto, de disciplina, noções de<br />
ritmo e afinação, e para as crianças<br />
que queriam dançar e cantar, as aulas<br />
despertaram a imaginação dentro<br />
de um cenário puramente cultural”,<br />
diz.<br />
Música é mais do que relaxamento, é<br />
composição, criação e dança. É participar,<br />
manter atenção e aprender.<br />
Um exemplo transformador vem da<br />
associação sem fins lucrativos Sol<br />
Maior, de Porto Alegre. Fundada em<br />
2007, um dos seus principais projetos<br />
hoje é a Escola de Música Usina<br />
de Talentos, que leciona para 350<br />
crianças e jovens oficinas de instrumentos<br />
musicais, canto, coral e<br />
dança, ministradas no Multipalco do<br />
Theatro São Pedro e ACBERGS.<br />
“O projeto tem como público-alvo<br />
crianças e adolescentes na faixa de<br />
zero a 17 anos, que estejam matriculados<br />
no ensino público regular.<br />
Eles recebem passagens, lanches e<br />
acompanhamento sistemático nas<br />
suas demandas sociais. A aposta do<br />
ensino de música é usar a arte como<br />
ferramenta capaz de mudar o futuro<br />
e a vida dessas pessoas”, divulga<br />
Maria Teresa Campos, presidente da<br />
Sol Maior.<br />
Com tantos predicados, como trabalhar<br />
a musicalidade prevista<br />
nos Parâmetros Curriculares Nacionais?<br />
Essa é uma questão de múltipla<br />
escolha e a resposta mais adequada<br />
reside na criatividade. “Pode-se levar<br />
a música de diversas formas, desde<br />
audições musicais e confecção estilizada<br />
de materiais, até desenvolver<br />
o gosto pelo aprendizado de determinados<br />
instrumentos”, diz Patrícia<br />
Cruz, especialista em Arteterapia,<br />
professora convidada da Pós-Graduação<br />
UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong> e educadora<br />
especial da SMED (Secretaria Municipal<br />
de <strong>Educação</strong>) de Porto Alegre.<br />
A promoção da arte estimula compreensões<br />
nas crianças, jovens e<br />
adultos. “Todo processo de arte<br />
tem uma função importante no desenvolvimento<br />
do sujeito. A música<br />
contribui para que a sensibilidade se<br />
desenvolva, com ritmo e criatividade.<br />
Seja ao aprender um instrumento<br />
ou ao apreciá-lo, a prática de música<br />
potencializa a aprendizagem cognitiva,<br />
particularmente no campo do<br />
Arte é gerar<br />
diversão, mas “também amor<br />
“<br />
raciocínio lógico, da memória, do<br />
espaço e do raciocínio”, informa a<br />
especialista.<br />
É fundamental que o ensino da música<br />
seja feito de modo agradável e<br />
divertido para que o ambiente cause<br />
efeito positivo em todos os envolvidos,<br />
facilitando a integração entre<br />
professor e alunos. Musicalização<br />
em sala é mais do que uma experiência<br />
estética, mas uma metodologia<br />
facilitadora do processo de ensino e<br />
aprendizagem e contribui diretamente<br />
no desenvolvimento cognitivo,<br />
linguístico, psicomotor e socioafetivo<br />
do aluno.<br />
As atividades artísticas fortalecem<br />
a identidade e ampliam as possibilidades<br />
de comunicação e expressão,<br />
além de criar uma relação íntima<br />
entre conhecimento e emoção. Tal<br />
como um remédio, a música tem<br />
várias funções, que tocam a mente,<br />
mexem com o corpo e vibram no<br />
coração. Em sala de aula, a música<br />
torna-se um afinado instrumento em<br />
prol da educação.
