O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
que todos os “sujets” se recomponham indumentáriamente. Pois o baile é muito elegante e<br />
todos devem caprichar na toilette.<br />
Êste número movimentado exige um refôrço de vigilância para evitar possíveis<br />
acidentes, tais como quedas, pisoteamentos ou coisa parecida. Geralmente solicito nessa<br />
emergência a ajuda da platéia. Meia dúzia de espectadores sobem ao palco e colaboram<br />
para a maior segurança dos dançarinos.<br />
Terminado o baile, os “sujets” são reconduzidos aos seus lugares a fim de serem<br />
acordados. Ato êsse, devidamente anunciado.<br />
“Vou começar a acordá-los um a um e uma a uma. Contarei para cada um de vocês<br />
até cinco. Ao terminar de contar, tocarei a nuca da pessoa a ser acordada. A pessoa a quem<br />
tocar a nuca estará acordada e muito bem disposta. Não se lembrará de nada do que se<br />
passou. Seu próprio inconsciente trabalhará de agora em diante na solução de seu problema,<br />
pelo seu êxito, sua paz interior e seu bem estar.”<br />
Agradecendo aos “sujets” a cooperação e ao distinto público a atenção dispensada,<br />
declaro encerrada a demonstração.<br />
Ao terminar a sessão, o público deverá ter a impressão de que tudo correu às mil<br />
maravilhas, rigorosamente de acôrdo com o que foi programado, sem tentar no caráter um<br />
tanto mecânico e estereotipado do espetáculo. Com a rigorosa repetição do repertório a<br />
demonstração pode perder, sobretudo para os repetentes, no terreno da expectativa, porém,<br />
ganha, como já se disse, em segurança e em monotonia, ou seja, em fôrça hipnótica<br />
pròpriamente dita.<br />
Uma demonstração pública de hipnotismo é, pela sua própria natureza,<br />
eminentemente social e tradicionalmente controvertida, um espetáculo delicado, propenso a<br />
suscitar dúvidas e discussões.<br />
Não estranhemos, por isso, que, terminada a sessão, não sòmente os “sujets”, mas<br />
também o hipnotista, se veja cercado de curiosos, convencidos uns, incrédulos outros, a<br />
crivá-lo de perguntas. ( * )<br />
Instruções sôbre as melhores maneiras de enfrentar essa situação e de descartar-se<br />
diplomàticamente dos perguntadores mais impertinentes, o leitor interessado as encontrará<br />
no vasto capítulo da educação, cuja reprodução, embora resumida, foge à competência<br />
dêste trabalho.<br />
* ( * ) Dentre as perguntas inocentes que se fazem ao hipnotizador de palco, a mais frequente é esta : “O<br />
senhor fica cansado?” É o velho conceito de dispêndio de energia mental. O interlocutor espera ouvir do<br />
operador que uma hipnotização ligeira não exige muita energia, mas uma sessão mais séria, como a que acaba<br />
de assistir, o deixa temporàriamente exausto, como uma bateria exgotada.