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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

61<br />

IX — MÉTODOS DE INDUÇÃO HIPNÓTICA<br />

A hipnose é hoje universalmente aceita como um fenômeno de caráter<br />

essencialmente psicológico. O que equivale a dizer : um fenômeno essencialmente<br />

sugestivo. A constatação científica dêsse fato justifica a preferência moderna pelos métodos<br />

subjetivos de indução. Antes de expormos tais métodos, passaremos em rápida revista os<br />

chamados métodos objetivos.<br />

Mesmer ainda produzia convulsões e fenômenos subjetivos em seus pacientes com a<br />

imposição das mãos e por meio de passes complicados. Segurava as mãos do paciente e<br />

fitava-lhe os olhos durante uns quinze minutos ou mais. Depois largava as mãos do “sujet”<br />

e iniciava os “passes” ; êstes começavam à altura da cabeça do paciente, sem tocar-lhe o<br />

corpo. E descendo vagarosamente, as mãos do “magnetizador” detinham-se um pouco nos<br />

olhos, sôbre os quais se exercia uma ligeira pressão. Parando ainda à altura do tórax e<br />

depois do estômago, o itinerário magnético prosseguia até a chegar aos joelhos. Dali<br />

retornava, respeitando as mesmas estações intermediarias, até alcançar novamente a cabeça.<br />

Êsse expediente mágico era repetido de dez a quinze vêzes. Se o “sujet” não entrava em<br />

transe, marcara-se-lhe outra sessão.<br />

Também Esdaile ainda empregava o expediente dos passes magnéticos. Além de<br />

aplicar aos pacientes os “passes” do ritual mesmeriano, acompanhados de pancadas leves e<br />

ritmadas, Esdaile fitava-lhes de perto os olhos e em intervalos regulares soprava-lhes<br />

gentilmente a cabeça, os olhos e a bôca. Êsse processo de indução hipnótica prolongava-se<br />

geralmente por uma hora e mais, até que os pacientes estivessem em condições de sofrer a<br />

intervenção cirúrgica sem anestesia química, a qual, por sinal, ainda não existia.<br />

Por sua vez, Braid, ao menos no princípio de sua carreira, usava vencer o paciente<br />

pelo cansaço ocular. Era o método de fascinação prolongada. À maneira da maioria dos<br />

nossos contemporâneos, hipnotizava pelo olhar. Enquanto o “sujet” cansava o nervo ótico,<br />

ao ponto de congestionar os olhos, lacrimejar e sentir dor de cabeça, Braid lhe recomendava<br />

concentrar sua mente na idéia do sono. Braid mudou de tática já quase no fim de sua<br />

carreira, quando descobriu que podia hipnotizar cegos ou pessoas em recintos<br />

completamente escuros. Percebeu que o importante não era o cansaço visual ou a<br />

concentração ocular, mas, sim, a concentração mental. Dessa observação, em diante passou<br />

a dar maior importância ao fator imaginação, em relação ao qual ressaltava a<br />

preponderância 92 da sugestão verbal e a do detalhe da voz.<br />

Charcot, neurologista e homem que, segundo o testemunho do próprio Freud, era<br />

avêsso aos aspectos psicológicos da hipnose, ainda se batia pelas explicações físicas do<br />

fenômeno hipnótico. Seu método de indução predileto baseava-se, além da fascinação, na<br />

produção mecânica de sons soporíficos. Usava aparelhos que colocava perto do ouvido do<br />

paciente, a fim de adormecê-lo a poder de um estímulo sensorial auditivo, monótono e<br />

suave. Evitava deliberadamente tudo que pudesse valer por sugestão. Contudo, os pacientes<br />

92<br />

Predomínio; Supremacia.

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