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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

interpretação materialista das atividades nervosas. ( * )<br />

Em lugar de condicionarmos a salivação ao estímulo do gongo, condicionamos a<br />

produção do “sono” hipnótico (ou transe) a um determinado estímulo verbal, emitido por<br />

nós mesmos. Uma vez condicionada, a pessoa só terá de reproduzir estereotipadamente o<br />

estímulo inicial para entrar em estado de hipnose.<br />

Destarte um indivíduo pode habituar-se a entrar em transe ao ler um determinado<br />

texto, numa determinada posição, ao proferir ou pensar uma determinada palavra, ou frase,<br />

ao contar até cinco, dez ou vinte, etc.<br />

Conseguindo o transe inicial, a pessoa dá-se a si mesma as sugestões que deseja e,<br />

inclusive, as sugestões post-hipnoticas necessárias para o progressivo aprofundamento da<br />

hipnose. O indivíduo poderá sugerir-se a si mesmo : “hoje o transe será mais profundo do<br />

que o de ontem, e o de amanhã mais satisfatório ainda do que o de hoje, etc.” Não<br />

adiantará, entretanto, recorrer ao auto-engano para efeitos sugestivos. Fazendo<br />

simplesmente de conta que está (ou esteve) hipnotizado, a sugestão post-hipnótico não<br />

surtirá efeito.<br />

Também a auto-hipnose vem precedida de uma espécie de preâmbulo. O indivíduo<br />

tem de preparar-se psicològicamente como se estivesse condicionando um paciente, e<br />

catequizar-se a si mesmo. E essa autocatequese, para produzir o efeito que dela se espera,<br />

tem de ser mais segura e mais severa do que a catequese destinada aos ouvidos e às<br />

consciências alheias. A auto-hipnose, pela sua própria natureza, tem de vincular-se a<br />

propósitos mais sérios. Razão por que deve vir precedida de um exame dos próprios desejos<br />

e das possíveis motivações inconscientes além de um confronto ou cômputo das suas<br />

possibilidades, incluindo uma apreciação crítica e analítica das suas ambições e frustrações.<br />

A auto-hipnose é algo mais sério do que a heterohipnose, razão por que não se recomenda<br />

em caráter meramente esportivo ou recreativo. A confiança e o crédito moral que o<br />

candidato à auto-hipnose tem de depositar em si mesmo, têm de ser conquistadas a poder de<br />

auto-crítica e auto-análise. Recursos êsses, nem sempre ao alcance de quem os almeja.<br />

Na heterohipnose não se obtêm resultados com as pessoas junto às quais não se tem<br />

o prestígio necessário. Também na auto-hipnose ocorre algo semelhante. O indivíduo tem<br />

de sentir-se credor de sua própria confiança e consideração.<br />

De resto, a auto-hipnose, tal como a heterohipnose, funciona à base da sugestão<br />

ideomotora, exigindo uma atitude passiva do próprio indivíduo em face das palavras<br />

proferidas (ou imaginadas) por êle mesmo. Produz-se assim o estado de sugestibilidade<br />

aumentada ou generalizada, que é a própria hipnose, na já citada teoria de Hull.<br />

Dissemos no início dêste trabalho que a hipnose é um fenômeno que se produz e se<br />

explica mais em função do paciente do que em função do hipnotista. Esta fórmula aplica-se<br />

igualmente à auto-hipnose. Acontece que nesta última, operador e paciente estão reunidos<br />

numa só pessoa. Isto equivale a dizer que o êxito na auto-hipnose depende mais do grau de<br />

suscetibilidade hipnótica do indivíduo do que de sua perícia técnica como operador.<br />

Os testes de suscetibilidade no caso podem ser substituídos pelas experiências<br />

alucinatórias da vida cotidiana. Não raro, as pessoas se surpreendem e até se assustam com<br />

as suas facilidades alucinatórias : só de pensar num petisco, já lhe sentem o paladar ; só de<br />

* ( * ) Por paradoxal que pareça, os criadores da medicina psicossomática Russa, bem como seus donos da<br />

psicologia, são fisiólogos. Em oposição ao conceito espiritual expresso pela palavra Psiquismo (ou Psiquê)<br />

adotaram a denominação “N e r v i s m o ”, de certo para escoimar [Escoimar: Livrar (de impurezas ou<br />

falhas); Limpar; Livrar-se.] a ciência do conhecimento, e do contrôle da natureza humana, que é, ou que<br />

algum dia será a psicologia, das nocivas impurezas ideológicas.

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