O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
transe (no sentido da inconsciência) e na ausência do hipnotizador. Vai um exemplo para<br />
fins odontológicos : Passando a mão no campo operatório, digo ao paciente : “Quando<br />
você assentar-se na cadeira do dentista, esta região ficará completamente insensibilizada…<br />
Completamente anestesiada.” Esta sugestão é repetida com a devida ênfase. E continuo :<br />
“Ao levantar da cadeira do dentista, tornará a sentir esta região, porém sem dor ou qualquer<br />
sensação desagradável. Passará muito bem” etc., etc. O autor teve inúmeras oportunidades<br />
para demonstrar, pràticamente, a eficiência da indução por sugestão post-hipnótica para fins<br />
cirúrgicos, nos cursos que ministrou a entidades médico-odontológicas. Antes de proceder a<br />
uma sugestão post-hipnótica de maior responsabilidade, é uso testar o paciente em ralação<br />
ao grau de hipnose em que se encontra.<br />
A LG U N S CUIDADOS PRELIMINARES<br />
A impressão de prestígio, de autoridade e de austeridade do hipnotista deve ser<br />
reforçada pela sua aparência física. Sua indumentária 107 , assim como o gabinete em que<br />
trabalha, devem manter uma aparência impecável. Há pacientes inconscientemente<br />
alérgicos à desordem e à imundície. Um gabinete mal arranjado, um hipnotizador de unhas<br />
sujas ou mal ajambrado, podem constitui-se em impecilho decisivo.<br />
Evite-se, outrossim, ruídos. Recomenda-se deixar o telefone fora do gancho, ao<br />
menos enquanto dura o trabalho da indução. O bater de portas e o ruídos de ventiladores<br />
freqüentemente estorvam a sessão. Quanto aos ruídos do trânsito, tais como buzinas e<br />
apitos de guarda, deixam de perturbar à medida em que fazem parte dos hábitos auditivos<br />
do “sujet”. Mas, como quer que seja, um gabinete inteiramente silencioso é sempre melhor.<br />
Correntes e ar devem ser evitadas. Muitos pacientes manifestam uma exagerada<br />
sensibilidade em relação a correntes de ar, sobretudo frias. É comum resistirem à hipnose<br />
ou acordarem por êsse motivo. Esdaile, que a princípio hipnotizava os seus pacientes<br />
desnudos, para fins cirúrgicos, mais tarde precavia-se contra isso, cobrindo-os com<br />
cobertores.<br />
Quanto à iluminação, recomenda-se geralmente um ambiente ligeiramente<br />
obscurecido, com iluminação fraca e indireta.<br />
Para efeito de acomodação indica-se uma poltrona confortável ou um divã,<br />
conforme as indicações do caso.<br />
Um fator notòriamente negativo é a preocupação em relação ao tempo. Tanto o<br />
hipnotista como o “sujet” não podem estar preocupados com outros compromissos. Em tais<br />
casos é sempre preferível adiar a sessão.<br />
Conquanto a prudência mande trabalhar na presença de testemunhas, para evitar<br />
possíveis explorações e mesmo calúnias, não se recomenda consentir na participação de<br />
meros curiosos ou pessoas da família, sobretudo os pais. Sabemos que a presença da<br />
familiaridade concorre para diminuir o prestígio, e que, por outro lado, o hipnotista deriva<br />
seu prestígio, largamente, do fato de representar um substituto da autoridade materna e<br />
paterna. Essa autoridade da infância, presente em carne e osso, tem de enfraquecer o poder<br />
sugestivo do hipnotizador. A atenção do paciente volta-se para a autoridade da família em<br />
lugar de concentrar-se na do hipnotista. Por sua vez, a presença de um curioso, rindo ao<br />
notar as primeiras reações do paciente ou as dificuldades do hipnotizador, pode perturbar<br />
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Roupa.