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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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110<br />

K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

descrevendo ou tentando descrever o estado de hipnose, usando os qualificativos ultraagradável,<br />

incomparável e invejável.<br />

Já nos referimos à teoria segundo a qual a hipnose é um fenômeno de regressão<br />

infantil, ou seja, a expressão inconsciente, instintiva e automática da submissão filial, frente<br />

à autoridade materna ou paterna. Sabemos que a sensação de felicidade é sempre, ou quase<br />

sempre, a repetição de uma experiência emocional infantil. A própria felicidade, em última<br />

análise, se define como a realização de um desejo da infância. A hipnose proporciona ao<br />

“sujet”, entre outras coisas, uma oportunidade de reviver afetivamente o saudoso<br />

sentimento de confiança e segurança, desfrutadas durante os primeiros três ou cinco anos de<br />

vida em relação aos pais. À pergunta se é possível tirar partido anti-social ou criminal de<br />

semelhante situação de transferência não é fácil responder radicalmente. Ao menos<br />

teòricamente, o crime hipnótico devia ser viável, sobretudo quando preexiste no “sujet”<br />

uma predisposição latente 119 para o ato criminal sugerido.<br />

Sendo a hipnose, conforme já se disse, uma das formas mais generalizadas do<br />

comportamento social, tudo nela, de certo modo, devia encontrar guarida. O fato de não<br />

existir pràticamente nenhum exemplo de crime hipnótico no passado, não exclui essa<br />

possibilidade para o futuro, considerando-se que o exercício da hipnose se irá difundindo<br />

cada vez mais.<br />

Quanto às famosas experiências feitas com o fim de averiguar a possibilidade de<br />

indução criminal, carecem de valicez em virtude de seu próprio caráter experimental.<br />

Vejmaos alguns exemplos citados : Um “sujet” recebe de seu operador um copo contendo<br />

ácido sulfúrico com a devida explicação sôbre a ação do ácido. Em seguida recebe a ordem<br />

de atirar o ácido ao rosto do hipnotizador. O “sujet”, sem hesitar, obedece. Acontece que o<br />

rosto da “vítima” está protegido por uma redoma de vidro quase invisível, conforme seria<br />

de esperar. Outro exemplo : Um grupo de “sujets”, após a devida identificação dos répteis,<br />

recebe a ordem de enfiar as mãos num verdadeiro bôlo de cascavéis. Os “sujets” todos<br />

executam a ordem sem oferecer resistência. Também as serpentes estão cobertas pela<br />

redoma de vidro. Outro “sujet” é armado de um punhal para investir contra a pessoa do<br />

próprio hipnotista. E investe. O punhal é de borracha. É de supor que em tôdas essas<br />

experiências os “sujets” tenham agido de bona fide, ìntimamente convencidos do caráter<br />

inofensivo dos atos sugeridos. Para que tais experiências se revestissem de validez<br />

psicológica, seria preciso reconstitui-las em bases reais, sem nenhum aparato protetor.<br />

119<br />

Não manifesto; Oculto; Disfarçado; Dissimulado.

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