8<br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
9<br />
LEVAR OU NÃO AS NOVAS MÍ DIAS PARA A SALA DE AULA?<br />
Ensino Fundamental, Médio<br />
ou Superior: sempre será um<br />
desafio manter alunos motivados.<br />
Educar exige abertura e estímulo<br />
para que o ensino seja colaborativo<br />
e coletivo, mesmo quando<br />
o conteúdo é tradicional. Em vez de<br />
proibir, aproveitar as virtudes digitais<br />
em sala de aula pode ser uma<br />
alternativa de engajamento com os<br />
alunos.<br />
Aos 20 anos, Lucas Max Faraco Ramos<br />
mantém uma rotina intensa que<br />
divide entre o Ensino Médio e o seu<br />
trabalho, consertando aparelhos<br />
eletrônicos em Porto Alegre. Sempre<br />
conectado, o companheiro pode<br />
até ficar silencioso, mas não desliga<br />
nem mesmo dentro da sala de aula.<br />
“Eu conheço absolutamente tudo<br />
de aparelhos eletrônicos. Sempre<br />
que tenho um celular na mão eu fico<br />
conversando ou jogando”, confessa<br />
Lucas, que garante prestar atenção<br />
em todas as aulas.<br />
A preferência pelo online é quase<br />
unânime e uma aula analógica nesse<br />
cenário pode estar fadada ao desinteresse<br />
e à monotonia. Portanto,<br />
é importante reconhecer que a comunicação<br />
simultânea faz parte das<br />
qualidades das novas gerações de<br />
estudantes.<br />
“<br />
Um dos maiores<br />
desafios dos<br />
professores é o<br />
de mediar o uso de<br />
tecnologias em<br />
sala de aula<br />
“<br />
“Um dos maiores desafios dos professores<br />
é o de mediar o uso de tecnologias<br />
em sala de aula, assim como<br />
o de trabalhar com toda a informação<br />
que está na palma da mão. Muitos<br />
espaços educativos têm utilizado<br />
a educação híbrida como alternativa<br />
para uma comunicação simultânea<br />
entre as diferentes gerações tecnológicas,<br />
o que favorece o diálogo<br />
para a superação das diferenças”,<br />
assegura Maria Cristina Cavalcanti,<br />
professora convidada da Pós-Graduação<br />
UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong>, no curso de<br />
Docência do Ensino Superior.<br />
Não se trata de permitir o uso indiscriminado<br />
de celulares em sala de<br />
aula, mas é significativo compreender<br />
que há potencial nos aparelhos<br />
e aplicativos digitais para se transformarem<br />
em ferramentas úteis no desenvolvimento<br />
dos estudantes.<br />
Professora-tutora da Graduação<br />
UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong>, Patrícia Albuquerque<br />
gosta de incentivar seus<br />
alunos a criar grupos de comunicação<br />
e a utilizar as redes digitais para<br />
potencializar as aulas da faculdade.<br />
Pragmática, ela articula a troca de<br />
informações pertinentes ao ensino,<br />
explorando as possibilidades que a<br />
rede oferece.<br />
.<br />
“Sou muito entusiasta da internet e<br />
indico muito alguns vídeos do You-<br />
Tube como complemento dos estudos.<br />
Gosto que eles criem grupos no<br />
Facebook para trocarmos informações<br />
extras, links e materiais de trabalho”,<br />
reforça a professora, que calcula<br />
sua participação em pelo menos<br />
oitos grupos digitais apenas com os<br />
estudantes universitários.<br />
COMO FAZER A TECNOLOGIA<br />
UMA ALIADA DA EDUCAÇÃO<br />
1 4<br />
Crie um grupo por<br />
turma em aplicativo<br />
ou rede social.<br />
As possibilidades online são infinitas<br />
na educação. Aparelhos e redes<br />
podem inclusive relativizar o pouco<br />
tempo em sala de aula. Basta que<br />
haja a troca de informações antes e<br />
depois dos encontros, propor novos<br />
temas e dar continuidade a assuntos<br />
já trabalhados. Outra ideia prática é<br />
propor atividades semanais de pesquisa<br />
ou discussão, incentivando os<br />
estudantes a desenvolverem seus<br />
projetos.<br />
Além da educação simultânea e contínua,<br />
a naturalidade com que tudo é<br />
tratado nos ambientes virtuais também<br />
é ótima oportunidade de aprendizado.<br />
Assim, surge um excelente<br />
espaço para se trabalhar os códigos<br />
da informalidade e formalidade, que<br />
coexistem no nosso dia a dia, cada<br />
qual com a sua hora e lugar mais<br />
apropriados.<br />
Tira-dúvidas colaborativo:<br />
as questões podem ser<br />
postadas no grupo para<br />
gerar discussões e soluções,<br />
construindo conhecimento<br />
juntos.<br />
.<br />
2<br />
Seja moderador das discussões.<br />
Assim, o grupo se mantém em<br />
um ambiente virtual educativo<br />
com conversas aderentes ao<br />
tema proposto.<br />
5<br />
Adiante a matéria.<br />
Assim os alunos chegam<br />
na sala de aula com o<br />
conhecimento nivelado.<br />
3<br />
Canalize os temas. Um tema<br />
discutido na escola pode ser a<br />
discussão do dia no grupo.<br />
Desafios podem ser passados no<br />
grupo para que todos resolvam.
