O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
hipnose fôssem ridículos, suas teorias sôbre histeria eram as mais avançadas na época. As<br />
demonstrações do Mestre Francês, fazendo surgir e desaparecer sintomas como paralisia<br />
dos membros, parecia convencer a quantos o assistissem da identidade do estado de hipnose<br />
com o estado de histeria. É que Charcot lidava notòriamente apenas com pacientes<br />
histéricos. Freud alterava as teorias de Charcot sôbre a histeria, formulando seu conceito de<br />
dissociação mental.<br />
Ansioso por aprender mais Freud foi a Nancy, naquela época a Capital do<br />
hipnotismo. Ali ingressou na clínica dirigida por Bernheim. O que mais vivamente<br />
impressionou Freud nas experiências daquele Mestre foram os fenômenos post-hipnóticos.<br />
Os pacientes de Bernheim executavam atos sugeridos post-hipnòticamente, certos de<br />
agirem por livre e espontânea iniciativa. Interrogados pelo motivo de seu estranho<br />
procedimento, os pacientes davam razões fictícias, inclusive, explicações absurdas e tolas,<br />
mostrando destarte não se lembrar de todo das ordens recebidas em estado de transe. Havia,<br />
portanto, uma parte na personalidade humana desconhecida do próprio indivíduo a influir e<br />
a determinar a sua conduta. Era o inconsciente a governar o consciente. A criatura humana<br />
não era senhora de seu nariz, ao menos até o ponto em que o julgava. Bernheim, no entanto,<br />
divisou um método de fazer os pacientes recordarem-se posteriormente das sugestões<br />
recebidas durante a hipnose, e isso sem recorrer a novo transe. colocando a mão na testa do<br />
paciente, Bernheim insistia junto ao mesmo para que se lembrasse. E o paciente,<br />
geralmente, correspondia aos seus esforços.<br />
Os fenômenos hipnóticos observados por Freud em Paris e em Nancy,<br />
conjuntamente com o que ouvira de Breuer, seriam de importância decisiva na elaboração<br />
lenta de sua complexa doutrina.<br />
A hipnose era ainda o instrumento de penetração a êsse obscuro subterrâneo já<br />
popularmente conhecido pela designação de “ i n c o n s c i e n t e. Ali estavam<br />
encarcerados e ativos os afetos represados, tentando forçar o caminho para o consciente.<br />
Conquanto não conseguissem arrombar a porta de seu cárcere, incomodavam pelo barulho<br />
(sintomas) perturbando a “paz da consciência”. Um ou outro dêsses “elementos recolhidos”<br />
conseguia burlar a sentinela, valendo-se dos mais engenhosos expedientes de disfarce.<br />
Muitas das energias psíquicas represadas vinham à tona transformadas em doença orgânica.<br />
Já era o meio de expressão que mais tarde se denominaria : a linguagem orgânica da alma.<br />
Em lugar de declarar abertamente sua repugnância por determinada pessoa, o paciente se<br />
queixava de náuseas e vomitava. Em vez de admitir sua infelicidade conjugal, o indivíduo<br />
padecia de distúrbios cárdio-vasculares. Para deslocar seu sentimento de culpa proveniente<br />
de um “passo em falso”, uma jovem torna-se manca, como se houvesse apenas torcido o<br />
pé, etc. A destorção de todos êsses mecanismos de disfarce e de defesa já se vislumbrava<br />
como significando os mecanismos da simbolização, da dramatização, da condensação e do<br />
deslocamento. Se o paciente em transe vasasse verbalmente seu conteúdo represado,<br />
conteúdo êsse atiçado e interpretado pelo hipnotista, sobrevinham o alívio e a supressão da<br />
necessidade de se externar indireta e disfarçadamente por meio de sintomas mórbidos. Por<br />
êsse método catártico e interpretativo de penetração, levando os fatôres patogênicos do<br />
inconsciente à tona da consciência, os conteúdos traumáticos se obliteravam 140 .<br />
Breuer e Freud ainda eram associados. Juntos publicaram um trabalho : “Studiem<br />
ueber Hysterie”. Suas descobertas, porém, devido a sua insistência na importância do fator<br />
sexual na etiologia das “doenças nervosas”, começaram a levantar celeumas e críticas<br />
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Desapareciam aos poucos; Extinguiam-se.