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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

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O expediente psicológico de todo sucesso teatral reside largamente no jôgo<br />

impressionante dos contrastes. Da demonstração de amnésia passamos para a da<br />

hipermnésia.<br />

O expediente psicológico de todo sucesso teatral reside largamente no jôgo<br />

impressionante dos contrastes. Da demonstração de amnésia passamos para a da<br />

hipermnésia.<br />

Graças ao processo hipnótico agora a memória se aguça, realizando verdadeiros<br />

prodígios, sobretudo em relação aos acontecimentos da mais remota infância.<br />

Remontamos hipnòticamente à infância do “sujet” e êle poderá reviver, não apenas<br />

recordar, de preferência um acontecimento festivo, tal como o seu segundo ou mesmo seu<br />

primeiro aniversário. Tais revivescências muitas vêzes são confirmadas por parentes<br />

presentes à demonstração.<br />

Afirma-se ao “sujet” que está no Jardim de Infância e êle nos citará os nomes dos<br />

companheiros e da professôra. Nomes êsses que, em estado de vigília, não seria capaz de<br />

rememorar.<br />

Não nos esqueçamos de interpolar em todos os espaços mais ou menos vagos, a<br />

sugestão post-hipnótica do bem estar.<br />

“Só acordarão quando eu os acordar. Vão se sentir maravilhosamente bem<br />

dispostos. Seu próprio inconsciente trabalhará de agora em diante na solução de seu<br />

problema, etc. etc..”<br />

Abramos um ligeiro parêntesis.<br />

O hipnotizador não pode pretender um estrelato para a sua pessoa, dramatizando<br />

excessivamente a sua função no palco. A dramatização compete aos hipnotizados. Quanto<br />

ao hipnotista, deve conduzir-se com discreção, naturalidade e dignidade, o que não exclui<br />

uma certa graça compatível com o seu papel de artista e cientista, ficando o artista em plano<br />

secundário. Já se explicou o fenômeno da hipnose como sendo o milagre da presença mas<br />

essa presença não se reveste de caráter preponderantemente físico, e sim, intelectual.<br />

Durante a demonstração, a atenção visual do público concentra-se exclusiva ou quase<br />

exclusivamente nos “sujets” o que permite ao operador permanecer fìsicamente fora de<br />

foco durante a maior parte do tempo.<br />

Uma variante das demonstrações de hipermnésia que acabamos de expor, é a da<br />

reprodução caligráfica. O “sujet” regressado à idade de seis anos, é intimado a escrever<br />

sôbre uma fôlha de papel ou sôbre um quadro negro o seu próprio nome. E êle (ou ela)<br />

reproduzirá nos mínimos detalhes os garranchos infantís, à prova de qualquer investigação.<br />

E continuando, lhe dizemos que agora já tem dez anos. Já a letra é outra, correspondendo<br />

sempre rigorosamente à caligrafia da idade sugerida.<br />

Não deixamos os “sujets” inativos. Um programa teatral exige certa intensidade<br />

dinâmica. E não ùnicamente o público assistente, senão também os “atôres”, que no caso<br />

são os indivíduos hipnotizados, exigem a contínua atividade do hipnotizador. Sabemos que<br />

as pessoas em transe hipnótico assemelham-se a “robots”, incapazes de agir por iniciativa<br />

própria. Esperam, de certo modo ansiosos e impacientes, pelas ordens do operador, para<br />

poderem entrar em ação. Apenas êsse profere uma sugestão e os “sujets” se apressam em<br />

concretizá-la. E há “sujets” que se adiantam à ordem do hipnotizador, fenômeno êsse que<br />

mostra a disposição executiva do indivíduo em relação ao mando alheio, o que em muitos<br />

casos só se explica telepàticamente.<br />

Pela sua própria natureza, uma demonstração pública de hipnotismo tem algo da<br />

graça de um teatro de marionettes. E o hipnotista de palco tem de tirar partido dessa

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