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
COLAR OU<br />
NAO COLAR?<br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
10 11<br />
Me passa<br />
a questão?<br />
O ALUNO COLOU?<br />
É HORA DE DISCUTIR AVALIAÇÃO E REGRAS<br />
A cola pode manifestar insegurança e mostrar que o aluno<br />
não se ajusta ao ensino que privilegia a “decoreba”.<br />
O estudante também pode estar se recusando a quebrar a cabeça<br />
para provar que sabe coisas pelas quais não se interessa.<br />
Se o professor avaliar continuamente, passando tarefas menores,<br />
gradativas e sequenciais, pode verificar com clareza a<br />
aprendizagem do aluno em vários momentos e de forma<br />
complementar. Uma redação pode propiciar ao aluno<br />
responder de forma mais criativa e singular os conteúdos.<br />
Dar uma olhadinha rápida para<br />
o lado, sussurrar uma ajuda ou<br />
fazer aquela pesquisa relâmpago<br />
no celular durante uma avaliação<br />
estão no mesmo patamar das respostas<br />
anotadas no braço, no tênis,<br />
na borracha e onde mais se imaginar.<br />
A realidade nas salas de aula<br />
mostra que essas são apenas algumas<br />
das muitas possibilidades existentes<br />
para se burlar os métodos de<br />
aplicação de provas das escolas. O<br />
principal motivo? Conquistar bons<br />
resultados nas avaliações e passar<br />
de ano.<br />
Não foi diferente com a Natali Cristina<br />
de Oliveira, aluna do Ensino Médio<br />
da Escola Estadual Antônio de<br />
Castro Alves. Ela alcançou todas as<br />
médias para ser aprovada, mas pode<br />
ter recorrido vez ou outra a uma ajuda<br />
de mérito duvidoso. “Eu já colei.<br />
Provavelmente em Química e Matemática<br />
porque tinha muita dificuldade<br />
nessas matérias. Não entendia.<br />
Os adolescentes colam muito, talvez<br />
porque não estudam o suficiente”,<br />
confidencia a estudante.<br />
bendo que é um desvio de conduta<br />
rechaçado pelos educadores.<br />
O professor Roberto Silva ampliou<br />
as possibilidades de avaliação. Ele<br />
comanda aulas de Língua Espanhola<br />
para 12 turmas na Escola Estadual<br />
Anne Frank, em Porto Alegre. Embora<br />
a prova exista no cronograma<br />
da disciplina, o professor faz<br />
uso dela apenas como alternativa.<br />
“Eu aplico prova, mas apenas<br />
uma vez por semestre.<br />
Costumo fazer vários<br />
trabalhos, pois assim<br />
posso avaliar melhor os<br />
alunos, incluindo fala,<br />
Apesar de os alunos sentirem que se<br />
trata de uma prática errada, trapacear<br />
nas avaliações continua sendo<br />
bastante corriqueiro. Forjar uma resposta<br />
é algo que grande parte dos<br />
estudantes já fez, faz ou conhece alguém<br />
que costuma fazer, mesmo sa-<br />
escrita e desenvolvimento.<br />
Eu acredito<br />
mais nesses<br />
pequenos<br />
trabalhos,<br />
porque vejo a<br />
evolução e o<br />
crescimento deles<br />
na disciplina e vou<br />
“<br />
acompanhando tudo. Muitas vezes<br />
eles nem sabem tudo o que avalio”,<br />
aponta o professor.<br />
Se o estudante faz de conta que<br />
entendeu, o professor não fica<br />
sabendo qual a sua real condição<br />
e não pode ajudá-lo<br />
“<br />
Bastante comum é cobrar do aluno<br />
o resultado final e não o aprendizado,<br />
o que realmente quebra a lógica<br />
escolar de avaliação. Para o pedagogo<br />
