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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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22<br />

K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

sol, para desenvolver a fôrça do olhar.<br />

Não responsabilizemos, porém, Braid por essas práticas ignorantes. O que Braid<br />

procurou demonstrar é o fato de o transe assemelhar-se a um estado de sono que podia ser<br />

induzido por agente físico. Baseando o processo hipnótico num princípio onírico 40 , nos deu<br />

a palavra h i p n o t i s m o, derivada do vocábulo grego hypnos, significando sono.<br />

Todavia, o sono hipnótico não se confundia com o sono fisiológico, ou seja, o sono normal.<br />

Consoante seus conceitos neuro-fisiológicos, o transe hipnótico era descrito como “s o n o<br />

n e r v o s o ” (Nervous Sleep).<br />

Já quase no fim de sua carreira, Braid descartou-se em parte do método do cansaço<br />

visual e do da fascinação, pois descobriu que podia hipnotizar cegos ou pessoas em recintos<br />

obscurecidos. Dessa observação em diante passou a dar maior importância à sugestão<br />

verbal. Vencida esta fase, não tardou em descobrir que também o sono não era necessário.<br />

Para produzir os fenômenos hipnóticos, tais como a anestesia, a amnésia, a catalepsia e as<br />

alucinações sensoriais, não era preciso submergir o “sujet” na inconsciência onírica.<br />

Quando, porém, Braid se capacitou de que a hipnose não era sono, a palavra<br />

h i p n o t i s m o já estava cunhada. E, certo ou errado, é o nome que vigora até os<br />

nossos dias.<br />

Em 1843, Braid publicou seu livro intitulado Neurypnology, or the Rationale of<br />

Nervous Sleep, no qual expõe seus métodos para o tratamento de enfermidades nervosas.<br />

Malgrado 41 a sua índole anti-charlatanesca, Braid não escapou às campanhas<br />

maliciosas da classe médica, embora essas fôssem muito mais brandas do que as movidas<br />

contra seus antecessores mesmerianos. Consoante o provérbio segundo o qual ninguém é<br />

profeta em sua terra 42 , as publicações científicas de Braid encontraram melhor aceitação na<br />

França e em outros países do que no seu torrão natal.<br />

B ERTRAND<br />

Para efeitos históricos, Braid é considerado o pai do hipnotismo. Todavia, o adágio 43<br />

latino que conclui com o P a t e r s e m p e r i n c e r t u m, se aplica com muito mais<br />

razão às paternidades científicas. Sabemos que muito antes de Braid, o abade Faria tinha<br />

suas idéias modernas e psicològicamente corretas sôbre o fenômeno hipnótico, explicado<br />

por êle como fenômeno subjetivo. E antes do Abade, o mesmerista Alexander Betrand, em<br />

1820, já apontava no estado hipnagógico uma causa psicológica. Tudo, dizia, era sugestão<br />

aplicada. Escreveu a propósito Pierre Janet : “Betrand antecipou-se ao abade Faria e a<br />

Braid. Foi o primeiro a afirmar francamente que o sonambulismo artificial podia explicarse<br />

simplesmente à base das leis da imaginação. O “sujet” dorme simplesmente porque<br />

pensa em dormir e acorda porque pensa em acordar. As obras do abade Faria, do general<br />

Noizet, na França, e as de Braid, na Inglaterra, só contribuiram com uma formulação mais<br />

clara dêstes conceitos, desenvolvendo esta interpretação psicológica em forma mais<br />

40<br />

Relativo A Sonhos.<br />

41<br />

Não obstante; Apesar de.<br />

42<br />

Provérbio bíblico, encontrado nos evangelhos de Mateus 13:57b (só em sua própria terra e em sua própria<br />

casa é que um profeta não tem honra.); Marcos 6:4 (só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua<br />

própria casa, é que um profeta não tem honra.); Lucas 4:24a (continuou ele (Jesus): “digo-lhes a verdade:<br />

nenhum profeta é aceito em sua terra…”). (Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional).<br />

43<br />

Provérbio.

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