O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
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evocar mentalmente um determinado cheiro, o “confirmam” olfativamente, só de imaginar<br />
uma dada melodia, a “ouvem”, só de ler uma notícia sôbre o “disco voador”, passam a “vêlo”<br />
nìtidamente. Tais pessoas sensíveis sentirão uma dor no momento exato em que pensam<br />
nela. E, às mais da vêzes, não conseguem estabelecer a prioridade de um ou do outro dos<br />
dois fenômenos : não sabem dizer se sentiram a dor porque pensaram nela ou se pensaram<br />
nela por senti-la.<br />
Tais experiências valem por testes de alta suscetibilidade auto-hipnótica. E valem<br />
ainda como confirmação da ação ideomotora : uma pessoa que repete sistemàticamente, em<br />
pensamento ou palavras, a si mesmo umas tantas coisas, acaba por senti-las e realizá-las.<br />
Outro recurso técnico tanto na hipnose como na heterohipnose, é a já citada lei do<br />
efeito dominante. O único efeito dominante no caso do exercício auto-hipnótico é a idéia do<br />
êxito, neste ou naquele sentido, vinculado à respectiva fôrça emotiva. Existe um provérbio<br />
inglês que diz : “Nada mais fácil de suceder do que o sucesso.” Êste provérbio poderá ser<br />
contradito no campo da realidade, jamais no reino da imaginação e da emoção. Para efeitos<br />
sugestivos e hipnóticos, não existe emoção mais ativa e poderosa que a emoção do êxito.<br />
Nas demonstrações públicas de hipnotismo a sugestão do êxito é geralmente aplicada em<br />
caráter recreativo : o “sujet” se transforma em “regente de orquestra”, ou em um “tribuno<br />
famoso”, para o gáudio 121 da assistência.Tal não ocorre na auto-hipnose, na qual a sugestão<br />
do êxito deve visar vantagens reais e objetivos práticos.<br />
Para a indução auto-hipnótica tem-se recorrido a recursos mecânicos, tais como<br />
metrônomos, discos soporíficos, ou músicas para ajudar dormir. Há uma tendência de<br />
exagerar o valor de semelhantes engenhos, não sòmente em relação à auto-hipnose como na<br />
hipnose de um modo geral. Como mostrou Melvin Powers, tais recursos, em muitos casos,<br />
devido a um condicionamento negativo preexistente, neutralizam freqüentemente todos os<br />
esforços de auto-indução.<br />
Utilizando suas próprias gravações, a pessoa poderia entrar em transe hipnótico ao<br />
som de sua própria voz, sucumbindo à ação dormitiva de suas próprias palavras. Esta seria<br />
uma auto-hipnose no sentido mais justo da palavra.<br />
As dificuldades da auto-hipnose costumam ter as mesmas raízes psicológicas já<br />
observadas na resistência à hipnose de um modo geral. É como se o indivíduo “difícil”<br />
dissesse : “Eu sou forte… Ninguém me hipnotiza… Nem eu a mim mesmo, etc. . ” A<br />
pessoa imagina dar provas de fraqueza, ao ver uma parte de sua personalidade sucumbir à<br />
outra. A êste mêdo de revelar a si mesmo e aos outros uma parte fraca, alia-se<br />
freqüentemente o receio de não acordar. Há livros que, tendenciosamente, insistem em que<br />
a auto-hipnose seja um pulo no escuro.<br />
Pessoalmente só conheci um hipnotista, o famoso Tarabay, cujas demonstrações<br />
auto-hipnóticas eram autênticos pulos no escuro e que, efetivamente, faleceu no exercício<br />
de suas proezas. Todavia, o perigo não estava na auto-hipnose como tal, senão ùnicamente<br />
na técnica de indução de que se utilizava. Exercia uma pressão sôbre a nuca e a jugular e,<br />
comprimindo certos feixes de nervos, parecia provocar uma isquemia 122 cerebral. No ato<br />
escapava-lhe da garganta uma espécie de soluço. Sua fisionomia adquiria palidez<br />
cadavérica e êle entrava instantaneamente em estado de rigidez cataléptica. Mencionamos<br />
êsse processo ultraperigoso no capítulo sôbre a técnica de indução. Devido ao seu caráter<br />
espetacular, êsse expediente indutivo, que se baseia no Judô ou Jiu-Jitsu Japonês, ainda<br />
121<br />
Alegria; Júbilo.<br />
122<br />
Suspensão ou baixa, localizada, de irrigação sangüínea, devida a má circulação arterial.