Ariel das Neves Medeiros, professor-tutor<br />
da Graduação UNIASSELVI/<br />
<strong>IERGS</strong>, a questão que se coloca a<br />
partir daí possui dois ângulos: “Como<br />
prática de aprendizagem, a cola é<br />
prejudicial ao aluno na sua formação<br />
profissional. Por outro lado, a sua<br />
formação ética fica comprometida,<br />
pois esse mesmo educando infringe<br />
normas que existem para todos.<br />
Qual seria sua postura para outras<br />
decisões, quando entende que as<br />
regras e normas podem ser burladas<br />
para atingir seus objetivos?”, indaga<br />
o professor.<br />
O momento do professor refletir é<br />
exatamente quando a fraude ocorre,<br />
pois mostra que o aluno não está<br />
seguro e, mesmo sem ter aprendido,<br />
ele finge que sabe para não ser punido.<br />
“Se o estudante faz de conta<br />
que entendeu, o professor não fica<br />
sabendo qual a sua real condição e<br />
não pode ajudá-lo”, reflete em artigo<br />
Jussara Hoffmann, consultora gaúcha<br />
e doutora em avaliação.<br />
A cola é resultado de uma aprendizagem<br />
não significativa, pois o aluno<br />
não cola aquilo que entende. Pode<br />
demonstrar ao mesmo tempo que<br />
os estudantes não estão absorvendo<br />
o conteúdo, mas também a falta de<br />
aprimoramento didático do professor.
12<br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
Alunos em contato com a natureza<br />
no pátio da escola Amigos do Verde.<br />
13<br />
TRANSFORMADORAS<br />
ideais inovadorEs e criativIDADE ESTÃO<br />
NOS PRINCÍPIOS DE escolas QUE formaM<br />
sujeitos realmente transformadores<br />
P<br />
ESCOLAS<br />
ara além do aperfeiçoamento pedagógico,<br />
a escola também tem<br />
a oportunidade de se preocupar<br />
com os cidadãos que ela ajuda a desenvolver.<br />
É possível formar indivíduos que<br />
pertençam ao mundo de maneira criativa<br />
e sensível, com valores para desenvolver<br />
habilidades e competências que<br />
sejam realmente transformadoras.<br />
É o que vem acontecendo desde 1984<br />
na escola Amigos do Verde, de <strong>Educação</strong><br />
Infantil e Ensino Fundamental, no<br />
Bairro São João, em Porto Alegre. O espaço<br />
é um recanto verde, onde as crianças<br />
têm a oportunidade de desfrutar de<br />
uma área de proteção ambiental aberta<br />
e natural. A busca é por uma aprendizagem<br />
mais humana, com visão ecológica<br />
e sustentável, acolhendo a diversidade e<br />
respeitando as particularidades e riquezas<br />
de cada um.<br />
São 180 crianças matriculadas na escola<br />
Amigos do Verde, que têm a natureza<br />
como fonte de aprendizado. A horta, a<br />
composteira, as árvores, os animais presentes,<br />
as praças e até a alimentação<br />
viva integram os processos de ensino e<br />
se mesclam ao conteúdo habitual das<br />
séries iniciais.<br />
Atividade escolar no pátio<br />
da escola Amigos do Verde.<br />
“É muito fácil contemplar os conteúdos<br />
da grade curricular indicada pelo MEC<br />
e ao mesmo tempo fazer uma escola<br />
prazerosa e transformadora”, garante a<br />
professora Silvia Lignon Carneiro, fundadora<br />
da Escola. “Na prática, a gente<br />
trabalha com projetos de estudos que<br />
vêm dos alunos e dos professores, conforme<br />
a necessidade deles. Os temas<br />
são definidos por consenso e todos têm<br />
