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Deuses Americanos - Neil Gaiman

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cetim e uma colcha vermelho-sangue. Ao pé da cama há uma mesinha de<br />

madeira com uma pequena estátua em pedra de uma mulher com quadris<br />

enormes segurando um castiçal.<br />

A mulher entrega ao homem uma pequena vela vermelha.<br />

— Aqui está — ela diz. — Acende.<br />

— Eu?<br />

— É. Se você quiser me possuir.<br />

— Eu devia ter feito você só me dar uma chupada no carro.<br />

— Talvez. Você não me quer?<br />

A mão dela desliza pelo corpo, do quadril até o peito, um gesto de<br />

apresentação, como se estivesse demonstrando um produto novo.<br />

Lenços de seda vermelha sobre o abajur no canto do quarto deixam a luz<br />

vermelha.<br />

O homem a olha faminto, então pega a vela de sua mão e enfia no castiçal.<br />

— Você tem isqueiro?<br />

Ela lhe entrega uma carteia de fósforos. Ele arranca um fósforo, acende o<br />

pavio: a luz dá uma tremida e depois queima com uma chama firme, que<br />

confere ilusão de movimento à estátua sem rosto que está ao lado, toda quadris e<br />

peitos.<br />

— Coloque o dinheiro atrás da estátua.<br />

— Cinquenta paus.<br />

— É — ela diz. — Agora vem aqui me amar.<br />

Ele desabotoa o jeans e tira a camiseta cor-de-oliva. Ela massageia os<br />

ombros brancos dele com seus dedos pardos; então ela o vira e começa a fazer<br />

amor com ele com as mãos, os dedos e a língua.<br />

Para ele, parece que as luzes no quarto vermelho diminuíram, e que a<br />

única iluminação vem da vela, que queima com uma chama brilhante.<br />

— Qual é o seu nome? — ele lhe pergunta.<br />

— Bilquis — ela diz, levantando a cabeça. — Com Q.<br />

— Com o quê?<br />

— Deixa pra lá.<br />

Ele está ofegando agora.

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