O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
o Dr. John Ellioston, eminente médico inglês e uma das figuras mais eminentes da história<br />
médica britânica. Professor de Medicina na Universidade de Londres e Presidente da Royal<br />
Medical Society, era o homem que introduziu o estetoscópio na Inglaterra, além dos<br />
métodos de examinar o coração e o pulmão, ainda em uso. O Dr. Ellioston foi o primeiro a<br />
usar a hipnose (ainda não conhecida por êsse nome) no tratamento da histeria. E começou a<br />
introduzir o “sono magnético” na prática hospitalar, tanto para fins cirúrgicos como para os<br />
expedientes psiquiátricos.<br />
Os métodos tão pouco ortodoxos do Dr. Ellioston não tardaram em criar uma onda<br />
de oposição. E o conselho da Universidade acabou por proibir o uso do mesmerismo no<br />
hospital. Ellioston, em virtude disso, pediu sua demissão, deixando a famosa declaração :<br />
“A Universidade foi estabelecida para o descobrimento e a difusão da verdade. Tôdas as<br />
outras considerações são secundárias. Nós devemos orientar o público e não deixar-nos<br />
orientar pelo público. A única questão é saber se a coisa é ou não verdadeira.” Ellioston<br />
fundou posteriormente o Mesmeric Hospital em Londres e hospitais congêneres se iam<br />
fundando em outras cidades inglêsas e no mundo afora.<br />
Os adeptos da escola magnética anunciavam seus feitos terapêuticos em tôda parte.<br />
Na Alemanha, na Áustria, na França e mesmo nos Estados Unidos se realizavam<br />
intervenções cirúrgicas sob “sono magnético”. Na América, o Dr. Albert Wheeler remove<br />
um pólipo 35 nasal de um paciente, enquanto o “magnetizador” Phineas Quimby atua como<br />
anestesista. Já em 1829 o Dr. Jules Cloquet usou o mesmo recurso anestésico numa<br />
mastectomia. Jeane Oudet comunica à Academia Francesa de Medicina seus sucessos<br />
magnéticos obtidos em extrações de dentes. A ciência ortodoxa poderia ter aceito o<br />
fenômeno e rejeitar apenas as teorias. Acontece que, em relação ao mesmerismo, nem os<br />
fatos eram aceitos, sobretudo na cética Inglaterra.<br />
ESDAILE<br />
Os PACIENTES de Esdaile (outro adepto da escola mesmeriana) que sofriam as<br />
mais severas intervenções cirúrgicas, inclusive amputações sob “sono magnético”, eram<br />
apontados pela ciência ortodoxa como “um grupo de endurecidos e renitentes 36<br />
impostores”.<br />
O lugar de Esdaile na história do hipnotismo não se justifica como criador de<br />
métodos ou de escola, mas, sim, como exemplo de pioneiro na luta pelo reconhecimento da<br />
hipnose como coadjuvante valiosa da cirurgia. James Esdaile, jovem cirurgião escocês,<br />
inspirou-se na leitura dos trabalhos de Ellioston sôbre o mesmerismo. Esdaile começou a<br />
sua prática na Índia, como médico da “British East India Company”. Em Calcutá realizou<br />
milhares de intervenções cirúrgicas leves e centenas de operações profundas, inclusive<br />
dezenove amputações, apenas sob o efeito da anestesia hipnótica. O éter e o clorofórmio<br />
ainda não eram conhecidos como agentes anestésicos. Uma das testemunhas descreve de<br />
como Esdaile extirpara um ôlho de um paciente, enquanto êste acompanhava com o outro o<br />
andamento da operação, sem pestanejar. Os fatos eram de esmagadora evidência. Contudo,<br />
o Calcutta Medical College moveu-lhe insidiosa 37 campanha de desmoralização. A<br />
anestesia não valia como prova de coisa alguma. Os médicos faziam circular a notícia de<br />
35<br />
Excrescência carnosa que surge de membrana mucosa.<br />
36<br />
Teimoso; Obstinado.<br />
37<br />
Traiçoeira.