O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

rodrigo.vieirati
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22.04.2017 Views

132 K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O problemas. Dizem da época de sua infância. Revelam as causas responsáveis pelas suas dificuldades atuais. Veja só como está dizendo tudo, etc. etc..” O ESPÊLHO OU A BOLA DE CRISTAL Sabemos que no estágio sonambúlico podemos mandar o paciente abrir os olhos sem afetar-lhe o transe. Digo assim : “Dentre em breve mandarei você abrir os olhos. À sua frente você verá um espêlho ou uma boa de cristal. Nela você visualizará a solução dos problemas que desafiam o exame e a análise conscientes. Vá me dizendo tudo que aparecer na bola (ou no espêlho). Pronto. Pode abrir os olhos. Você está enxergando nìtidamente a sua situação, como nunca a enxergou…” Podemos ajudar ao paciente, como no caso do sonho, induzindo-o a visualizar cenas específicas e fazer com que êle as descreva com tôda a clareza nos menores detalhes, sempre lembrando o objetivo terapêutico do que está se passando. “Vai resolver os problemas que o atordoam, dissipar as dúvidas e os temores que o escravizam.” O PSICO-DRAMA OU A TÉCNICA CINEMATOGRÁFICA B. C. Guindes divisou uma técnica cinematográfica que constitui uma variedade atualizada do Psico-Drama e da Bola de Cristal : Uma vez em estado de transe profundo, o paciente recebe a sugestão seguinte : “Dentro em breve pedirei a você que abra os olhos. Ao abri-los você se encontrará em uma sala de projeção (num cinema). Bem diante de você uma tela. Nessa tela você verá passar uma fita. E a fita a que vai assistir é a história de sua própria vida. Nessa fita serão incluídos todos os detalhes importantes de sua existência. E tudo na ordem cronológica. E você me vai dizer que vê, já que eu não posso ver a tela. Agora vou pedir para abrir os olhos. Repare. Bem à sua frente está a tela.” Como seria de esperar, o paciente ao abrir os olhos, mostra-se impressionado com o que vê. Começa a relatar tudo a que assiste. Em certas passagens começa a rir. Chega a gargalhadas. Em outras passagens se mostra contrariado e mesmo enfurecido, continuando, entretanto, a descrever o que se passa na tela. Muitas vêzes sucumbe a uma crise nervosa, visualizando situações e coisas, demasiado penosas para a preservação e o registro da memória consciente. É êste um processo engenhoso e de fácil aplicação. HISTÓRIAS SIMBÓLICAS e CONFLITOS EXPERIMENTAIS Existem ainda as histórias simbólicas e os conflitos experimentais, que o hipnoanalista arma para o paciente a fim de que êsse lhes tente uma solução adequada ao seu caso pessoal. Vimos que a hipnoanálise aproveita como a psicanálise ortodoxa, a técnica da associação, os sonhos, as memórias de cobertura. Tanto o hipnoanalista como o psicanalista puro interpretam o material que o paciente lhes fornece, a diferença principal consistindo na duração da análise da resistência e da do tratamento de um modo geral. Por sua vez as

K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O 133 sessões de hipnoanálise não se realizam em tôda a sua extensão. Uma vez exumado o material mais importante das profundezas do inconsciente, as sessões podem continuar em estado de vigília. Ao terminar a análise podemos, em caso de necessidade, recorrer ainda à hipnose para dissolver a transferência. CONTRA-INDICAÇÕES É infundada e tendenciosa a afirmação segundo a qual, na hipnoterapia de um modo geral, as vantagens são menores do que os perigos a que se sujeitaria o paciente. Teòricamente admite-se que psicoses latentes, taras e perversões possam vir à tona em virtude da ação hipnótica e tornar-se efetivas. É um perigo tão remoto que a literatura científica carece de dados estatísticos a êsse respeito. As contra-indicações para a hipnoanálise e para a hipnoterapia de um modo geral baseiam-se no conceito da constituição do Ego consciente. O hipno-terapeuta deve lidar com Egos sadios e intatos e rejeitar os pacientes dotados de um Ego fragmentado ou debilitado. As contra-indicações estendem-se ainda aos homossexuais latentes ou enrustidos. A homossexualidade represada poderia manifestar-se efetiva, quebrados pela hipnose os dispositivos psíquicos da defesa. Sabem os psicanalistas que há homossexuais latentes que possuem defesas adequadas, perfeitamente capazes de resistirem à intervenção hipnótica sem perigo. Por outro lado, sabe-se que os homossexuais latentes são pela sua própria natureza, refratários à indução hipnótica. O que os defende é o mêdo de sofrer um assalto homossexual durante o transe, quando não confundem a própria submissão hipnótica com a entrega amorosa.

