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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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126<br />

K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

pela hipnose, ainda que às expensas 135 de trabalhosas e repetidas sessões. A lei do menor<br />

esfôrço e o comodismo neutralizam as melhores chances terapêuticas nesse sentido. Por<br />

êsse lado, o hipnotista de palco leva a vantagem do êxito compulsório 136 . Um fracasso em<br />

público pode significar, além do transtôrno comercial e teatral momentâneos, o fim de uma<br />

carreira. O hipnotizador de palco, ao contrário de seu colega de gabinete, não se pode dar<br />

ao luxo de fracassar. E nem sequer aludir à possibilidade de um insucesso ao apresentar-se<br />

ao público. A mesma tática tem de ser usada pelo hipnoterapeuta. Êle tem de declarar ao<br />

paciente que está plenamente capacitado da possibilidade de curá-lo. Êle tem de retribuir e<br />

confirmar a fé que nêle se deposita. Equivale a dizer que não ùnicamente o hipnotista tem<br />

de estar convencido da possibilidade da cura, senão também o paciente. Diz Sadler a<br />

propósito : “O paciente tem de estar convencido de que êle vai ficar bom. Idéia essa que lhe<br />

é inculcada na mente até que se lhe transforme em uma convicção, a qual, por sua vez, é<br />

base de sua cura.” Referindo-se à cura pela ação sugestiva, Alexis Carrel alude àquela<br />

“sensação súbita de cura em segundos, em minutos ou na mais extensa das hipóteses, em<br />

poucas horas : cicatrizam-se feridas, desaparecem, como que por encanto, sintomas<br />

patológicos, restauram-se apetites… São curas que se caracterizam sobretudo por uma<br />

extraordinária rapidez da restauração orgânica.”<br />

Sabemos que as curas hipnóticas se caracterizam notòriamente pela sua ação<br />

aceleradora sôbre os processos orgânicos da restauração física. Pessoalmente tive centenas<br />

de oportunidades de presenciar êsse fenômeno de natureza psicosomática em trabalhos<br />

realizados por alunos meus, médicos e dentistas, apressando hipnòticamente os processos<br />

post-operatórios da cicatrização.<br />

A medicina até hoje reluta em admitir semelhantes possibilidades. Reluta em<br />

admitir a própria psicologia. Mais de um cético declarou-me a propósito : “Antes de entrar<br />

na Escola de Medicina eu também era um entusiasta da psicologia e acreditava nas<br />

possibilidades curativas da sugestão, mas depois, ao contato com a anatomia patológica,<br />

lidando com o cadáver, meu interêsse pela psicologia se dissipou, etc..” Minha resposta era<br />

invariàvelmente esta : “O necrotério não é ambiente para o psicólogo. Não é possível<br />

reiterar seu interêsse pela psicologia lidando com cadáver. Lidando com os vivos, porém,<br />

não se corre o perigo de semelhante desencantamento.”<br />

135<br />

(A expensas de.) À custa de; Com despesas pagas por.<br />

136<br />

Que obriga ou compele.

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