O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
sol, para desenvolver a fôrça do olhar.<br />
Não responsabilizemos, porém, Braid por essas práticas ignorantes. O que Braid<br />
procurou demonstrar é o fato de o transe assemelhar-se a um estado de sono que podia ser<br />
induzido por agente físico. Baseando o processo hipnótico num princípio onírico 40 , nos deu<br />
a palavra h i p n o t i s m o, derivada do vocábulo grego hypnos, significando sono.<br />
Todavia, o sono hipnótico não se confundia com o sono fisiológico, ou seja, o sono normal.<br />
Consoante seus conceitos neuro-fisiológicos, o transe hipnótico era descrito como “s o n o<br />
n e r v o s o ” (Nervous Sleep).<br />
Já quase no fim de sua carreira, Braid descartou-se em parte do método do cansaço<br />
visual e do da fascinação, pois descobriu que podia hipnotizar cegos ou pessoas em recintos<br />
obscurecidos. Dessa observação em diante passou a dar maior importância à sugestão<br />
verbal. Vencida esta fase, não tardou em descobrir que também o sono não era necessário.<br />
Para produzir os fenômenos hipnóticos, tais como a anestesia, a amnésia, a catalepsia e as<br />
alucinações sensoriais, não era preciso submergir o “sujet” na inconsciência onírica.<br />
Quando, porém, Braid se capacitou de que a hipnose não era sono, a palavra<br />
h i p n o t i s m o já estava cunhada. E, certo ou errado, é o nome que vigora até os<br />
nossos dias.<br />
Em 1843, Braid publicou seu livro intitulado Neurypnology, or the Rationale of<br />
Nervous Sleep, no qual expõe seus métodos para o tratamento de enfermidades nervosas.<br />
Malgrado 41 a sua índole anti-charlatanesca, Braid não escapou às campanhas<br />
maliciosas da classe médica, embora essas fôssem muito mais brandas do que as movidas<br />
contra seus antecessores mesmerianos. Consoante o provérbio segundo o qual ninguém é<br />
profeta em sua terra 42 , as publicações científicas de Braid encontraram melhor aceitação na<br />
França e em outros países do que no seu torrão natal.<br />
B ERTRAND<br />
Para efeitos históricos, Braid é considerado o pai do hipnotismo. Todavia, o adágio 43<br />
latino que conclui com o P a t e r s e m p e r i n c e r t u m, se aplica com muito mais<br />
razão às paternidades científicas. Sabemos que muito antes de Braid, o abade Faria tinha<br />
suas idéias modernas e psicològicamente corretas sôbre o fenômeno hipnótico, explicado<br />
por êle como fenômeno subjetivo. E antes do Abade, o mesmerista Alexander Betrand, em<br />
1820, já apontava no estado hipnagógico uma causa psicológica. Tudo, dizia, era sugestão<br />
aplicada. Escreveu a propósito Pierre Janet : “Betrand antecipou-se ao abade Faria e a<br />
Braid. Foi o primeiro a afirmar francamente que o sonambulismo artificial podia explicarse<br />
simplesmente à base das leis da imaginação. O “sujet” dorme simplesmente porque<br />
pensa em dormir e acorda porque pensa em acordar. As obras do abade Faria, do general<br />
Noizet, na França, e as de Braid, na Inglaterra, só contribuiram com uma formulação mais<br />
clara dêstes conceitos, desenvolvendo esta interpretação psicológica em forma mais<br />
40<br />
Relativo A Sonhos.<br />
41<br />
Não obstante; Apesar de.<br />
42<br />
Provérbio bíblico, encontrado nos evangelhos de Mateus 13:57b (só em sua própria terra e em sua própria<br />
casa é que um profeta não tem honra.); Marcos 6:4 (só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua<br />
própria casa, é que um profeta não tem honra.); Lucas 4:24a (continuou ele (Jesus): “digo-lhes a verdade:<br />
nenhum profeta é aceito em sua terra…”). (Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional).<br />
43<br />
Provérbio.