de estar satisfeitos. É assim que as crianças<br />
ficam felizes e estimuladas e a gente<br />
ganha mais brilho no olho”, reforça.<br />
O colégio Amigos do Verde é o único no<br />
Rio Grande do Sul a integrar a rede Escolas<br />
Transformadoras, projeto internacional<br />
de apoio a instituições de ensino<br />
que repensam seus processos de educação<br />
e acreditam no potencial de cada<br />
pessoa. Idealizada pelo Instituto Alana<br />
e Ashoka, a rede atende 15 escolas no<br />
Brasil organizadas em rede, numa relação<br />
de troca e aprendizados constantes.<br />
“O esforço da nossa equipe é muito<br />
importante, pois são pessoas que acreditam<br />
nestas propostas de educação<br />
coletiva. A gente está sempre buscando<br />
autoconhecimento, o que chamamos<br />
de auto-eco-conhecimento aplicado<br />
em vivências com os alunos, equipe e<br />
pais. Estamos sempre nesse constante<br />
aprender e evoluir”, conta Silvia.<br />
AMBIENTE<br />
MOTIVADOR<br />
Para a psicopedagoga Karen Cris Sartori,<br />
professora-tutora UNIASSELVI/<strong>IERGS</strong><br />
e especialista em Ambientes de Aprendizagem,<br />
uma escola transformadora é<br />
aquela que permite ao aluno construir<br />
sua caminhada com regras, mas sem<br />
“<br />
Eu tenho certeza que<br />
a gente está formando<br />
pessoas com outro<br />
propósito de vida<br />
“<br />
autoritarismos; com diálogo, sem imposições<br />
e com uma gestão preocupada<br />
com a formação do cidadão.<br />
“Nosso grande desafio é ter o olhar<br />
inovador e desafiador de que o público<br />
mudou. Para podermos ter um sistema<br />
de ensino que propicie uma nova sociedade<br />
é necessário também que o professor<br />
perceba que ele faz parte do processo<br />
de aprendizagem, mas ele não é o<br />
processo do aluno e que é no ambiente<br />
escolar que eles devem aprender a se<br />
desenvolver como um todo”, comenta<br />
a especialista.<br />
APRENDIZAGEM<br />
SIGNIFICATIVA<br />
A escola pode oferecer aprendizagens<br />
significativas através das suas experiências.<br />
Plantar, alimentar os animais, produzir<br />
papel reciclado e separar o lixo são<br />
exercícios possíveis e interessantes para<br />
um ambiente educativo de qualidade.<br />
Em vez do protecionismo, a escola trabalha<br />
a autonomia, respeitando a organização<br />
de cada criança. Na busca pela<br />
inovação, os projetos da escola Amigos<br />
do Verde são construídos coletivamente<br />
como parte de um processo de aprendizagem<br />
dinâmico e prazeroso.<br />
“Eu tenho certeza que a gente está formando<br />
pessoas com outro propósito de<br />
vida, com novos valores, mais honestas<br />
consigo e com menos máscaras. Elas<br />
estão fazendo o que a sociedade exige,<br />
mas são mais autênticas e felizes e isso<br />
nos dá certeza que estamos no caminho<br />
certo”, diz Silvia.<br />
PROPOSTA<br />
TRANSFORMADORA<br />
Uma proposta pedagógica transformadora<br />
contribui para a formação de<br />
pessoas que se reconheçam em um sistema<br />
que valoriza os sentimentos, atos<br />
e os pensamentos. Se todo processo de<br />
ensino pode ser melhorado, uma leitura<br />
ao pé da árvore também é aula e o aluno<br />
está apto a participar do seu próprio<br />
desenvolvimento.<br />
Projetos lúdicos integram o calendário<br />
pedagógico da Amigos do Verde.
