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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

VII — A INDUÇÃO HIPNÓTICA<br />

A indução hipnótica começa para todos os efeitos com a preparação psicológica do<br />

paciente. Ao menos até certo ponto, o “sujet” já vem psicològicamente preparado. Já foi<br />

mais ou menos condicionado à experiência a que vamos submete-lo. A rigor, o hipnotista<br />

não hipnotiza, rehipnotiza. Hipnotizado o indivíduo já está, à fôrça da necessidade e do<br />

hábito, ainda que, às vêzes, insuficientemente para intentar uma rápida indução. A maioria<br />

dos “sujets” já vem sugestionada pela fama do hipnotizador e quase todos têm alguma<br />

leitura sôbre o assunto. O hipnotista, longe de desmentir ou desmerecer os pontos de vista<br />

do “sujet”, grosseiros e errôneos que sejam, deve aproveitá-los como elementos auxiliares<br />

da indução, pois sua tarefa inicial consiste em confirmar e estimular a crença no hipnotismo<br />

preexistente, sob pena de desiludir o “sujet”, destruindo nêle o muito ou o pouco de fé com<br />

que se apresentou para a experiência. Uma tática inadequada pode neutralizar as<br />

possibilidades hipnóticas num indivíduo de uma forma definitiva. Desiludidos por um<br />

hipnotizador inábil, muitos “sujets” não se deixarão mais hipnotizar, nem pelo melhor dos<br />

hipnotizadores. Daí um bom hipnotizador contribuir para o êxito de seu colega e,<br />

inversamente, um mau hipnotista poder destruir os melhores esfôrços do outro.<br />

C oisas que se devem e que não se devem dizer ao “sujet”<br />

Não falemos ao paciente da necessidade de ter fé, senão ùnicamente da necessidade<br />

de ter confiança. Assim como não lhe diremos que êle é sugestionável, senão apenas que<br />

êle é sensível. Dizemos-lhe que, longe de ser uma prova de fraqueza, a suscetibilidade<br />

hipnótica exige, isso sim, uma vontade forte, imaginação e, sobretudo, capacidade de<br />

concentração.<br />

Conquanto não seja sempre fácil usar argumentos francamente lisonjeiros às<br />

pretensões do “sujet”, evitamos tudo que possa ser interpretado como afronta à sua<br />

dignidade cultural e à sua inteligência.<br />

Dizemos-lhe, à medida do conveniente, a verdade sôbre o hipnotismo, não<br />

necessàriamente a verdade tôda. O suficiente apenas para despertar-lhe o interêsse. O<br />

estritamente necessário para incentivar-lhe a curiosidade e o estado de expectativa, dois<br />

valiosos aliados do hipnotista.<br />

Conforme o grau de misticismo, insinua-se-lhe eventualmente que hipnose não é<br />

apenas sugestão, que há qualquer coisa a mais nesse fenômeno : incidentes telepáticos,<br />

elementos tele-psíquicos, irradiações, etc., e que, com efeito, alguns dos mistérios do<br />

hipnotismo ainda estão por ser explicados. Muitos dos hipnotistas, sobretudo os de palco,<br />

abusam dessa tática psicológica, inventando lendas em tôrno de seu “estranho poder”. É<br />

muito explorada aquela em que o dom de hipnotizar surgiu em virtude de um acidente ou de<br />

uma grave moléstia qualquer.

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