O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
121<br />
“Você poderá de agora em diante articular perfeitamente tôdas as<br />
palavras. Falará com prazer, serena e despreocupadamente. Sem gaguejar.<br />
A causa de sua gagueira era o mêdo de tropeçar nas palavras. Temia a<br />
crítica e a censura dos outros. Seu mêdo já não tem razão de ser. Poderá<br />
falar livre e desempedidamante sem nenhuma dificuldade. Vou lhe<br />
mostrar como você consegue falar sem gaguejar. Vou acordá-lo, contando<br />
vagarosamente até dez. À medida que eu vou contando você vai acordando.<br />
Ao terminar a contagem, você estará acordado e em condições de falar<br />
perfeitamente sem gaguejar, etc.”.<br />
O paciente, sob o efeito da ordem post-hipnótica, provàvelmente obedecerá à<br />
sugestão corretiva. Contudo, seu recondicionamento completo comportará pelo menos uma<br />
dezena de sessões devidamente impressivas e dramatizadas.<br />
A “CAIMBRA DO ESCRIVÃO”<br />
Uma versão disfarçada do gago é o indivíduo neuròticamente impedido de escrever.<br />
O têrmo genérico que se emprega, embora indiscriminadamente, para designar o mal dêsse<br />
último é o de “caimbra do escrivão.” Trata-se de uma fobia, como no caso da gagueira,<br />
embora geralmente menos estruturada do que essa última. Sabemos que quase tôda fobia<br />
resulta numa manifestação somática que se transforma em resposta habitual. Precisamente<br />
no ato de empunhar a pena ou o lápis, ou mais precisamente, no momento de começar a<br />
escrever, é que a mão se manifesta pelo tremor, ou por caimbra impedindo fìsicamente a<br />
execução do intento gráfico. É o caso dos indivíduos cuja pressão arterial sobe no<br />
consultório médico. As pessoas achacadas dêsse sintoma neurótico, vêem-se amiúdo<br />
impedidas de apor sua assinatura em cartas, documentos, atos oficiais ou cheques. Tais<br />
indivíduos não raro criam situações embaraçosas para si e para os outros nos meios<br />
bancários e burocráticos de um modo geral. A análise psicológica dêsse tipo de neurótico<br />
costuma revelar situações conflitivas de fundo erótico. O ato de escrever, motivo de sua<br />
reação fóbica de inibição, toma no inconsciente, às vêzes significação simbólica de algum<br />
ato proibido, suscetível de penetração e interpretação psicanalíticas. Se intentarmos a cura<br />
do que sofre da caimbra do escrivão sem psicoterapia de base analítica, podemos aplicar a<br />
fórmula abaixo :<br />
“Preste atenção no que lhe vou dizer. Sua mão continuará firme no<br />
ato de escrever. Manejará com tôda segurança e sem nenhuma hesitação o<br />
lápis ou a pena. Sua letra será perfeitamente normal, firme e legível como<br />
era antes e até melhor.”<br />
Em seguida dou ao paciente um lápis ou caneta e uma fôlha de papel. Ato contínuo<br />
lhe dito algumas linhas alusivas à sugestão acima.<br />
“Atenção, vou ditar-lhe e você escreverá em cursivo 129 perfeito, sem<br />
o menor tremor. Com mão firme e segura. Comece. Escreva : “Minha<br />
129<br />
Diz-se de, ou letra manuscrita, geralmente pequena, traçada de modo rápido e corrente.