O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

rodrigo.vieirati
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68 K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O instrução : “Continue com as mãos nesta posição. Quando eu lhe pedir, respire profundamente e prenda a respiração até eu terminar de contar até cinco. Ao terminar a contagem, soltará a respiração, porém as mãos continuarão prêsas e cada vez mais prêsas. Não as conseguira soltar.” Dada essa instrução, mando o paciente fechar os olhos (ou conforme a natureza de sua sugestibilidade, peço-lhe que fixe os seus olhos nos meus). Ato contínuo mando respirar fundo e prender a respiração. Conto pausadamente até cinco. Se ao terminar a contagem o paciente não consegue separar as mãos, não está apenas selecionado, senão também profundamente sugestionado, quanto não hipnotizado. O TESTE DA OSCILAÇÃO Um dos testes mais usados é o da oscilação. Havendo o “sujet” reagido mais ou menos ao teste das mãos, passo ao segundo teste, o da oscilação. Êste teste oferece, como o anterior, ensejo para algum ritual e solenidade. O paciente é solicitado a levantar-se e largar os objetos que porventura tenha nas mãos Recomenda-se-lhe em seguida, conforme o caso, não apoiar-se na cadeira ou na pessoa do vizinho. Feita essa recomendação, passo à demonstração, dizendo : “A posição é esta : os pés juntos. Os braços caídos ao longo do corpo. E relaxamento muscular. Fique de corpo mole. Não em atitude militar. Olhe para mim um instante. Pode fechar os olhos.” No caso de utilizar-me de discos, digo : “Quando a música começar, vai sentir um balanço… O balanço continua ao som da música… O balanço continua… Você continua a Balançar”, etc. Em lugar da música pode-se recorrer a um outro condicionamento qualquer com a mesma probabilidade do êxito. Pessoalmente tenho empregado discos sòmente em demonstrações públicas. Nas sessões individuais costumo condicionar o início do balanço à simples contagem. “Vou contar até cinco… Antes de chegar aos cinco, você sentirá um balanço…” O balanço não é considerado como sintoma muito seguro de suscetibilidade. Pode um indivíduo balançar e depois mostrar-se refratário à indução. Todavia, o que não balança de todo pode ser eliminado da prova. O grau e o modo do balanço, no entanto, indicam com relativa margem de segurança a suscetibilidade. Para certificar-me da legitimidade da reação costumo bater inadvertidamente no ombro do “sujet”. Se o paciente não se assusta e se o ombro não cede à leve pressão da minha mão, as probabilidades são mínimas. Se, ao contrário, o paciente apresenta uma reação de molejo (alguns chegam a pular) é índice de alta suscetibilidade. Uma variante do teste da oscilação é aquêle em que se colocam as mãos sôbre os ombros do paciente, o qual se mantém de olhos fechados, Ao aliviar a pressão das mãos e finalmente suprimir o conctato físico, o paciente, mesmo sem sugestão específica, oscila, acompanhando as mãos do operador, como se fôra atraído por fôrça emanada do hipnotista. Já tivemos ocasião de nos referir a esse fenômeno que a ciência ainda está por explicar. O paciente que reage satisfatòriamente a essa prova, pode ser considerado hipnotizado. O PÊNDULO DE CHEVREUL Uma das demonstrações ideomotoras que se presta particularmente para iniciar o processo sugestivo no paciente é o chamado Pêndulo de Chevreul. Com o cotovêlo apoiado sôbre a mesa, o paciente segura entre o polegar e o indicador um barbante, de cuja

K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O 69 extremidade pende um anel. Segure-se ao paciente o movimento do pêndulo, acompanhado uma linha traçada sôbre a mesa. Recomenda-se ao “sujet” não intervir voluntàriamente no movimento do pêndulo, limitando-se a segurar o barbante. Na maioria dos casos, o movimento sugerido começa por esboçar-se na direção indicada. Confirmado o efeito da sugestão, o operador aproveita o ensejo para prosseguir, convencendo o “sujet” que, de acôrdo com a prova que acaba de dar, todos, ou pelo menos a maioria dos pensamentos, tendem a traduzir-se em realidade, bastando o “sujet” pensar com a devida vivacidade e intensidade. Nesta altura, o paciente geralmente já se encontra a caminho da indução. Embora tenham aplicação de caráter geral, os testes podem variar de tipo, conforme as finalidades específicas que se tem em vista. Os testes que acabamos de mostrar são testes ideomotores e servem, preponderadamente, para medir a ação motora da sugestão hipnótica. Já os testes sensoriais indicam a ação sensorial da hipnose. Pacientes que reagem negativamente ao teste motor, podem reagir positivamente ao teste sensorial e vice-versa. Dentre os testes sensoriais destacam-se, pela sua facilidade executiva e importância prática, os testes olfativos e os testes térmicos. O TESTE OLF A TIVO Mostra-se ao paciente meia dúzia de frascos devidamente rotulados, contendo cada um uma essência específica, condizente com o rótulo. O “sujet” fecha os olhos, e o hipnotista, a uma distância de dois ou três metros, abre um dos frascos, anunciando ao paciente a essência que o mesmo contém. O “sujet” não pode negar o perfume anunciado, uma vez que o mesmo existe. O hipnotista passa a anunciar passa a anunciar a abertura do segundo frasco, contendo outra essência por êle especificada. Novamente o “sujet” tem de confirmar o cheiro. Do quarto frasco em diante, porém, a essência é ilusória, pois o conteúdo dos últimos frascos não corresponde aos rótulos anunciados pelo hipnotista. Contêm água. Para simplificar êsse expediente olfativo, tenho, entre outras coisas, utilizado um simples cartão de visita. À vista do “sujet” tiro o cartão da carteira ou do bolsinho superior do paletó e, cheirando o cartão, finjo constatar uma ligeira impregnação perfumosa. Comento : “Quase imperceptível.” Escusado será dizer que não há impregnação perfumosa alguma. Passo em seguida o cartão ao “sujet”, o qual, não desconfiando da cilada, poderá confirmar o cheiro. O TESTE TÉRMICO Dentre os testes térmicos, o de mais fácil execução é o chamado teste do dedo. O operador coloca o indicador sôbre o dorso da mão ou o pulso do paciente. Em seguida recomenda uma forte concentração em relação à área que se encontra sob a pressão do seu dedo. Pergunta ao “sujet” se não sente alguma sensação estranha, algum aumento de calor, uma espécie de corrente elétrica ou formigamento. Respondendo afirmativamente, o paciente está selecionado. Os testes que acabamos de citar já fazem parte dos métodos subjetivos da indução hipnótica, não se baseando em nenhum expediente de cansaço físico ou sensorial. E note-se que, mesmo nos processos citados anteriormente, o cansaço físico, com tôdas as suas

