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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

53<br />

Recomenda-se evitar palavras macabras, tão a gôsto de muitos hipnotizadores<br />

incipientes 77 ; frases como estas : ”V. vai entrar num sono de morte”; “Seu corpo assumirá<br />

uma rigidez cadavérica”, assustam o “sujet” e conseqüentemente produzem uma reação<br />

defensiva, mobilizando a resistência. Em muitos casos é o bastante para obstar 78 em<br />

definitivo a indução.<br />

Por outro lado, evitemos uma linguagem arrogante, senão ùnicamente segura e<br />

confiante. As palavras que precedem à sessão não podem trair dúvida ou hesitação. Não se<br />

diz ao “sujet” : “Vou tentar”, ou sequer : “Vamos ver se o senhor (ou a senhora) é<br />

suficientemente sensível à hipnose”. Conheci um hipnotizador que sistemàticamente<br />

expunha ao “sujet” e ao público de um modo em geral as possibilidades de um completo<br />

fracasso. Escusado será dizer que só teve fracassos à sua conta.<br />

Deixa-se a explicação do fracasso para depois. E essa explicação, devidamente<br />

dada, longe de desmerecer o hipnotista aos olhos do paciente, recupera-lhe, isso sim, o<br />

prestígio necessário para novas tentativas. Trocando a arrogância pela humildade e o receio<br />

pela confiança, o hipnotista se impõe à admiração e ao respeito do paciente,<br />

independentemente do resultado negativo ou positivo do intento hipnótico.<br />

O hipnotista tem de manter uma certa independência crítica e emocional diante do<br />

“sujet”. Êle não insistirá com o mesmo para que se submeta à hipnose, o que não obsta que<br />

o elucide 79 para que se deixe hipnotizar por vontade própria.<br />

Não ùnicamente os imperativos 80 éticos, senão também o próprio êxito da indução<br />

hipnótica exigem que o “sujet” saiba o que o espera e o que dêle se espera, caso contrário<br />

podem ocorrer situações críticas, que não raro raiam pela comicidade. Cito a propósito o<br />

caso de dois hipnotizadores, respectivamente dentista e médico, que posteriormente se<br />

tornaram meus alunos. O primeiro, em sua clínica odontológica, intenta uma sessão de<br />

hipnotismo com uma cliente, sem preâmbulo 81 ou outro preparo psicológico qualquer.<br />

Limita-se a pedir à paciente que feche os olhos e declara-lhe sumàriamente que ao terminar<br />

de contar até cinco, ela (paciente) não conseguirá abrir os olhos. A paciente, admirada, abre<br />

os olhos e pergunta cândidamente 8 2 : “Por que?” O outro, também sem preparar<br />

psicològicamente a paciente, passando por cima dos testes e tudo mais, começa de uma vez<br />

com o trabalho de indução : “Feche os olhos. Agora a senhora vai sentir sono… Muito<br />

sono… Vai dormir… Durma”, etc… A paciente, assustada, levantou-se da cadeira e<br />

ganhou a porta do consultório, certa de que seu médico enlouquecera.<br />

Conquanto as reações negativas não cheguem sempre a tais extremos, o paciente<br />

pode esboçar um sorriso de incompreensão, de ironia e de piedade, sorriso êsse que<br />

costuma desencorajar, sobretudo o hipnotista incipiente, ferindo-lhe ainda mais a vaidade<br />

do que a imputação direta da loucura.<br />

Precisamente para evitar tais situações embaraçosas para ambas as partes,<br />

recomenda-se fazer preceder a sessão de um preâmbulo, uma espécie de catequese. Salvo<br />

ligeiras variações, no conteúdo e na maneira de expor, além do que já aludimos acima, o<br />

que se segue :<br />

77<br />

Que está(ão) no começo.<br />

78<br />

Causar embaraço ou impedimento.<br />

79<br />

Esclareça; Informe.<br />

80<br />

Que ordena(m) ou exprime(m) ordem(ns); Imposição(ões); Ditame(s).<br />

81<br />

Preliminar.<br />

82<br />

Inocentemente.

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