O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
Insiste-se nas ordens post-hipnóticas, no sentido de assegurar ao paciente a necessária<br />
calma, o bem estar e a ausência de tensão nervosa. Onde existem motivações mais pessoais,<br />
as mesmas têm de ser apuradas devidamente a fim de evitar-se sugestões inúteis ou contraproducentes.<br />
A LCOOLISMO<br />
É por demais popular a indicação da hipnoterapia para o tratamento do alcoolismo.<br />
Como nos casos anteriores, teríamos de considerar preliminarmente que o indivíduo que<br />
bebe tem as suas razões para beber e que o conhecimento dessas razões seria de decisiva<br />
utilidade no trabalho terapêutico e reeducativo. Tal conhecimento, pela sua própria<br />
natureza, exige, como sabemos, uma exploração sistemática do inconsciente, o que<br />
equivale a dizer, um tratamento psicanalítico, com ou sem hipnose, ou uma psicoterapia de<br />
base analítica. Todavia, mesmo sem análise, só com o tratamento hipnótico sugestivo, temse<br />
conseguido resultados bastante animadores em muitíssimos casos.<br />
A clássica tática empregada tanto para a cura do alcoolismo como para a do<br />
tabajismo, é a do condicionamento repulsivo. Apresenta-se ao paciente, em transe médio ou<br />
profundo, uma garrafa devidamente rotulada, contendo a sua bebida predileta. Para tanto, o<br />
paciente terá de abrir os olhos. Sabemos, entretanto, que êsse ato não lhe afetará o transe<br />
profundo. Serve-se-lhe em seguida um “trago”, recomendando-se-lhe, porém que conserve<br />
o líquido na bôca. Enquanto o paciente se deleita com a bebida na bôca, declara-se-lhe,<br />
dramaticamente que êle foi vítima de uma burla 133 , pois o líquido que retém tão<br />
prazerosamente na bôca, não é aquilo que se lhe mostrou, mas, sim, uma substância muito<br />
repulsiva (urina ou gasolina). O paciente, ato contínuo cuspirá o álcool, certo de que o<br />
enganaram. Fixa-se-lhe então o condicionamento repulsivo em caráter post-hipnótico.<br />
“Sempre que você levar álcool à bôca, você sentirá êste gôsto (de urina ou gasolina).<br />
Escusado será dizer, que o condicionamento repulsivo apenas incompatibiliza o<br />
paciente com a forma específica do vício, não lhe resolvendo o problema, uma vez que as<br />
razões que o levaram ao alcoolismo ainda continuam vigorantes. Simplesmente bloqueado<br />
o acesso à bebida, o paciente poderá encontrar outro “escape” e manifestar outros sintomas,<br />
ainda mais nocivos do que aquêles. Pode vir a sofrer de intensas cargas de ansiedade, e<br />
seqüestrado do escoadouro habitual, tornar-se excitado e mesmo desesperado ; casos há em<br />
que a vítima condescende com tendências delinqüentes ou suicidas.<br />
Daí a necessidade de coadjuvar o condicionamento repulsivo com uma técnica<br />
sugestiva própria, visando compensar e acalmar post-hipnòticamente o paciente.<br />
“A bebida não é ùnicamente repulsiva para você, é também<br />
desnecessária. Você mesmo não quererá beber mais. Você achará repulsivo<br />
não apenas o gôsto do álcool senão também o próprio vício.”<br />
Recomenda-se descrever ao paciente, de forma dramática, os malefícios morais e<br />
físicos que o álcool produz ao indivíduo viciado. E, por outro lado, descrever os benefícios<br />
que advêm de sua abstinência. É a terapêutica compensadora. O paciente tem de ganhar<br />
algo em troca de seu sacrifício. Êsse algo tem de ser apresentado da maneira mais sedutora<br />
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Dolo; Logro; Fraude.