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extremidade pende um anel. Segure-se ao paciente o movimento do pêndulo, acompanhado<br />

uma linha traçada sôbre a mesa. Recomenda-se ao “sujet” não intervir voluntàriamente no<br />

movimento do pêndulo, limitando-se a segurar o barbante. Na maioria dos casos, o<br />

movimento sugerido começa por esboçar-se na direção indicada. Confirmado o efeito da<br />

sugestão, o operador aproveita o ensejo para prosseguir, convencendo o “sujet” que, de<br />

acôrdo com a prova que acaba de dar, todos, ou pelo menos a maioria dos pensamentos,<br />

tendem a traduzir-se em realidade, bastando o “sujet” pensar com a devida vivacidade e<br />

intensidade. Nesta altura, o paciente geralmente já se encontra a caminho da indução.<br />

Embora tenham aplicação de caráter geral, os testes podem variar de tipo, conforme<br />

as finalidades específicas que se tem em vista. Os testes que acabamos de mostrar são testes<br />

ideomotores e servem, preponderadamente, para medir a ação motora da sugestão<br />

hipnótica. Já os testes sensoriais indicam a ação sensorial da hipnose. Pacientes que reagem<br />

negativamente ao teste motor, podem reagir positivamente ao teste sensorial e vice-versa.<br />

Dentre os testes sensoriais destacam-se, pela sua facilidade executiva e importância prática,<br />

os testes olfativos e os testes térmicos.<br />

O TESTE OLF A TIVO<br />

Mostra-se ao paciente meia dúzia de frascos devidamente rotulados, contendo cada<br />

um uma essência específica, condizente com o rótulo. O “sujet” fecha os olhos, e o<br />

hipnotista, a uma distância de dois ou três metros, abre um dos frascos, anunciando ao<br />

paciente a essência que o mesmo contém. O “sujet” não pode negar o perfume anunciado,<br />

uma vez que o mesmo existe. O hipnotista passa a anunciar passa a anunciar a abertura do<br />

segundo frasco, contendo outra essência por êle especificada. Novamente o “sujet” tem de<br />

confirmar o cheiro. Do quarto frasco em diante, porém, a essência é ilusória, pois o<br />

conteúdo dos últimos frascos não corresponde aos rótulos anunciados pelo hipnotista.<br />

Contêm água.<br />

Para simplificar êsse expediente olfativo, tenho, entre outras coisas, utilizado um<br />

simples cartão de visita. À vista do “sujet” tiro o cartão da carteira ou do bolsinho superior<br />

do paletó e, cheirando o cartão, finjo constatar uma ligeira impregnação perfumosa.<br />

Comento : “Quase imperceptível.” Escusado será dizer que não há impregnação perfumosa<br />

alguma. Passo em seguida o cartão ao “sujet”, o qual, não desconfiando da cilada, poderá<br />

confirmar o cheiro.<br />

O TESTE TÉRMICO<br />

Dentre os testes térmicos, o de mais fácil execução é o chamado teste do dedo. O<br />

operador coloca o indicador sôbre o dorso da mão ou o pulso do paciente. Em seguida<br />

recomenda uma forte concentração em relação à área que se encontra sob a pressão do seu<br />

dedo. Pergunta ao “sujet” se não sente alguma sensação estranha, algum aumento de calor,<br />

uma espécie de corrente elétrica ou formigamento. Respondendo afirmativamente, o<br />

paciente está selecionado.<br />

Os testes que acabamos de citar já fazem parte dos métodos subjetivos da indução<br />

hipnótica, não se baseando em nenhum expediente de cansaço físico ou sensorial. E note-se<br />

que, mesmo nos processos citados anteriormente, o cansaço físico, com tôdas as suas

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