O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
paciente aceita o que lhe convém e rejeita o que não lhe convém. Em outro capítulo<br />
tornaremos a abordar essa situação.<br />
O que se acaba de dizer não invalida completamente a teoria da dissociação, a qual,<br />
de certo modo, está de acôrdo com a divisão psicanalítica da personalidade em consciente,<br />
inconsciente e consciência. A hipnose efetivamente inibe as funções do consciente (o Ego),<br />
liberta, ainda que condicionalmente, o inconsciente (o Id), mas não tem poder sôbre a<br />
consciência (o Super-Ego). Esta última é a polícia interior, que continua vigilante no mais<br />
profundo transe hipnótico.<br />
Aprendemos, entretanto, que os três aspectos da personalidade que acabamos de<br />
citar não representam compartimentos estanques 69 , logo o Super-Ego não é tão vigilante<br />
quanto geralmente se pensa, nem o Ego tão inconsciente quanto se supõe.<br />
Além do fenômeno da amnésia, apontam-se dissidências e desarmonias intrapsíquicas<br />
como resultantes dissociativos. Hipnòticamente divididas, uma parte da<br />
personalidade pode entrar em conflito com a outra. É êste, porém, um aspecto comum à<br />
psico-dinâmica. É a clássica falta de unidade de propósitos que Freud assinalou como sendo<br />
uma das características fundamentais dos indivíduos neuróticos. São as pessoas que vivem<br />
em dissidência consigo mesmas, num conflito permanente entre os deveres e os desejos.<br />
McDougall levou ao extremo essas teorias de dissociação. Acreditava que os fenômenos<br />
motores e sensoriais da hipnose acarretavam uma dissociação funcional do próprio sistema<br />
nervoso.<br />
A TEORIA DOS TRÊS FATÔRES<br />
Dentre as teorias que insistem nas bases neuro-fisiológicas do fenômeno da<br />
sugestibilidade em geral d do da dissociação hipnótica em particular, destaca-se pela sua<br />
atualidade a teoria dos três fatôres, de Weitzenhoffer. Os três fatôres determinantes da<br />
sugestibilidade como da própria hipnose, seriam, respectivamente : a homoação, ou seja, a<br />
forma corrente do aprendizado ; a heteroação, correspondente já a um expediente<br />
modificado de treinamento, e a dissociação, pròpriamente dita, responsável pelo<br />
estreitamento do campo da percepção. A homoação se verifica no incremento da<br />
sugestibilidade e no seu contágio, culminando na sugestibilidade generalizada,<br />
particularmente manifesta nas induções hipnóticas em demonstrações públicas. Já a<br />
heteroação viria como efeito sugestivo ulterior, de tipo diferente. A exemplo de<br />
McDougall, Weitzenhoffer procurou basear suas teorias em princípios fisiológicos. A<br />
hipnotizabilidade dependeria de certas propriedades dos nervos e dos músculos. Essas<br />
propriedades devem ser de difícil verificação, presumindo-se que nem todo mundo as tem<br />
suficientemente desenvolvidas para os fins a que se propõe a hipnotização. Para efeitos<br />
práticos, o hipnotizador não tem de preocupar-se muito com os nervos e os músculos, ainda<br />
que a compreensão das repercussões fisiológicas da hipnose requeira algum conhecimento<br />
do sistema nervoso. Não sugerindo alucinações sensoriais e motoras extravagantes, a parte<br />
neurofisiológica não se afeta, salvo em pacientes já psicótica e fìsicamente comprometidos.<br />
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Sem fenda(s) ou abertura(s); Sem comunicação(ões).