O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
do conhecimento geral. Tôdas as demonstrações públicas de hipnotismo incluem em seu<br />
programa as clássicas alucinações negativas e positivas dos sentidos.<br />
O relaxamento muscular que constitui um dos requisitos básicos do beneficiamento<br />
e indução hipnóticas, é no caso aplicado localizadamente sôbre os músculos oculares. De<br />
resto, sabemos que os órgãos mais sensíveis ao influxo hipnótico são precisamente os<br />
olhos. Em sua técnica o oculista insistirá no tema do progressivo aumento do poder visual.<br />
Ex. : “Vou contar até dez. À medida que eu fôr contando, você vai sentir um notável<br />
revigoramento visual. Você sentirá sua vista repousada e fortalecida. Ao terminar minha<br />
contagem você poderá abrir os olhos e mantê-los bem abertos. Enxergará perfeitamente<br />
bem etc., etc.” O uso da hipnose para ajudar aos doentes a controlar os sistemas musculares<br />
semivoluntários e involuntários, vem sendo objeto de publicações interessantes há muitos<br />
anos.<br />
Certo oculista americano, cujo nome não é citado a seu pedido (pois, na ocasião, em<br />
1946, o emprêgo da hipnose ainda podia comprometer a clínica de um médico conceituado)<br />
recorreu ao hipnotista K l e i n no tratamento de uma criança. “Há pouco tempo”, declara<br />
êsse médico, “conseguimos curar um menino de 17 anos, vítima de um defeito muscular<br />
nos olhos que só lhe permitia ler letras muito grandes. K l e i n hipnotizou-o, em seguida<br />
afirmou-lhe que o diagrama, com as letras de diversos tamanhos, estava se aproximando<br />
dêle (menino). À medida que o diagrama se acercava supostamente dêle, o menino ia lendo<br />
tôdas as linhas. E o mais surpreendente foi que reteve essa faculdade, mesmo depois de sair<br />
do transe.” Êsse médico concluiu que a hipnose contribuiu para que o menino relaxasse os<br />
músculos oculares. E o jovem pôde conservar a melhoria obtida, tão sòmente devido à ação<br />
da sugestão post-hipnótica.<br />
DIFICULDADES DE ARTICULAÇÃO, GAGUEIRA ETC.<br />
Um dos defeitos que mais marcam a personalidade em sua competição e luta pela<br />
expressão é a gagueira. A gagueira é, via de regra, a expressão neurótica de um<br />
traumatismo emocional da infância. O ato de falar produz no gago (e não apenas no gago,<br />
senão freqüentemente também nos que o ouvem) estados nervosos de angústia e inibições<br />
fóbicas. A gagueira serve amiúdo de pretexto para recolher-se no mutismo. O gago,<br />
intimidado, ainda que inconscientemente diante de um possível castigo, pede, por assim<br />
dizer, desculpas por estar dizendo o que não devia dizer. A gagueira corresponde a uma<br />
fobia oral. A causa dessa fobia (ou dificuldade) reside invariàvelmente em alguma<br />
experiência traumática do passado infantil. Um trauma psíquico equivale a uma impressão.<br />
Por sua vez, uma impressão deriva de uma sugestão original que continua efetiva no<br />
inconsciente. Uma sugestão só se neutraliza com outra sugestão mais efetiva, ou então por<br />
uma análise elucitativa. Equivale a dizer que só a sugestão hipnótica, mais forte ainda do<br />
que a sugestão original que produziu o sintoma, poderá dar cabo do efeito em aprêço. A<br />
gagueira corresponde a uma fobia e as fobias são mais difíceis de eliminar hipnòticamente<br />
do que meros atos obsessivos. Portanto, a cura da gagueira pela hipnose se inclui entre as<br />
mais trabalhosas. Sempre exige uma série de sessões. E as fórmulas sugestivas usadas para<br />
Êsse efeito têm de incluir argumentos decisivos e especìficamente alusivos às condições<br />
psicológicas próprias de cada paciente.<br />
Para determinados pacientes a fórmula a calhar poderia ser a seguinte :