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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

31<br />

A quase totalidade das pessoas veste-se de acôrdo com as sugestões da moda, ingere<br />

medicamentos em bases sugestivas. Se, por omissão voluntária ou involuntária, o<br />

laboratório deixa de agregar o elemento medicamentoso à droga, o efeito terapêutico será o<br />

mesmo, salvo raríssimas exceções. O mesmo ocorre na aquisição de objetos, muitas vêzes<br />

supérfluos. Um simples engano na marcação de preços numa vitrina, e as pessoas compram<br />

o objeto barato como se fôsse caro e vice-versa.<br />

A sugestão do meio faz com que uma pessoa se assimile ao mesmo tempo em que é<br />

assimilada. Cedendo, por necessidade e em seu próprio benefício, à ação sugestiva de um<br />

novo ambiente, o indivíduo não admitirá que sucumbiu ao mesmo, ao contrário, dirá que o<br />

conquistou, uma vez que voluntária e ativamente cooperou para a sua própria mudança.<br />

Em relação à fôrça da sugestão, o critério de derrota e de vitória reside largamente<br />

nos fatôres vantagem e desvantagem, distribuidos respectivamente entre hipnotista (ou<br />

agente sugestivo) e o paciente.<br />

O passarinho, que, na versão popular do hipnotismo animal, cai nas garras do gato<br />

esfaimado, e o sapo, que, segundo a mesma versão, se deixa atrair hipnòticamente pela<br />

serpente, sucumbem literalmente à hipnose. O “gato” ou a “serpente” humanos atraem seu<br />

“passarinho” a fim de extrair-lhe um dente sem dor, para submetê-lo a uma intervenção<br />

mais profunda sem anestesia química, para livrá-lo de alguma neurose ou proporcionar um<br />

espetáculo aos demais. E o “passarinho” humano não é devorado. Ao contrário, é<br />

beneficiado. Em lugar de oferecer sua própria carne, paga na forma convencional do<br />

honorário médico. Quanto à “serpente”, vai ingerir as substâncias necessárias à sua<br />

manutenção no seio pacífico de sua família ou nalgum restaurante. E não se pode dizer que<br />

o “réptil” no caso tenha atraído o “passarinho” a fim de extrair-lhe os emolumentos 53 a<br />

trôco do serviço prestado, uma vez que o “passarinho” veio de moto próprio (muitas vêzes<br />

já sugestionado e atraído pela fama) ao hipnotista, sugerindo-lhe a hipnose e aceitando-lhe<br />

as condições, antes de serem por êle sugeridas.<br />

Para compreender a natureza da sugestão, o seu modus operandi e ainda as suas<br />

possibilidades práticas, é preciso um conhecimento razoável das reações psicológicas e um<br />

entendimento mais profundo da alma humana, na sua tríplice divisão em Consciente,<br />

Inconsciente e Consciência. E conhecê-la tanto no que se refere à sua dinâmica como à sua<br />

estrutura.<br />

A sugestão é uma fôrça que nos domina a todos, em grau maior ou menor, e longe<br />

está de exercer uma ação superficial ou apenas acidental em nossa vida.<br />

Vejamos algumas formulações sintéticas de sugestão na definição de alguns autores.<br />

consiste na apresentação de frases-relâmpago. Durante a projeção de um filme projeta-se na tela, a intervalos<br />

regulares, uma série de frases curtas, tais como: “Beba Coca-Cola”, ou “Coma Pipoca”. A duração da<br />

projeção na tela é de décimos de segundo, tão rápida que não prejudica a sequência do filme e que o<br />

espectador não se dá conscientemente conta do que viu. Destarte, a imagem imperceptível à visão consciente,<br />

dirigir-se ao subconsciente, tal como procede o hipnotizador. E à fôrça da repetição cria o desejo de beber ou<br />

comer os produtos anunciados. De acôrdo com uma entrevista concedida à imprensa Americana, a venda da<br />

Coca-Cola aumentou em 18% e a de outros produtos de maior vendagem, em 58%. Pela sua transcendência e<br />

capacidade de intervir na vontade inconsciente das massas tal excesso de técnica sugestiva póde tornar-se<br />

perigosa, no momento em que fôr utilizada para anunciar coisas menos inócuas do que pipocas ou<br />

refrigerantes. Acrescentam os comentaristas: “Assusta pensar o partido que um Hitler ou um Stalin poderiam<br />

tirar de uma tal invenção. Escusado será dizer que as autoridades da Comissão Federal de comunicações do<br />

Govêrno de Washington foram alertadas para evitar possíveis abusos dessa inovação, ou melhor diriamos,<br />

dêsse aperfeiçoamento da velha técnica publicitária, a qual, pela sua própria natureza tem de ser sugestiva.<br />

53<br />

Lucro; Proveito; Gratificação.

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