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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

35<br />

psicológica dos sonhos. A linguagem dos sonhos caracteriza-se notòriamente pelo<br />

anacronismo 57 de expressão e pela simbologia arcaica. Fenômeno igualmente observado em<br />

relação aos elementos hipnotizados.<br />

Com todos êsses e outros pontos de contato, que existem entre o estado hipnótico e<br />

o estado onírico, a hipnose ainda não pode ser considerada como uma perfeita paralela do<br />

sono. Pois, não obstante os muitos pontos em comum, os dois estados ainda apresentam<br />

notáveis diferenças. Existe, conforme sabemos desde B r a i d , uma série de efeitos<br />

extraordinários — tais como a rigidez cataléptica, a anestesia, a amnésia post-hipnótica, e<br />

isso sem falarmos dos efeitos sugestivos de um modo geral — que são próprios da hipnose,<br />

não ocorrendo no sono fisiológico. A pessoa fisiològicamente adormecida não reage aos<br />

estímulos sensoriais da mesma forma pela qual reage o indivíduo hipnotizado. Dirigindonos<br />

a uma pessoa submersa em sono natural, não obteremos resposta, a não ser que<br />

tenhamos convertido adredemente o sono natural em “sono hipnótico”, ou que se trate de<br />

um sonâmbulo. Enquanto o indivíduo hipnotizado atenta no mais leve sussurro, à criatura<br />

adormecida temos de falar alto ou mesmo gritar, para nos fazer ouvir.<br />

É muito acatado o conceito segundo o qual a hipnose corresponde à “modorra 58 “, ou<br />

seja, ao breve momento que medeia entre o estado de vigília e o sono. Êsse breve momento<br />

seria artificialmente induzido e prolongado pelo hipnotizador. É esta a explicação que se<br />

costuma dar ao paciente ao condicioná-lo para a hipnotização.<br />

A hipnose é um estado que às vêzes se assemelha ao sono, mas que sempre se<br />

distingue fisiològicamente do mesmo. Para provar a diferença fisiológica entre o estado de<br />

hipnose e o estado de sono, tem-se feito tôda uma série de testes. Observou-se, entre outros,<br />

o reflexo psico-galvânico. Anotou-se cuidadosamente o aparelho respiratório, assim como o<br />

sistema circulatório e a circulação cerebral. Todos êsses testes indicam que o estado de<br />

hipnose se assemelha mais ao estado de vigília do que pròpriamente ao estado de sono.<br />

Assim também o eletroencefalograma, feito em laboratórios psicológicos, mostra que o<br />

indivíduo hipnotizado se assemelha mais ao indivíduo acordado do que ao fisiològicamente<br />

adormecido. Se, entretanto, insistirmos durante o transe hipnótico na sugestão específica do<br />

sono, o eletroencefalograma passará a igualar-se ao da pessoa submersa em sono normal.<br />

Tudo indica que nesse estado de sugestibilidade aguçada ou generalizada, que é a hipnose,<br />

conforme veremos ainda adianta, a sugestão do sono encontra um clima particularmente<br />

propenso, ao ponto de dispensar, em muitíssimos casos, uma formulação verbal. Há<br />

métodos modernos de “hipnose acordada” e outros em que se evita deliberadamente o<br />

emprêgo da palavra “sono”, e, não obstante, essa concomitante clássica da hipnose (o sono)<br />

às vezes se apresenta inopinadamente. São freqüentes os casos nos quais o “sujet” não se<br />

detém no “sonambulismo artificial”, no “sono parcial”, ou no “sono nervoso”, passando<br />

espontâneamente do transe para o sono natural, sono êsse em que todos os efeitos inerentes<br />

à hipnose desaparecem.<br />

A distinção entre o transe hipnótico e o sono, sutil e imcompleta que seja sob certos<br />

aspectos, tem o seu valor prático, tanto para o hipnotista como para o paciente. Quando êste<br />

último declara àquele que não dormiu e que se lembra de tudo, já não invalida o resultado<br />

da indução. Já não desaponta, nem decepciona. Obterá simplesmente a explicação de que<br />

hipnose não é sono e que no transe ligeiro e médio, nos quais ainda não se produz o<br />

fenômeno da amnésia post-hipnótica, o indivíduo conserva plena consciência de tudo o que<br />

57<br />

Confusão de data quanto a acontecimentos ou pessoas.<br />

58<br />

Estado intermediário entre o estar “acordado” e “dormindo”; Prostração mórbida, ou sonolência, ou<br />

preguiça.

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