O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
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pequena no rigor da palavra. “Inicialmente eu costumo lembrar à distinta platéia que o<br />
fenômeno da hipnose já não constitui objeto de dúvida em nossos dias. Nos círculos<br />
científicos mais austeros não se discute mais a existência do hipnotismo. E se as pessoas<br />
céticas, por ventura aqui presentes, tivessem a oportunidade de assistir a uma intervenção<br />
cirúrgica, ou a uma simples extração de dentes ou polpa dental, sem anestesia, ùnicamente<br />
sob a ação hpnótica, sairíam convencidas de que a hipnose é um fato. Acontece que uma<br />
demonstração de palco não dá ensejo para provas desta natureza. E, no entanto, as provas<br />
compatíveis com demonstrações teatrais, constantes do nosso programa, não são menos<br />
científicas e dignas de crédito.”<br />
Segue-se uma ligeira digressão 150 histórica :<br />
“A prática do hipnotismo é sabidamente velha. Velha como a própria humanidade,<br />
conforme o provam os achados arqueológicos. Baixos relevos ainda descobertos<br />
recentemente, mostram que se praticava o hipnotismo na velha civilização Babilônica, no<br />
velho Egito, na Grécia e na Roma antigas. Mas naqueles tempos o hipnotismo era levado à<br />
conta de bruxaria, como tantas outras coisas, envolta num manto de mistérios e superstições<br />
— Atualmente abandonou êste terreno, ingressando, cada vez mais, no campo das<br />
atividades científicas, tornando-se matéria de competência psicológica.”<br />
E entrando na matéria pròpriamente dita :<br />
“A palavra hipnotismo é derivada do vocábulo grego h i p n o s, o que significa<br />
s o n o. Com efeito, a hipnose é um estado que às vêzes se assemelha ao sono, distinguindose,<br />
porém, fisiològicamente do mesmo. É comparável ao breve momento que medeia entre<br />
o estado de vigília e o sono. E êsse breve momento é artificialmente induzido e prolongado<br />
pelo hipnotizador.”<br />
Pelo que tem de estimulante é bom lembrar que,<br />
“a hipnose representa em nossos dias uma das mais valiosas coadjuvantes da<br />
moderna psicoterapia, da própria medicina, da odontologia, da pedagogia e das ciências<br />
penais. E embora o demonstrador não tenha objetivos terapêuticos em vista, lembra que<br />
com a ajuda da hipnose se reduzem ansiedades, fobias, apreensões, inibições, temores e<br />
pràticamente todos os distúrbios funcionais da personalidade.”<br />
E desfazendo temores :<br />
“Mas sempre que se fala nos benefícios da hipnose, vem a pergunta : e os<br />
malefícios? Os perigos? A êsse respeito as próprias publicações científicas vêm<br />
tranqüilizando o público. Na literatura técnica fala-se cada vez mais nos benefícios e cada<br />
vez menos nos malefícios e nos perigos da hipnose. Um dos perigos que errôneamente se<br />
aponta é o de o indivíduo hipnotizado tornar-se um autômato, um escravo da vontade<br />
alheia, podendo ser induzido, inclusive, a praticar atos lesivos a si ou a outrem. Sabemos<br />
hoje que carece de fundamento científico semelhante receio. Existe dentro de cada um de<br />
nós um mecanismo de defesa que funciona automática, instintiva e inconscientemente. Há<br />
uma polícia interior que continua vigilante no mais profundo transe hipnótico. Ao receber<br />
uma ordem contrária à sua índole moral ou contrária aos seus interêsses vitais a pessoa<br />
reage e não raro costuma acordar.” (Encaixo alguns exemplos pitorescos para ilustrar essa<br />
verdade.)<br />
“A hipnose é uma operação de crédito moral. O hipnotista tem de merecer a<br />
confiança do paciente, sem o que nada feito. E essa confiança o indivíduo a deposita ou<br />
retrai, sem que, às vêzes, se dê conscientemente conta do fato.”<br />
150<br />
Desvio de rumo ou de assunto.