O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
O PREÂMBULO<br />
“É natural que V. se sinta um tanto constrangido ao tomar o primeiro contato com a<br />
hipnose. Tôda experiência nova é assim. É sempre enfrentada com certa dúvida e receio.<br />
Posso adiantar-lhe, entretanto, que não há realmente nenhuma razão para nutrir dúvidas ou<br />
receio. A hipnose não oferece o menor perigo, quer de ordem física, quer de ordem moral.”<br />
É possível que com êste aviso inculquemos, embora neutralizadamente, o motivo do<br />
mêdo no espírito do “sujet”. Isso, longe de prejudicar nosso intento, pode favorecê-lo. O<br />
mêdo, até certo ponto, é um aliado do hipnotista. O melhor regime emocional para efeitos<br />
hipnóticos é um misto de mêdo e curiosidade.<br />
Continuemos a condicionar o “sujet”.<br />
“A hipnose faz bem à saúde. V. terá uma sensação de extraordinário bem-estar, de<br />
calma e de repouso. Tôdas as pessoas hipnotizadas dizem isso. É um estado que não se<br />
descreve. É preciso ter passado pessoalmente por essa experiência.”<br />
“Terminada a sessão, você continuará ainda a sentir-se muito bem disposto. Leve,<br />
eufórico, com uma sensação desintoxicante. E êsse bem-estar pode prolongar-se por dias,<br />
semanas, até por meses.”<br />
Levando em consideração que a maioria dos indivíduos cultiva o orgulho, ainda que<br />
meramente aparente, de não se deixar dominar e de não mostrar inferioridade e fraqueza,<br />
adiantamos ao “sujet” :<br />
“Tôda hipnose é, em última análise, auto-hipnose. Você mesmo é que vai se<br />
hipnotizar. Eu apenas ajudo um pouco, mas para poder ajudá-lo é preciso que você obedeça<br />
à risca às minhas instruções e tenha tôda confiança em mim. A hipnose começa com um ato<br />
de confiança. É uma espécie de operação de crédito moral entre a pessoa que<br />
voluntàriamente se submete à indução e o hipnotizador.”<br />
E continuando com os argumentos lisonjeiros às pretensões do “sujet” :<br />
“Uma vez assegurada a confiança, exige intensa concentração da sua parte. E isso,<br />
por sua vez, requer inteligência e fôrça de vontade, prova é que não se consegue hipnotizar<br />
loucos, ébrios e débeis mentais.”<br />
“Ùnicamente com a sua cooperação e sincero desejo de passar por essa experiência<br />
podemos contar com o êxito do nosso intento. Inicialmente você não terá de fazer outra<br />
coisa a não ser cooperar comigo e concentrar-se nas minhas palavras. No mais não se<br />
preocupe com o que puder acontecer. Deixe tudo por minha conta. Evite analisar as<br />
sensações que experimentar ou fazer perguntas durante a sessão. Terminada a sessão,<br />
explicar-lhe-ei tudo quanto quiser saber.”<br />
Convém lembrar ao “sujet” que em hipótese alguma correrá o perigo de escravizarse<br />
moral ou mentalmente à vontade do hipnotista e que êste não adquire em momento<br />
algum domínio sôbre a sua pessoa. Pessoalmente uso a seguinte fórmula para tranqüilizar o<br />
“sujet” :<br />
“Assim como o nosso corpo, também a nossa alma tem seus mecanismos de defesa.<br />
E êsses mecanismos funcionam instintiva, inconsciente e automàticamente. Há uma polícia<br />
interior que continua vigilante no mais profundo transe hipnótico. Ao receber uma ordem<br />
contrária à sua índole moral ou contrária aos seus interêsses vitais, a pessoa reage e<br />
costuma acordar, e em hipótese alguma obedece.”<br />
De resto convém lembrar ao paciente que êle não vai perder completamente a<br />
consciência. Costumo adiantar alguma explicação sôbre as diversas fases do fenômeno