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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

se sugestionavam à vista do aparelho cuja ação hipnótica lhe era sugerida, embora<br />

indiretamente. E isso, sem levar em linha de conta a ação sugestiva do prestígio do mestre.<br />

A simples presença de Charcot na “Salpetrière” garantia o sucesso hipnótico, assegurando<br />

automàticamente a concentração, ou a atenção concentrada, a fé e a expectativa. O fascínio<br />

pessoal de Charcot se fazia sentir, não ùnicamente nas humildes histéricas que se prestaram<br />

às experiências, mas também sobre personalidades eminentes. Charcot, infenso 93 à<br />

admissão de tôda ação sugestiva, explicaria ainda êsse fenômeno de seu sucesso como<br />

“magnetismo pessoal”.<br />

Não se pode negar, entretanto, o estímulo sensorial auditivo, monótono e suave,<br />

quer produzido por algum expediente mecânico, quer pela voz do próprio hipnotizador,<br />

como um elemento coadjuvante no processo da indução hipnótica. Existe, porém, até hoje<br />

uma tendência popular de exagerar-lhe o valor.<br />

Dentre os recursos físicos de indução, preconizados pela escola de Charcot, figuram<br />

determinadas indicações anatômicas, respeitadas até hoje por muitos hipnotistas.<br />

Acreditava Charcot na existência das chamadas z o n a s h i p n ó g e n a s, as quais,<br />

devidamente estimuladas, provocam o estado de sono. Assim sendo, bastaria exercer uma<br />

leve pressão com a mão no alto da testa, na raiz do nariz, no cotovêlo ou no polegar do<br />

paciente, para produzir instantâneamente um efeito soporífico no mesmo. Charcot ainda<br />

friccionava a cabeça e a nuca para induzir o estado sonambúlico. Escusado será dizer que<br />

essas z o n a s h i p n ó g e n a s , que podem ser localizadas e multiplicadas à<br />

vontade, funcionavam na “Salpetrière” e fora dela e funcionam ainda hoje à base da<br />

sugestão indireta, e também à base de um reflexo condicionado, remontando à experiência<br />

infantil do embalo materno ou paterno. Com isso, porém, ainda não se exclui a<br />

possibilidade da coexistência de fatôres extra-sugestivos em determinados casos. Um<br />

dêsses fatôres extra-sugestivos, da qual todos os hipnotizadores têm sobeja 94 experiência, é,<br />

sem dúvida, a incidência telepática. Todos conhecemos um método de indução que consiste<br />

em colocar as mãos nos ombros do paciente. O operador, em seguida, retira as mãos e, sem<br />

que houvesse proferido uma palavra, o corpo do “sujet” acompanha as mãos do<br />

hipnotizador, inclinando-se para a frente, para trás, executando movimentos giratórios etc.<br />

Pessoalmente demonstrei essa possibilidade em centenas de ocasiões, para o meu pasmo e<br />

para o pasmo das platéias. A ciência ainda não encontrou uma explicação para êsse<br />

fenômeno. Não admitindo a ação magnética os tais fluidos misteriosos, só nos restará uma<br />

interpretação telepática para esse fenômeno. Continuemos, porém, o fio do nosso tema :<br />

Afora as normas adotadas pelas escolas que acabamos de citar, existem expedientes físicos<br />

de indução hipnótica, tais como espelhos giratórios, hipnômetros, discos, fonógrafos,<br />

tambores. Os hipnotistas antigos empregavam muito o “Flash”. Enquanto se projetava uma<br />

luz instantânea e forte no rosto do paciente, ordenava-se-lhe em voz tonitroante : DURMA!<br />

O indivíduo tímido é destarte empurrado violentamente ao estado de transe por uma espécie<br />

de indução relâmpaga. Um susto ou choque. Temos ainda o gongo chinês e o judô japonês,<br />

que é uma espécie de estrangulamento nervoso, por meio de uma pressão exercida sôbre<br />

certos feixes de nervos na nuca e alhures 95 , um expediente por demais arriscado para<br />

comportar uma descrição neste trabalho. Dentre os métodos objetivos de indução, o da<br />

fascinação é ainda o mais usado. O processo consiste em fazer o “sujet” fixar um objeto<br />

brilhante que o hipnotista coloca um pouco acima do nível ocular do paciente, de modo que<br />

93<br />

Contrário; Averso.<br />

94<br />

Sobra.<br />

95<br />

Noutro Lugar.

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