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problemas. Dizem da época de sua infância. Revelam as causas responsáveis pelas suas<br />

dificuldades atuais. Veja só como está dizendo tudo, etc. etc..”<br />

O ESPÊLHO OU A BOLA DE CRISTAL<br />

Sabemos que no estágio sonambúlico podemos mandar o paciente abrir os olhos<br />

sem afetar-lhe o transe. Digo assim : “Dentre em breve mandarei você abrir os olhos. À sua<br />

frente você verá um espêlho ou uma boa de cristal. Nela você visualizará a solução dos<br />

problemas que desafiam o exame e a análise conscientes. Vá me dizendo tudo que aparecer<br />

na bola (ou no espêlho). Pronto. Pode abrir os olhos. Você está enxergando nìtidamente a<br />

sua situação, como nunca a enxergou…” Podemos ajudar ao paciente, como no caso do<br />

sonho, induzindo-o a visualizar cenas específicas e fazer com que êle as descreva com tôda<br />

a clareza nos menores detalhes, sempre lembrando o objetivo terapêutico do que está se<br />

passando. “Vai resolver os problemas que o atordoam, dissipar as dúvidas e os temores que<br />

o escravizam.”<br />

O PSICO-DRAMA OU A TÉCNICA CINEMATOGRÁFICA<br />

B. C. Guindes divisou uma técnica cinematográfica que constitui uma variedade<br />

atualizada do Psico-Drama e da Bola de Cristal :<br />

Uma vez em estado de transe profundo, o paciente recebe a sugestão seguinte :<br />

“Dentro em breve pedirei a você que abra os olhos. Ao abri-los você se encontrará<br />

em uma sala de projeção (num cinema). Bem diante de você uma tela. Nessa tela você verá<br />

passar uma fita. E a fita a que vai assistir é a história de sua própria vida. Nessa fita serão<br />

incluídos todos os detalhes importantes de sua existência. E tudo na ordem cronológica. E<br />

você me vai dizer que vê, já que eu não posso ver a tela. Agora vou pedir para abrir os<br />

olhos. Repare. Bem à sua frente está a tela.”<br />

Como seria de esperar, o paciente ao abrir os olhos, mostra-se impressionado com o<br />

que vê. Começa a relatar tudo a que assiste. Em certas passagens começa a rir. Chega a<br />

gargalhadas. Em outras passagens se mostra contrariado e mesmo enfurecido, continuando,<br />

entretanto, a descrever o que se passa na tela. Muitas vêzes sucumbe a uma crise nervosa,<br />

visualizando situações e coisas, demasiado penosas para a preservação e o registro da<br />

memória consciente.<br />

É êste um processo engenhoso e de fácil aplicação.<br />

HISTÓRIAS SIMBÓLICAS e CONFLITOS EXPERIMENTAIS<br />

Existem ainda as histórias simbólicas e os conflitos experimentais, que o<br />

hipnoanalista arma para o paciente a fim de que êsse lhes tente uma solução adequada ao<br />

seu caso pessoal.<br />

Vimos que a hipnoanálise aproveita como a psicanálise ortodoxa, a técnica da<br />

associação, os sonhos, as memórias de cobertura. Tanto o hipnoanalista como o psicanalista<br />

puro interpretam o material que o paciente lhes fornece, a diferença principal consistindo na<br />

duração da análise da resistência e da do tratamento de um modo geral. Por sua vez as

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