O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
senão ùnicamente o produzido pela sugestão hipnótica.<br />
As alucinações sensoriais tôdas podem ser demonstradas sob a sua forma positiva e<br />
negativa.<br />
Ao indivíduo que acabou de cheirar uma rosa inexistente, podemos apresentar um<br />
vidro contendo amoníaco, sem que, no entanto, acuse cheiro algum.<br />
O hipnotista de palco, no entanto, jamais deve exceder-se na experimentação. Há<br />
hipnotizadores que levam ao extremo a sua necessidade de convencer o público e, não raro,<br />
seu zêlo resulta contra-producente. Uma determinada sugestão, dessas mais arriscadas,<br />
pode não “pegar.” E um fracasso repercute negativamente podendo mesmo comprometer<br />
uma bela demonstração, desnecessàriamente. O hipnotizador profissional tem de zelar não<br />
ùnicamente pela parte técnica-científica, senão também pela parte do espetáculo que tem de<br />
ser salva. Não às expensas de truques e embustes, é claro, mas, sim, às expensas de uma<br />
certa moderação e prudência devidamente disfarçadas. Não há nisso, necessàriamente, o<br />
menor laivo 159 de deshonestidade profissional ou atitude anti-científica. Antes de submeter<br />
o “sujet” a uma daquelas provas, o operador tem de certificar-se das suas probabilidades de<br />
êxito. Um fracasso ou outro podem ser hàbilmente dissimulados ou então engenhosamente<br />
justificados ao público.<br />
Estávamos no perfume das rosas.<br />
“Que perfume forte e delicioso!”<br />
A “rosa” é uma simples fôlha de papel, a qual ofereço às pessoas assentadas na<br />
primeira fila, a fim de se certificarem de que a mesma não contém impregnação perfumosa.<br />
E sem trocar a fôlha de papel, digo :<br />
“E agora tenho nas mãos uma planta que tem um cheiro repelente!”<br />
“Acabou o cheiro ruim!”<br />
“Atenção!”<br />
“Vou contar até três. Ao dizer TRÊS disparo um canhão. Um tiro de canhão.”<br />
“Atenção! UM… DOIS… TRÊS!”<br />
Todos os “sujets” tapam os ouvidos. Alguns se atiram ao chão, conforme o<br />
recomenda a tática militar.<br />
“Pronto. Não aconteceu nada. Apenas o susto.”<br />
Se, em seguida, para mostrarmos o reverso dêsse fenômeno alucinatório, ou seja, a<br />
alucinação auditiva negativa, estouramos uma bomba no palco, a maioria dos hipnotizados<br />
possìvelmente continuará impassível, um ou outro, entretanto, poderá assustar-se e acordar.<br />
Mais uma vez evitamos um risco desnecessário ou uma confusão, limitando-nos a<br />
uma exposição verbal do fenômeno reversivo.<br />
Um dos fenômenos mais impressionantes e injustamente pôsto em dúvida pelos<br />
céticos, é a bôlha de queimadura produzida por sugestão hipnótica. Pessoalmente tenho<br />
demonstrado essa possibilidade um boa centena de vêzes em ambientes apropriados, tais<br />
como escolas, instituições culturais, centros de pesquisas, etc., mais do que em casas de<br />
espetáculo.<br />
Minha formulação verbal é a seguinte :<br />
“O que farei decorre de um costume. Um costume na verdade cruel. Mas todo<br />
costume exige preservação. O costume é o seguinte : Com êste ferro em brasa (uma chave<br />
ou moeda) queimo as mãos das pessoas aqui presentes. Fica o sinal da queimadura como<br />
lembrança desta noite.”<br />
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Mancha; Nódoa.