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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

111<br />

XIII — A AUTO-HIPNOSE<br />

Tôda hipnose é, em última análise, largamente, auto-hipnose, assim como tôda<br />

sugestão é, em última análise, largamente, auto-sugestão. Para efeitos práticos e executivos,<br />

no entanto, êste princípio psicológico, de certo modo, se inverte. A auto-sugestão funciona<br />

à base da heterosugestão, e a auto-hipnose mais eficiente, conforme veremos mais adiante,<br />

se inicia à base de uma boa heterohipnose.<br />

Como condição básica da auto-hipnose aponta-se o reflexo condicionado, reflexo<br />

êsse que depende de um aprendizado mais ou menos demorado. A heterohipnose dispensa<br />

êsse aprendizado ou condicionamento, não se baseando, conforme se acreditava<br />

antigamente, necessàriamente, no reflexo condicionado.<br />

O exemplo universalmente conhecido do reflexo condicionado é o ministrado pelo<br />

próprio fundador da escola, Pavlov, ou mais precisamente, pelo seu cão. Pavlov habituara o<br />

seu cão a ingerir o alimento ao som de um gongo. Transcorrido algum tempo de<br />

aprendizado, bastava tocar o gongo para que o animal segregasse saliva.<br />

O Reflexo condicionado de Pavlov, baseado nos princípios da interpretação<br />

materialista da atividade nervosa, teve, como sabemos, por subsidio seu famoso trabalho<br />

sôbre a fisiologia no estado hipnótico no cão. Ás experiências com cães devemos também<br />

outra doutrina da inibição preventiva, ideada pelo mesmo autor : a doutrina da excitação e<br />

inibição cortical,os dois processos que regem a atividade nervosa superior dos animais e<br />

dos seres humanos. Acontece que os estímulos que provocam uma ou outra dessas duas<br />

atividades são relativamente fáceis de controlar em animais, tornado-se complicados e<br />

complexos no homem. É que o estado hipnótico no homem, antes de ser um fenômeno<br />

fisiológico cortical, é um fenômeno psicológico. O hipnotismo humano baseia-se mais nas<br />

leis da imaginação do que os fisiólogos russos estão inclinados a admitir. Para induzir um<br />

cão bastam os expedientes fisiológicos e sensoriais. Aplicando-lhe os estímulos fisiológicos<br />

na dosagem necessária, o cão dormirá em cima da mesa. Para levar à hipnose um animal<br />

não temos de apelar para a lei da reversão dos efeitos, nem para a lei do efeito dominante,<br />

baseados na atividade imaginativa. À diferença do homem, o cão, satisfeitas as suas<br />

necessidades fisiológicas, não tem problemas a justificar uma resistência maior aos intentos<br />

do operador que o faz dormir.<br />

Uma cadelinha pode ser condicionada para que ao som de uma campainha ingira<br />

alimentos (e em quantidade determinada) e ao som de outra, realize pontualmente suas<br />

funções excretôras. Não há perigo de no momento assinalado passar-lhe pela cabeça algum<br />

propósito mais importante e mais excitante do que o de comer ou de evacuar. Em resumo,<br />

para hipnotizá-la basta um fisiólogo reflexologista. Quanto ao “sujet” humano, não<br />

dispensa a colaboração de um psicólogo.<br />

Feita essa ressalva, podemos continuar a valer-nos do simile 120 do reflexo<br />

condicionado para efeitos auto-hipnóticos, sem perigo de cairmos nos excessos da<br />

120<br />

Semelhança / Semelhante;

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