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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

23<br />

precisa.” ( * )<br />

Os historiadores da psicologia médica consideram Bertrand como um ponto de<br />

transição entre o magnetismo e o hipnotismo.<br />

LIÉBEAULT 4 4<br />

Em 1864, um exemplar da obra de Braid caiu nas mãos de Liébeault, um jovem<br />

médico rural francês. Liébeault já adquirira noções de magnetismo em época anterior,<br />

quando ainda estudante de medicina. Ao estudar a obra de Braid já se encontrava em<br />

Nancy, cidade na qual se dedicou durante mais de vinte anos à hipnoterapia e que devido à<br />

sua atividade clínica tornou-se a Capital do <strong>Hipnotismo</strong>.<br />

Liébeault é descrito pelos seus biógrafos como tendo sido um homem sereno,<br />

agradável, bondoso e estimado pelos pobres, que o chamavam L e b o n p è r e<br />

L i é b e a u l t. Dizia Liébeault aos seus clientes, em sua quase totalidade humildes<br />

camponeses : “Se desejais que vos trate com drogas, o farei, mas tereis de pagar-me como<br />

antes. Se, entretanto, me permitis que vos hipnotize, farei o tratamento de graça.” Ao<br />

método de fixação ocular de Braid, Liébeault acrescentou o da sugestão verbal.<br />

J. M. Bramwell, um médico que praticava o hipnotismo naquela mesma ocasião na<br />

Inglaterra, visitou Liébeault e deixou a seguinte descrição de sua atividade hipnoterápica :<br />

“No verão de 1889 passei uma quinzena em Nancy a fim de ver o trabalho hipnótico de<br />

Liébeaut. Sua clinique, sempre movimentada, compreendia dois compartimentos que<br />

davam pelos fundos em um jardim. Seu interior não apresentava nada de especial que<br />

pudesse atrair a atenção. É certo que todos que lá iam com idéias preconcebidas sôbre as<br />

maravilhas do hipnotismo tinham de sair decepcionados. Com efeito, fazendo caso omisso<br />

do método de tratamento e algumas ligeiras diferenças, a impressão que se tinha era a de<br />

estar em um departamento público, numa pensão ou num hospital de clínica geral. Com a<br />

diferença de que os pacientes falavam um pouco mais livremente entre si e se dirigiam ao<br />

médico de uma maneira mais espontânea do que se costumava ver na Inglaterra. Eram<br />

chamados por turno, e no livro dos casos clínicos registrava-se sua anamnese. Em seguida<br />

induzia-se o paciente ràpidamente à hipnose… Seguiam-se as sugestões e as anotações…<br />

Quase todos os pacientes dos que eu vi foram hipnotizados de uma maneira fácil e rápida,<br />

mas Liébeault me informou que os nervosos e os histéricos eram mais refratários 45 .”<br />

Liébeault soube conquistar a simpatia e a cooperação dos seus pacientes.<br />

Contràriamente ao exemplo de Mesmer, que tressudava de pompas 46 , Liébeault era modesto<br />

e sem aparato teatral, quer na sua apresentação indumentária, quer no ambiente domiciliar.<br />

Com isso estabeleceu a nova linha de conduta para os hipnotizadores modernos.<br />

Em Nancy, Liébeault trabalhou durante dois anos em sua obra Du Somneil et états<br />

analogues, considerés surtout du point de vue de l’action de la morale sur le physique.<br />

Afirma o já citado Bramwell que Liébeault vendeu exatamente um exemplar daquela sua<br />

obra. E, não obstante, muitos historiadores conferem a Liébeault a paternidade do<br />

hipnotismo científico.<br />

* ( * * ) Pierre Janet: La Médicine Psychologique, Paris, 1924, p. 22.<br />

( * ) Gregory Zilboorg: A History of Medical Psychology.<br />

44<br />

Dr. Auguste-Ambroise Liébeault.<br />

45<br />

Que resistem a certas influências químicas ou físicas.<br />

46<br />

Aparato suntuoso e magnífico; Grande luxo.

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