O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
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HIPNOSE ACORDADA<br />
Podemos induzir todos, ou pràticamente todos os fenômenos clássicos inerentes ao<br />
estado hipnótico sem submergir o “sujet” no sono hipnótico. Tenho conseguido realizar<br />
tôda uma série de demonstrações com alucinações positivas e negativas dos sentidos,<br />
alucinações e inibições motoras, levitação dos braços, catalepsia, amnésia, alterações de<br />
memória e regressão de idade, sem induzir o “sujet” ao sono. E não raro em pessoas nunca<br />
hipnotizadas anteriormente.<br />
A técnica indutiva para êsse tipo de hipnose é bàsicamente a mesma que já<br />
conhecemos, exceto na parte da sugestão do sono.<br />
Como para o “sujet” de olhos abertos se oferecem maiores ensejos para desvios de<br />
atenção, o hipnotista tem de redobrar sua vigilância em relação àquele e literalmente não<br />
pode perdê-lo de vista. Tanto assim, que é de uso recorrer para êsse efeito, entre outras<br />
coisas, ao expediente da fixação ocular, pelo menos para produzir os primeiros efeitos<br />
sugestivos.<br />
Podemos iniciar êste processo hipnótico pelo teste das mãos e pelo balanço, testes<br />
êsses que nos servem para a indução da hipnose em um modo geral.<br />
O Dr. Frank Pattie, famoso hipnotista americano, nos dá a seguinte versão da<br />
hipnose acordada :<br />
“Fitando os olhos do paciente, sugiro o balanço e os movimentos correspondentes,<br />
para frente e para trás. Ordeno ao paciente que dê um passo para trás a fim de evitar a<br />
queda. Repito a experiência. Dessa vez, porém, sugiro ao paciente um estado de rigidez nos<br />
joelhos. “Seus joelhos endureceram. Já não pode dar o passo para trás. Não evitará a queda.<br />
A queda é inevitável, mas terá uma pessoa para ampará-lo.” O paciente cai e é amparado<br />
pelo assistente. Passo para as provas catalépticas. Inicialmente, a catalepsia das mãos. Em<br />
segundo sugiro a incapacidade de articular o próprio nome. A impossibilidade de deslocar o<br />
pé do chão etc., etc.<br />
Se o “sujet” correspondeu a tôdas ou à maioria dessas provas, passo à demonstração<br />
da amnésia. Seguro a mão do “sujet” e digo-lhe : “Vou largar-lhe lentamente a mão. No<br />
momento em que eu a largar de todo, você obedecerá a uma ordem minha e tornará a<br />
segurar a minha mão.” Largo a mão do “sujet” e peço-lhe um anel ou o relógio. Torno a<br />
segurar-lhe a mão, enquanto embolso o objeto pedido e sugiro que à medida em que vá<br />
largando de novo, a lembrança do ato que acaba de executar se desvaneça de sua mente.<br />
Um dos assistentes, devidamente instruído, perguntará depois ao “sujet”, já dispensado de<br />
sua função, pela hora ou pelo anel. O grau da autenticidade da amnésia se verificará na<br />
reação do “sujet”.<br />
Êste método de hipnotização exige atitudes mais autoritárias e, de um modo geral,<br />
maior desembaraço do que os processos que envolvem o fenômeno do “sono”. O hipnotista<br />
tem de demonstrar maior domínio e maior grau de confiança atuando sôbre uma pessoa<br />
acordada ou pelo menos de olhos abertos, do que diante de um indivíduo passivamente<br />
submerso em transe e de olhos cerrados.<br />
Afirmam certos autores que êste processo só serve a propósito demonstrativos e<br />
didáticos, sendo de pouca aplicação terapêutica. Há uma corrente, no entanto, que tende a<br />
ampliar cada vez mais a aplicação terapêutica dêsse sistema de indução. Em outro local<br />
citarei um exemplo convincente do já referido Dr. Moss, no qual o famoso hipnotista<br />
descreve de como procede para controlar espasmos e salivação em pacientes plenamente<br />
acordados.