14<br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
InformAção | <strong>Educação</strong><br />
SALA DE AULA<br />
INVE TIDA<br />
Outra educação é possível<br />
R<br />
Muitos educadores já perceberam<br />
as vantagens de adotar a metodologia<br />
de sala de aula invertida.<br />
Trata-se de um modelo que altera a<br />
lógica tradicional de ensino, geralmente<br />
com a colaboração da tecnologia, incentivando<br />
diversas atividades fora da<br />
sala, enquanto o tema de casa vira atividade<br />
interna. A proposta é organizar<br />
aulas menos expositivas, mais produtivas<br />
e participativas, capazes de engajar<br />
os alunos no conteúdo e utilizar melhor<br />
o tempo e os conhecimentos do professor.<br />
Lucas de Melo Bonez é escritor, diretor<br />
e professor de Letras e reúne grande<br />
experiência com salas de aula. O professor-tutor<br />
da Graduação UNIASSELVI/<br />
<strong>IERGS</strong> reconhece vantagens de trabalho<br />
no modelo tradicional, mas defende um<br />
equilíbrio entre as metodologias, que seja<br />
capaz de fomentar a curiosidade e aguçar<br />
o lado científico dos estudantes, dando<br />
embasamentos a discussões que tornem<br />
a inversão mais prática.<br />
“Eu tenho certeza que a sala de aula invertida<br />
traz benefícios muito fortes para o<br />
estudante e para nós mesmos. O estilo de<br />
trabalho é uma transformação no planejamento,<br />
na didática e na relação professor-aluno.<br />
À medida que tu te tornas muito<br />
mais um mediador de conhecimentos<br />
do que o detentor dele, tu humanizas o<br />
ensino e faz com que o estudante vivencie<br />
cada passagem de forma mais prática,<br />
intervindo no conhecimento de acordo<br />
com sua cultura e sua realidade”, pondera<br />
o professor.<br />
ALUNO 2.0<br />
Como alternativa ao método tradicional,<br />
no modelo de sala invertida o aluno estuda<br />
os conteúdos básicos antes da aula,<br />
desfrutando de vídeos, textos, arquivos<br />
em áudio, games e outros recursos possíveis.<br />
Em sala, o professor aprofunda o<br />
aprendizado com exercícios, estudos de<br />
caso e conteúdos complementares, esclarecendo<br />
dúvidas e estimulando o intercâmbio<br />
entre a turma.<br />
Um dos principais benefícios reside exatamente<br />
na otimização do tempo em sala<br />
de aula, que dedica mais espaço para o<br />
tema focal, dinâmicas e construção de<br />
conhecimentos, garante a orientadora<br />
educacional e Mestre em <strong>Educação</strong> Fabiani<br />
Ortiz Portella.<br />
“Essa perspectiva exige a mediação constante<br />
do educador no ajuste das discussões.<br />
Sua função é provocar, interagir,<br />
discutir, criticar, analisar e envolver os diferentes<br />
estudantes no desafio de aprender.<br />
Na vivência do processo em grupo,<br />
vão emergir condições de aprendizagem<br />
que deverão ser potencializadas para formar<br />
alunos ativos através da aprendizagem<br />
colaborativa”, defende a Especialista<br />
em Psicopedagogia Clínica e professora<br />
convidada da Pós-Graduação UNIASSEL-<br />
VI/<strong>IERGS</strong>.<br />
Ao transformar o modelo tradicional,<br />
a sala de aula invertida faz com que os<br />
alunos estudem em casa em seu próprio<br />
ritmo, comunicando-se com colegas e<br />
professores por meio de discussões online.<br />
Para complementar, engajamento e<br />
motivação são estimulados pelo professor<br />
em sala de aula.<br />
É através de exercícios práticos que muitos<br />
estudantes compreendem melhor o<br />
que leem nos livros. Com mais espaço<br />
para a troca de vivências em sala, desvendam-se<br />
mais dúvidas, diminuem os<br />
medos, surgem novos prazeres e diversas<br />
outras potencialidades no processo de<br />
ensino e aprendizagem. Outra educação<br />
é possível e o aluno pode tornar-se protagonista,<br />
aprendendo de forma mais autônoma,<br />
mais consciente e com mais apoio<br />
do professor.<br />
Como tudo<br />
começou?<br />
Em 2007, os professores Jonathan<br />
Bergman e Aaron Sams, da Woodland<br />
Park High School (Colorado, Estados<br />
Unidos), descobriram um software<br />
que permitia gravar apresentações.<br />
Eles passaram, então, a utilizar o programa<br />
para postar online as aulas, permitindo<br />
que alunos que tinham faltado<br />
pudessem acessar o conteúdo.<br />
A sua metodologia se espalhou, fazendo<br />
com que professores de diversas partes<br />
usassem vídeos online e podcasts para<br />
ensinar o conteúdo fora da sala de aula. O<br />
tempo de classe passou a ser utilizado para<br />
trabalhos colaborativos e exercícios importantes<br />
sobre o tema estudado online.<br />
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