O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
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obtive uma reprodução impressionante das reações emocionais que o referido fato<br />
desencadeara na época. Bastou dizer ao paciente em transe profundo : “Mamãe está<br />
esperando a cegonha… Está nascendo seu irmãozinho… Acaba de nascer seu irmãozinho”.<br />
E assim todos os demais conteúdos traumáticos do passado infantil podem ser recordados e<br />
revividos, e apreciados fielmente em bases legítimas e absolutamente seguras. Insiste R.<br />
Lindner em que o paciente aprenda a recordar e a reviver distintamente antes de encerrar-se<br />
o período de treinamento hipnótico.<br />
INDUÇÃO DE SONHOS<br />
Em psicanálise nos valemos, entre outros recursos, do da interpretação dos sonhos.<br />
Freud considerava o sonho a estrada real que conduz ao inconsciente. Acontece que<br />
freqüentemente os pacientes resistem à devassa do seu inconsciente esquecendo<br />
sistemàticamente o que sonharam ou simplesmente não sonhando com o que deviam. Na<br />
hipnoanálise essa dificuldade é fácil de contornar. O paciente recebe uma sugestão para<br />
sonhar com a situação correspondente aos conflitos que desafiam soluções e exames<br />
conscientes. Tais sonhos que podem ser induzidos na hora ou post-hipnòticamente,<br />
apresentam um quadro onírico muito mais fácil de interpretar do que os sonhos<br />
espontâneos. Podemos ordenar ao paciente que sonhe com um incidente específico de sua<br />
infância, reproduzindo fatos esquecidos em todos os detalhes e que, ao terminar de sonhar<br />
com o acidente acorde e anote o conteúdo em uma fôlha de papel. Os resultados se<br />
mostram, às mais das vêzes, surpreendentemente elucitativos e com uma economia de<br />
tempo inestimável. A simbologia dos sonhos induzidos ou estimulados hipnòticamente<br />
costuma ser mais transparente do que a dos sonhos comuns. Vai um exemplo : Certo<br />
paciente meu — no estabelecimento penal em que exerço a função de psicólogo — um dos<br />
mais perigosos detentos daquela casa, teve o sonho seguinte : na presença de pessoa que<br />
não pudera identificar, estava se penteando e do interior de sua cabeça saiam vermes que,<br />
ao caírem no chão, se transformavam em moscas varejeiras, estranhando o próprio paciente<br />
que a saída dêsses vermes se desse sem causar dor, nem orifícios, nem hemorragia.<br />
Perguntando-lhe “o que é que sai da cabeça sem dor, sem orifícios e sem hemorragias?”<br />
Respondeu : “os pensamentos.” E eu acrescentei : “pensamentos podres, idéias de morte ; a<br />
quem você está pretendendo matar?” Arranquei-lhe um plano, com outros organizado, de<br />
rebelião, para matar guardas e elementos da direção do presídio, com o fim de vingança e<br />
de fuga. Pela psicanálise ortodoxa o analista poderia ter levado meses e até anos para<br />
arrancar um sonho tão nìtidamentem denunciador de um neurótico delinqüente e<br />
provàvelmente não o arrancaria a tempo.<br />
D ESENHOS E ESCRITA AUTOMÁTICOS<br />
O paciente em transe escreve ou desenha sôbre um quadro negro ou uma fôlha de<br />
papel sem exercer o menor contrôle manual no que escreve ou desenha. Êste processo<br />
assemelha-se em muitos pontos à elaboração das obras, mensagens ou receitas mediúnicas<br />
dos espíritas. Dando ao paciente um giz ou lápis, sugiro-lhe : “Sua mão vai agora escrever<br />
(ou desenhar) sòzinha. E você não consegue deter a mão, nem quererá tão pouco detê-la em<br />
sua atividade automática. As palavras que vai escrevendo aludem à solução dos seus