O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
13<br />
I — HISTÓRIA DO HIPNOTISMO<br />
P R É-HISTÓRIA<br />
A prática do hipnotismo é, sabidamente, velha. Velha como a própria Humanidade,<br />
conforme o provam os achados arqueológicos e indícios psicológicos prehistóricos. Em sua<br />
origem, o hipnotismo aparece envolto num manto de mistérios e superstições. Os<br />
fenômenos hipnóticos não eram admitidos como tais. Seus praticantes freqüentemente se<br />
diziam simples instrumentos da vontade misteriosa dos céus. Enviados diretos de Deus ou<br />
de Satanás. Eram feiticeiros e bruxos, shamans e medicinemen. Suas curas eram levadas<br />
invariàvelmente à conta dos milagres. Embora o hipnotismo tivesse abandonado êsse<br />
terreno, ingressado cada vez mais no campo das atividades científicas, tornando-se matéria<br />
de competência psicológica, ainda aparecem, em intervalos irregulares, em todos os<br />
quadrantes da terra, hipnotistas do tipo prehistórico, a realizar “curas inexplicáveis” e a dar<br />
trabalho às autoridades.<br />
Deixando de lado a parte sibilina e supersticiosa, os fenômenos produzidos pela<br />
técnica hipnótica já eram observados como tais, na velha civilização babilônica, na Grécia e<br />
na Roma antigas. No Egito existiam os “Templos dos Sonhos”, onde se aplicavam aos<br />
“pacientes” sugestões terapêuticas enquanto dormiam. Um papiro de nada menos que três<br />
mil anos contém instruções técnicas de hipnotização, muito semelhantes às que<br />
encontramos nos métodos contemporâneos. Inúmeras gravuras daquela época mostram<br />
sacerdotes-médicos colocando em transe hipnótico presumíveis pacientes. Os gregos<br />
realizavam peregrinações a Epidaurus, onde se encontrava o templo do Deus da Medicina,<br />
Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, os quais<br />
invocavam alucinatóriamente a presença de sua divindade a indicar os possíveis<br />
expedientes de cura. As sacerdotisas de Ísis, postas em estado de transe, manifestavam o<br />
dom da clarividência; hipnotizadas, revelavam ao Faraó fatos distantes ou fatos ainda a<br />
ocorrer. Semelhantemente, os oráculos e as sibilas articulavam suas profecias sob o efeito<br />
do transe auto-hipnótico. Pela auto-hipnose se explica também a anestesia dos mártires, que<br />
se submetiam às maiores torturas, sem dar o menor sinal de sofrimento. Os sacerdotes de<br />
Caem recorriam à hipnose em massa para mitigar 15 os descontentamentos coletivos.<br />
Dentre os grandes homens, sábios, filósofos e líderes religiosos, que se dedicaram<br />
ao hipnotismo, figura Avicena, no século X; Paracelso, no século XVI, e muitos outros. Em<br />
plena Idade Média, Richard Middletown (Ricardo Média-Vila), discípulo de São Boa<br />
Ventura, elaborou um tratado alentado 16 sôbre os fenômenos que mais tarde<br />
reconheceríamos como hipnóticos.<br />
O oriente, ainda mais do que o Ocidente, vem mantendo uma tradição ininterrupta<br />
na prática hipnótica. Os métodos Yogas são considerados dignos de atenção científica até<br />
15<br />
Abrandar; Amansar; Suavizar; Aliviar.<br />
16<br />
Valente; Avantajado; Volumoso.